sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Risco Brasil: voltar a ser governado pela máfia

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QUANTO VALE A “MERCADORIA” BRASIL?

Laerte Braga

Quando uma dessas agências a que chamam de “classificatória de riscos” dá determinada nota a determinado país, qualquer um sabe que está sinalizando segurança ou risco para o capital internacional.

É comum analistas econômicos irem a orgasmos absolutos, plenos e delirantes quando se fala nos bilhões de dólares que, por conta de menor ou maior risco, entram no Brasil. Mas entram como? Produzem o que? Chegam num dia, aninham-se na bolsa de valores e outros mercados mobiliários e saem naquilo que esses mesmos analistas chamam de “realizar lucros”.

É desse jeito que chegam bilhões e saem bilhões e mais o lucro. O papel dessas agências “classificatórias de riscos” é esse. Não foi por menos, é a natureza desse tipo de gente, que um diretor de uma delas, em Londres, “comprou” uma cidadã eslovaca para esposa por um valor pré-fixado, num contrato de tempo certo. E opção para renovar ou não.

“Nada pessoal, são só negócios”. Essa frase secular e cunhada por chefes mafiosos desde os primeiros momentos desse tipo de organização criminosa e na Itália foi exportada para o mundo inteiro, mas perdeu seu sentido original. Era uma forma de um chefão meter uma bala ou uma rajada de balas na testa ou no corpo inteiro de um rival separando pessoa de “negócios”, para dizer que a pessoa era merecedora de respeito. Já os “negócios”.


O capitalismo se apropriou dessa verdade mafiosa e transformou-a na mais deslavada forma de exploração que se possa imaginar, pois retirou qualquer conteúdo de respeito pela pessoa, pelo ser. São só “negócios”. Ou, uma versão mais ou menos assim: o mundo é dos espertos. Ou ainda, “antes eu que ele”.

Aquele glamour de Arsene Lupin, ou Rafles, ou mesmo os livrinhos de bolso Irving Le Roy, bandido que rouba de bandido-banqueiro sumiu. Tomas Crown roubando um Monet do palácio das artes e se apaixonando por René Russo, não existe isso mais.

Defesa da Máfia, a original? Saudosismo? Nada disso. “Elementar meu caro Watson”, plagiando Sherlock Holmes.

Só constatação.

A de que não existe o mínimo de escrúpulo na bandidagem hoje. Talvez entre Beira-Mar e seus parceiros, ou Marcola e sua turma, e mesmo assim pela origem de ambos.

O Senado Federal, por exemplo, assemelha-se a uma dessas reuniões de gangster, em hotéis de luxo, seja em Miami ou em Los Angeles, Long Beach, não importa.

Lá substituíram o bolo, de onde emergia uma pin up (provavelmente nem sabem mais o que é isso) por atos secretos e uma série de ações criminosas chamadas de discussão do interesse público, mas considerando o público como eles e aqueles aos quais representam.

Eduardo Azeredo, vejamos o caso desse senador. O dito cujo existe na política por conta desse negócio de oligarquia. Não é Eduardo Azeredo, é filho de Renato Azeredo. Ao contrário do pai, político perseguido pela ditadura militar e íntegro, Eduardo é o protótipo do pastel preferido pelos bancos, grandes empresas, latifúndio, para tarefas menores e rasteiras. Faz qualquer negócio sem a mínima preocupação em disfarçar e mesmo sendo considerado barato entre os próprios pares, inclusive tucanos, rasteja por ser de sua natureza rastejar. Diante dos mais fortes. É feroz diante dos mais fracos.

Como aquele prisioneiro de um campo de concentração nazista. Ao perceber que o cachorrinho do comandante morrera, propôs a ele assumir o lugar do bicho. Faria as mesmas coisas e com mais presteza. Era a forma de escapar de câmara de gás. Fez e, quando a guerra terminou e as pessoas no campo foram libertadas, não sabia ser nada além de cachorro.


O senador em questão se opõe sistematicamente a qualquer iniciativa que vise dar maior segurança ao voto do cidadão. O modelo atual, o tal eletrônico, entre outras coisas (é só ouvir um especialista sério), permite que o voto seja identificado, vale dizer, é fácil saber em que você votou se for o caso, desaparece o voto secreto na tecnologia, no progresso. Pior, permite qualquer tipo de fraude que se possa imaginar, sem, por outro lado, permitir também recontagem ou formas seguras de que a vontade do cidadão esteja ali, de fato, manifesta.

Azeredo se opôs à condenação ao golpe militar em Honduras. Azeredo é um dos que comandam a resistência ao acordo que resultou no ingresso da Venezuela no MERCOSUL. Azeredo age em função de agências classificatórias de riscos e interesses do capital estrangeiro dentro do Brasil.

É uma ponta, assim agem o tucanato e os DEMocratas.

Hoje o Brasil, pelo menos os que minimamente se informam, acordou estupefato. O presidente do enclave FIESP/DASLU (monarquia que controla São Paulo, país vizinho que fala a mesma língua), Paulo Stak filiou-se ao PSB. O que é o PSB? Partido SOCIALISTA Brasileiro. Stak protagonizou um dos mais repulsivos espetáculos da política brasileira.

Quando da votação que extinguiu a CPMF, levou um abaixo-assinado de camelôs de São Paulo que transformou em “protestos de cidadãos de todo o país contra o imposto”. Era o único que não permitia sonegação. Nem o dedo no nariz que levou do médico Adib Jatene, enrubesceu esse novo socialista. Suas “convicções” são profundas e bem cimentadas.

Tinha razão o presidente da República quando disse que no Brasil não “existe candidato de direita, todos são esquerda”.

Quando chegou a Brasília acompanhado de jovens monarquistas e de famílias tradicionais de banqueiros, latifundiários, etc, para a votação de um parecer numa comissão do Senado, foi advertido por Artur Virgílio, líder do tucanato, que era preciso “povo”, e aqueles jovens estavam todos muito bem vestidos, poderia dar uma “falsa” impressão que só os “ricos estão contra a CPMF”.

Fez a pergunta a Virgílio – quantos banguelas você quer? –. E agora, de repente, aparece convertido ao SOCIALISMO. E de quebra arrasta um senador DEMocrata nessa extraordinária guinada rumo a um novo mundo.

Putz! Esculhambação geral e absoluta. E quer ser candidato ao governo do estado.

Substituir um dos principais soldados do capital internacional, José Serra, que, por sua vez, prepara-se para tentar chegar ao Planalto. E que também não é de direita, tem passado de guerrilheiro, de exilado. Mas o seu, o de Serra, é positivo, o de Dilma é negativo. Os caras são uns tremendos pilantras.

O que há por trás disso e citei três exemplos, Azeredo, Stak e Serra é o tal “risco Brasil”. Que na verdade é “lucro Brasil”.

Quanto vale o Brasil como mercadoria no mundo do neoliberalismo? Dos “negócios”? Hoje, com o pré-sal vale bem mais que oito anos atrás. Muito mais.

O que essa turma quer é a comissão da corretagem da venda. Se a mãe vai de brinde paciência, eles não podem é “perder negócio”.

CHLOPACK, LEONARD, SCHECTHER Y ASSOCIADOS é uma empresa de publicidade com sede em Washington, contratada pelo governo de Honduras para construir junto a políticos norte-americanos a imagem de bons governantes dos golpistas, de “legalidade” da estupidez de bestas-militares, e paga por empresas que, por sua vez, controlam os “negócios” e os “riscos/lucros” em Honduras. Ah! E dizer que Chávez é “terrorista”.

Essa empresa já prestou serviços semelhantes a Álvaro Uribe, traficante de plantão na presidência da Colômbia. A FHC, pilantra que vendeu o Brasil em seus oito anos de governo. E se for preciso, presta a José Serra, a Stak (Azeredo não, esse é barato, pistoleiro de meia tigela, acham aos montes, tem o prefeito de Juiz de Fora, qualquer vinte mil resolve).

Um dos serviços fornecidos por essa respeitável empresa é o de “abastecer a mídia” de informações favoráveis a toda a sorte de golpes, trapaças, etc, revestindo-as de “espírito democrático”, “defesa das instituições” e fazer um partido socialista revelar que o presidente da FIESP/DASLU é socialista de carteirinha.

Se você tiver grana para pagar a essa turma, o JORNAL NACIONAL, tranquilamente (tudo tem comissão, tem um jabá), transforma você em herói nacional, ou o que quer que seja no que quer que seja…

O que está em disputa hoje e vai estar até outubro de 2010 é a “mercadoria” Brasil. Quanto os investidores estrangeiros, os tais que trazem o capital pela manhã e levam o capital e mais o lucro à tarde, vão doar para Serra, para Stak, para seus assemelhados fecharem, mais à frente, um contrato definitivo de venda do País?

Vai ser mais caro dessa vez, afinal existe agora o pré-sal, dá para a turma daqui – tucanos e DEMocratas – cobrar mais. E certamente vão colocar Miriam Leitão “abastecida” de notícias favoráveis, haja dossiê, na tarefa de vender primeiro o produto Serra, o produto Stak, o socialista, e depois estufar o peito na hora de passar a escritura, ou tirar a nota fiscal (se bem que aí é nota fria, caixa dois) em que, no item descrição da mercadoria, vem lá BRASIL.

Esse modelo, esse institucional, esse cheiro de perfume francês que parece exalar, é de perfume mesmo. O cheiro real é insuportável. Mas, se bobear, CHLOPACK, LEONARD, SCHECTHER Y ASSOCIADOS convencem a você que o odor fétido das ORGANIZAÇÕES GLOBO, ou de VEJA, é na verdade o mais puro e bem cheiroso patriotismo.

É que essa turma toda, inclusive o socialista Stak, são como que enviados divinos para nos libertar de qualquer dúvida que possamos ter. Ou seja, somos escravos mesmo, e daí? Somos banguelas, e daí?

Cair de quatro ou não, achar que AVON bate à sua porta de graça é opção. Acreditar que ACTVIA vai resolver seu problema intestinal e que transgênicos vão lhe dar saúde e um futuro promissor é um problema de cada um.

Tanto dá para lutar e resistir, sair fora desse modelo podre ou virar cachorro do comandante do campo.

O que está em jogo é se o Brasil é mercadoria, ou se somos uma nação.

Laerte Braga é jornalista, escritor, médico, cineasta e colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz.

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PressAA

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