terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Terrorismo Internacional, e uma mensagem para a Al-Qaeda


Timothy BANCROFT-HINCHEY

O que faz o filho de um empresário de sucesso nigeriano atear fogo na sua virilha em um avião cheio de passageiros? O que faz as autoridades permitirem que alguém que estava numa lista de suspeitos entrar a bordo de um avião de passageiros? E exatamente o quê esses jovens esperam da vida, ou da morte?

Omar Farouk Abdulmutallab tinha tudo para viver, passando pelos padrões da maioria dos seres humanos neste planeta. Ele teve uma educação, estudou no exterior, viajou, sua família tinha dinheiro, ele tinha um futuro. Ele tentou deixar sua marca. Ele poderia ter feito isso através do estudo, ele poderia ter feito isso através de uma carreira profissional.

Em vez disso, ele escolheu o caminho do terrorismo. É verdade, o seu impacto no mercado é enorme. É verdade, 9 / 11 colocou Osama Bin Laden no mapa. Foi um golpe de marketing extra-ordinário, uma lição. E verdade, um “ninguém” pode se tornar num “alguém” se ele tiver uma causa pela qual lutar. Depende da causa.

E é aqui que me dirijo a vós, a Al Qaeda, os seus dirigentes e todos aqueles homens e mulheres jovens que querem se sentir especiais ao cometer atrocidades contra outros seres humanos. O jornalismo internacional deu-me um nome e PRAVDA.Ru deu-me uma voz, é isso que vocês procuram também.

No entanto, enquanto eu tento fazer um nome e uma carreira e uma vida trabalhando 18 a 20 horas por dia, sete dias por semana, ao longo de 35 anos, vocês vendem suas almas ao Diabo. Vocês vendem suas almas para aqueles que conseguiram manipular e fazer vocês acreditarem numa causa que não existe e nunca existirá e vocês vendem suas almas para aqueles que insultam o Islão e Maomé pela sua própria existência e maneira de ser.

Vocês vendem suas almas para aqueles que usam pessoas mentalmente retardados como bombistas suicidas, vocês vendem suas almas e suas vidas e seus futuros para os covardes sem escrúpulos que fazem uma vida confortável em detrimento de outros, inclusive a vida das mulheres, crianças e bebês.

É heróico destruir a si mesmo, juntamente com algumas dezenas de civis? (Esses dias as vítimas são cada vez mais reduzidas). É heróico explodir-se num avião ou no Metrô? Ou queimar sua virilha, porque os seus mestres foram tão estúpidos que lhes deram PETN, que é praticamente impossível de explodir sem detonar uma carga?

Vocês acreditam que defendem uma causa heróica, quando a maioria dos ataques da Al Qaeda são de dispositivos rudimentares de herbicida que mais frequentemente causam mais danos ao idiota que foi suficientemente estúpido para ser convencido a sacrificar sua vida do que aos supostos vítimas?

Vocês acreditam que criam algo mais do que ligeiro incómodo entre os passageiros das companhias aéreas? Aborrecimento sentimos com a restrição da nossa bagagem de mão, com mais atrasos e filas e aborrecimento sentimos quando não podemos usar os banheiros quando queremos. Nada mais do que isso…aborrecimento. As pessoas costumavam usar aeronaves antes de 9 / 11 e continuam a utilizá-los em um número crescente desde então.

Nós, os que trabalham e vivem sem nos evidenciarmos muito na comunidade internacional, não odeamos vocês. Nós sentimos pena por vocês porque são vítimas, vocês são aqueles cujas vidas e futuros estão a ser roubados, por aqueles que lhes vendem uma imagem deformada do Islão e usam-nos para fazer as obras que eles próprios são covardes demais para realizarem.

Tudo que vocês conseguem fazer é, basicamente, criar uma imagem negativa da religião e causa que apoiam. Tudo o que vocês conseguem fazer é espalhar a idéia de que o Islão tem a ver com o ódio, intolerância e violência, que não é. Alguma vez vocês leram o Alcorão? Eu, sim…e com muita honra e respeito.

Então, quando vocês são abordados por esses covardes, que se aproveitam dos debeis, que se aproveitam dos fracos e que se aproveitam dos indefesos para matar mulheres, crianças e bebês por procuração (para qual vocês sabem que, se lerem o Alcorão, vão ser condenados por Allah) pensem em duas coisas.

Ao invés de transformar o vosos ódio contra noções generalistas, como “os Ocidentais”, virem esse ódio contra aqueles que, utilizando-lhes e insultando as suas famílias, suas mães e insultando o próprio Islão. Digam a eles para fazê-lo, como se tivessem a coragem. Mas eles não podem porque eles querem que vocês executem o ultraje. Por quê? Porque eles são covardes, porque eles fazem milhões do tráfico de armas e tráfico de drogas e porque querem tirar as suas vidas e futuros para ganharem fama e fortuna através da perda das suas famílias.

E em segundo lugar, se vocês realmente querem ir visitar as setenta virgens, eu lhe garanto que não existem (se vocês fossem homens de verdade, tê-lhas-iam cá na Terra e mesmo que elas existissem, fariam o quê com elas depois de se terem rebentado com bombas?) , então vão para uma área deserta, cinta de explosivos apertada, ativem o detonador e acabem logo com isso, se é isso que querem fazer.

As pessoas que vocês visam ferir são decentes, são boas pessoas. Eles têm suas famílias, seus filhos e seus entes queridos. Eles gostam de rir, eles gostam de sorrir. E eles provavelmente vos amariam, se os conhecessem. Esses covardes que ganham a vida pelas vossas mortes, não. Eles só sabem tirá-lhes a vida na Terra e vender suas almas ao Diabo. Vocês desaparecem. Eles ficam. E se riem da vossa sua estupidez e fraqueza.

Timothy BANCROFT-HINCHEY

PRAVDA.Ru

http://port.pravda.ru/russa/28564-0/

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PressAA

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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Assaz Atroz evoca Drummond e Nelson Rodrigues para explicar o óbvio


Neste exato momento Lincoln Gordon - embaixador dos EUA no Brasil no momento do golpe de 64 - ainda é defunto fresco, enquanto Rodriguinho Maia e ACM Neto, por mau exemplo, são velhas raposas desde o berço.

Fernando Soares Campos (*)

Caia, quando você fala de “...vícios estruturais da argumentação do Laerte, do Lungaretti e dos rapazes da Agência Assaz Atroz: TUDO tem, sempre, de caber em categorias velhas”, eu fico tentando identificar as categorias “velhas” e “novas”, quero separá-las quando o assunto é, por exemplo, o golpe de 64 ou os golpes midiáticos de hoje. Aí me lembro da UDN que me faz lembrar a Arena que me faz lembrar o PDS que me faz lembrar o PFL que me faz lembrar o DEM que me faz lembrar o PSDB que me faz lembrar traições, entreguismos, corrupção...

Um dos grandes problemas de pessoas que participaram de determinados momentos históricos é acreditar que todo mundo conhece a história em seus pormenores e a entende tanto quanto ele assimila e compreende os fatos.

Quantas vezes a gente está batendo um papo com alguém sobre o passado vivido por ambos e acaba saltando determinados detalhes porque acredita que o interlocutor está careca de saber tudo sobre aquilo. De repente esse alguém com quem estamos conversando contra-argumenta de tal maneira que nos faz desconfiar que ele simplesmente desconhece o que parece óbvio.

Sabe aquela frase atribuída a Nelson Rodrigues: “Só os gênios enxergam o óbvio”? Pois é, o problema é que os gênios, apesar de enxergarem o óbvio, muitas vezes não enxergam o ululante, aquilo que, por ser óbvio, ele próprio acredita que todos estão enxergando. Lerdo engano do gênio. (Lerdo mesmo, não é ledo, não.)

Laerte Braga e Celso Lungaretti têm desempenhado um papel fundamental e prestado um serviço relevante à memória política e ao atual momento histórico. Ambos associam o passado ao presente de forma competente, restaurando elos corroídos e até mesmo aparentemente arrebentados pelas mentiras repetidas.

Neles não enxergo “vingancismos” ou revanchismos, menos ainda “moralismo tosco”, mas tão-somente esclarecimento e alerta para compreensão da realidade, busca da verdade e consequente aplicação de justas medidas. Restaurar a verdade é uma ato supremo de justiça; o que vier depois disso pode ser lucro, prêmio, consagração de que a luta valeu a pena.

Há quem fale em estilo dos autores. O estilo da Caia seria, digamos, vanguardista, ousado; Laerte e Lungaretti são mais conservadores nesse aspecto. Até me arrisco a dizer que eles se enquadram no lema da agência assaz atroz (pressaa) - redação: “Ativismo com atavismo sem saudosismo – mas com um toque de pragmatismo”.

Mas eu quero me referir mesmo é ao enfoque. A bandeira de todos nós pode ser a mesma: justiça social, por exemplo. Mas nenhum de nós tem condições de enfocar um único tema por todos os ângulos possíveis. Daí a importância do papel de cada um de nós. Eu aprendo com a Caia basicamente o mesmo que aprendo com Laerte ou Lungaretti. Mas Laerte me fala do “a”, Caia me explica o “b”, Celso me ensina o “c”, e assim vou aprendendo o abecedário, acabo juntando as letras e formando palavras, frases, períodos, textos que repasso.

Falei bobagem?

Espero que sim, pois nunca aprendi nada falando ou escrevendo aquilo em que há concordância ou uniformidade de opiniões, pensamentos, sentimentos, crenças etc., ou seja, o consensual.

Só aprendi quando falei bobagem, quando expus meus equívocos, e alguém veio em meu socorro, ou até mesmo chegou com a palmatória. Entretanto sempre dei preferência aos que me ditaram um dever de casa, ao invés de trazerem as respostas prontas.

No mais, concordo contigo, Caia: essa Marina Silva não passa de UDN-da-Floresta ou, pior, UDR-da-Cidade.

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Sobre os “argumentos” de Marina Silva, a UDN-da-Floresta. XÔ!

Caia Fittipaldi (**)

Bom, esse artigo do Laerte -- nada do suicidarismo vingancista e do moralismo tosco passadista, de rotina. Em vez disso, dá voz ao presidente Evo Morales. Mas, não: não acho que se trate de nova guerra fria. (Esse, aliás, é um dos vícios estruturais da argumentação do Laerte, do Lungaretti e dos rapazes da Agência Assaz Atroz: TUDO tem, sempre, de caber em categorias velhas.)

Acho que o que realmente interessa, agora, é desmascarar SEMPRE o vingancismo metido a “ético” e o suicidarismo moralista, onde quer que apareçam. Se não aprendermos a desmascarar esse vingancismo metido a “ético”, esse moralismo à moda da UDN paulista, dos augustos nunes e donas doras kramers -- e se, sobretudo, não trabalharmos MUITO pra construir OUTROS DISCURSOS para impor no lugar daqueles! --, estaremos, nós mesmos, abrindo mão de meios importantes para VER E FAZER VER a potente especificidade (e a bem-vinda novidade!) dos discursos do presidente Lula, de Evo, de Chávez, até de Ahmadinejad. (Vale observar que, aí, quem queira espinafrar um deles... terá de espinafrar todos).

De fato, aquele papim (totalmente inventado) de que Ahmadinejad seria “negador de holocausto” é equivalente ao que diz o Estadão -- que Lula seria negador de democracia; e que Chávez seria negador de liberdade de imprensa: é sempre o mesmo golpe. Nem Ahmadinejad jamais negou holocausto algum, nem Lula nega democracia alguma, nem Chávez nega liberdade de imprensa: tudo, aí, é o mesmo udenismo-de-inventar-o-mundo-por-jornal-e-televisão, a golpes de opinionismo udenista de mirians leitões, e/ou de “éticas” dos alexandres machados, e/ou a golpes do fascismo sincero dos williams waacks e sardembergs e que-tais.

Pode-se MUITO LEGITIMAMENTE e muito democraticamente e muito etica e moralmente denunciar o “holocausto de brancos europeus por brancos europeus nos anos 30, irmão-gêmeo do sionismo” (que é o que Ahmadinejad REALMENTE disse e diz), tanto quanto se pode falar do mito da liberdade de imprensa só para os brancos da FEBRABAN e da FIESP no Brasil-2009, irmão-gêmeo do tucanismo-pefelê-udenista uspeano (e que também é contra a quota para pobres nas universidades!), né-não?!

Ontem, por exemplo, o mesmo vingancismo reacionário, moralista, repugnante, estava manifesto na longa fala de Marina Silva, a insuportável, exposta num dos jornais da Rede Globo. Até que foi útil, para que eu ouvir todo o argumento salafrário desses “éticos” da dinheirificação do mundo, que aqui resumo:

-- o presidente Lula teria traído toda a galáxia (e teria traído também o discurso do próprio Lula "de antes" [quer dizer: de quando Lula ainda não passava ou de sindicalista simplório ou de petista-nada! NÃO É IMPRESSIONANTE a miséria desse discurso de PSOListas e PTistas metidos a “éticos”?! Até quando?!]), disse a talzinha, “porque” Lula propôs que o Brasil acrescentasse 10% ao tal fundo para ajudar os pobres. Para a talzinha, metida a “ética” (igrejeira, tosca, moralista, insuportável, autêntica UDN-da-Floresta!), o presidente Lula “deveria” ter “oferecido muito mais dinheiro”, “porque”, assim, “obrigaria” os ricos a darem muuito mais dinheiro ainda.

Estão vendo? Marina Silva, a UDN-da-Floresta, é herdeira DIRETA dos argumentos do Al-Gore: tuuuuuudo é questão de dar mais dinheiro prôs pobres (de fato, dar mais dinheiro pros ricos que vivem nos países pobres!). Isso é puuuuuuuuura UDN-da-Floresta! XÕ!

Importante, sobre esse negócio todo é aprendermos a ver o que poucos viram, até agora: Copenhagen NÃO FRACASSOU. Aconteceu apenas que, em Copenhagen, assistimos ao último ato da farsa “ecológica” (em tudo semelhante à farsa “ética”) movida PELOS interesses dos ricos.

Ontem, na televisão francesa, ouvi um militante das ruas de Copenhagen, dizer a coisa mais simples: “Copenhagen foi o fracasso de Obama”. Lamentável, de fato, mas, ali, Obama fez o discurso de um Mike Tyson já barrigudo, em final de carreira. O que se viu em Copenhagen foi um Obama super cenográfico, coitado, no lamentável papel de ter de mostrar-se forte e potente, quando, de fato, a única coisa que tinha a dizer era de dar pena: “Entendam a minha situação, please! Eu não posso destruir 20 milhões de empregos de eleitores norte-americanos, só por causa de uma África aí qualquer! Minha avó africana que me desculpe, mas... agora, não vai dar!” Como não podia dizer isso... tentou falar grosso. E a fala saiu grosso-fino-de-dar-dó. (Fala grosso-fina-de-dar-dó, aliás, é perfeita tradução daquele conversêzinho fiado de Marina Silva, a insuportável [risos, risos! Desculpem o auê, mas... aquela falinha lá da Marina Silva, igrejeira, metida a “ética”, é fala de bispa. DETESTO essa gente!).

O parágrafo seguinte desse mesmo papim de Obama (de quem tá por baixo, mas, porque se faz de “ético”, se acha “necessariamente perfeito & justo”... É o discurso da UDN-da-Floresta, dessa Marina Silva insuportável: tooooooooodo mundo aí caiu no conto da ecologia à Al Gore [e dançô]).

Vencedores, em Copenhagen foram AS RUAS, os muitos, cujas vozes apareceram manifestas nos discursos de Lula, Chavez, Evo, Ahmadinejad.

Por tudo isso, insistir em falar em "Guerra Fria" é erro grave: é como “declarar” que os EUA ainda seriam "grande poder opressor". Podem até ainda ser poder e opressores (no Iraque, no Afeganistão, no Paquistão, na Palestina). Mas já não são grande-poder.

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COPENHAGUE

A NOVA GUERRA FRIA. O AQUECIMENTO GLOBAL


Laerte Braga (***)

Para o governador de São Paulo, José Collor Serra, serviu para arrematar seu ataque desfechado a partir do Brasil contra o governador de Minas, Aécio Neves, acertar as contas com José Arruda (estava sendo chantageado, “se cair levo todo mundo comigo”) e se fazer visto como cidadão do mundo, apto a presidir o Brasil, caminhada que vem tentando desde 2002.

Gastou os tubos do dinheiro público, já que foi com comitiva, cumplicidade da grande mídia brasileira (toda compradinha e no bolso dele) e de quebra, reuniu-se com o governador da Califórnia, aquele ator de nome com grafia complicada e conhecido como Exterminador do Futuro. E que governa um estado falido, até porque completamente por fora do assunto disse que “Copenhague já é um sucesso”. Em sua ótica sim, recebe dos donos do mundo. Collor Serra é a aposta deles para o Brasil.

Para o mundo não resolveu problema algum, reforçou a certeza do descaso das grandes nações, as chamadas ricas, diante dos problemas ambientais resultantes da emissão de gases na atmosfera e nem Obama, quando percebeu o volume das manifestações populares na Dinamarca e no mundo exigindo mais que o marketing barato da Cervejaria Casa Branca, tentou algo além de uma jogada chinfrim para dizer presente e pronto.

A extinção da União Soviética, erro denunciado pelo próprio Mikhail Gorbachev (principal responsável pelo fato, imagem de estadista, dimensão real de político de segunda categoria), não trouxe o fim da guerra fria.

Ressurge, não tanto como a concebíamos à época, mas na luta de governos populares e algumas nações ditas emergentes, por algo mais que evitar o vapt-vupt das bombas nucleares, mas o efeito devastador que o capitalismo provoca com seu “progresso” e toda a tecnologia de destruição, imperialismo, as novas versões do colonialismo, numa espécie de governo de terror mundial imposto pela globalização.

A Al Qaeda, por exemplo, causa danos bem menores que a ação predatória e criminosa dos Estados Unidos. São em larga escala. Quando no filme DOUTOR FANTÁSTICO de Stanley Kulbrick, um general boçal (são raros os generais não boçais) fala em “vamos para as cavernas”, estava apenas retratando a visão do genial diretor sobre o futuro de um mundo massacrado pela insânia do abismo nuclear.

O abismo hoje é outro.

Azril Bacal é um sueco que não integra nenhum movimento social, não faz parte de nenhuma ONG, mas deslocou-se a Copenhague na leva de seres humanos que para lá foi na esperança de algum gesto ou decisão no sentido de salvar o planeta.

Triunfaram os predadores.

“Después de 3 horas de sueño, partí a las 03.00 desde Copenhagen para Uppsala, en una jornada increíble de retorno, cuyos detalles constituyen un microcosmos revelador del entorno que nos rodea...

Resumiendo, hasta las 03.00 los participantes de la reunión de los "mano puliti" no habían logrado un consenso mínimo para un acuerdo razonable, negociado, para enfrentar y resolver la crisis climática, a pesar de los intentos de presión y manipulación bilateral, tradicionales de los poderes coloniales y neocoloniales para dividirnos y controlarnos ("divide et impera")”...

“Gracias a la presencia en el Bella Center de unos pocos gobiernos aliados de los Movimientos Sociales - y por lo tanto, de la Madre Tierra y de la Humanidad, ya no es tan fácil doblegar la voluntad del G-77, como estaban acostumbrados los poderosos/privilegiados de todos los tiempos.

No debemos sorprendernos si Obama saca un conejo del sombrero a última hora, para intentar satisfacer a una galería que ya no se deja satisfacer las medidas convencionales de pan, circo, fútbol, porno y/o alguna guerra inventada con un país vecino, para distraer a la opinión pública, manipulando los sentimientos nacionalistas, como estamos acostumbrados en América Latina”

O relato de Azril mostra o tamanho e a dimensão de Evo Morales e seu discurso propondo uma organização alternativa às Nações Unidas para que o mundo sobreviva, encontre caminhos alternativos ao modo colonial dos poderosos e surpreendeu a lucidez de um índio boliviano, reeleito com mais de dois terços dos votos de seu povo, há duas semanas.

E relata.

“Les contaba que anoche iba camino a escuchar a Evo - y lo logré y valió la pena, compañer@s, camaradas, hij@s, niet@s y amig@s. VALIÓ LA PENA :-)

El lenguage de Evo es receptivo a nuestras voces. Entre los momentos preciosos de su discurso nos propuso un plebiscito planetario de 6 puntos, terminando con la consulta/pregunta si aceptabamos la creación de un Tribunal Popular para juzgar/condenar a los países y empresas culpables de dañar a la Madre Tierra, agravando y no ayudando a resolver la Crisis Climática :-)

Creo que las palabras sabias y promisoras de Evo coinciden con las reflexiones del 17/12 de ir preparándonos para organizar la Asamblea Planetaria de los Pueblos, por medio de la cual lograr una "Gobernabilidad" al servicio de los Pueblos del Mundo y no de los intereses mezquinos establecidos por las aristocracias, las plutocracias y los gobiernos a su servicio. Algo así como una ONU de nosotros Los Pueblos del Mundo, para lograr, finalmente, construír Estructuras/Culturas sustentables de Justicia, Paz y
Solidaridad/Amor.

Con estas palabras, este veterano se despide por hoy, fatigado, dolido e increíblemente inspirado y esperanzado, para atender asuntos más prosaicos como un poemario y un tratamiento para mis rodillas, dolidas y orgullosas por haber logrado, privilegiadamente, marchar con humildad, por mis hijos, por mis nietos, por las generaciones venideras y por la Madre Tierra y por toda la Humanidad”...

O fracasso dos donos, mostrado na ganância, na forma estúpida com que tratam nações que chamam de pobres ou emergentes. A forma desumana com que sobrepõem seus interesses e negócios. O terror do neoliberalismo foram descritos por Evo, segundo Azril a figura mais importante e reconhecida assim pelos milhares de manifestantes e forças que lá estavam para exigir de farsantes como Obama algo de concreto, para além das aparições acendendo árvores de Natal, ou servindo cerveja na Casa Branca, acabou por ensejar uma percepção que já era clara e cada vez vai se tornando mais transparente.

Outra vez a palavra de Evo na interpretação de Azril.

Para empezar, aunque te agradezco por la promoción, no soy un
dirigente social, al menos ni me veo ni quiero verme como dirigente
A duras penas, hago lo que puedo por las causas que me inspiran...
Ahora, lo más importante: Ayer fué un día de grandes victorias para el
movimiento popular planetario. Entre ellos, cabe mencionar que entre
200 y 300 personas en el recinto del Bella Center que se identificaban
con nosotros, decidieron e intentaron salir del recinto para
encontrarse con los marchantes y al menos un ó 2 delegados renunciaron
en protesta, tanto por la inoperancia de los "cumbristas oficiales"
como por la represión policial. El compañero Hugo Chávez elogio a los
marchantes durante su discurso, entre otros temas importantes. Se
logró reunir la Asamblea Popular. Los marchantes del primer bloc
entablaron diálogo con los policías que los custodiaban, recordándoles
de su condición humana, una señora los llamó de "sexys" y en ese
proceso algo se logró de humanización en estos policías, después de 4
horas de interacción - al punto de proteger a sus custodiados de los
otros policías que estaban dispuestos a golpear, como entrenados :-)
Sin duda, Evo Morales es el líder más popular entre los participantes
del KlimaForum, estableciendo un puente entre los Pueblos Indígenas -
cuando llegan al poder/gobierno y los movimientos sociales y las
diversas organizaciones de la "sociedad civil". Esta tarde a las 16.00
seremos muchos los que estaremos en el Valbyhallen para escuchar a
Evo, cuya voz es la voz de todos nosotros.
Esta noche regreso a Suecia, sabiendo que Cony, la Presidenta Danesa
de la Cumbre ha renunciado, lo que implica un fracaso de la Cumbre
Oficial y la emergencia de una instancia nueva en la historia de la
Humanidad que busca formas de articularse para, finalmente, gobernar
por el Bien Común...
Otros Mundos Posibles se están también construyendo a partir de
Copenhagen, en este histórico Diciembre 2009.

Temos uma nova guerra fria, curiosamente em contraponto, o aquecimento global. A perspectiva real de destruição do ambiente em curto prazo e em termos de História. A conduzi-la neste momento um prêmio Nobel da Paz que vai enviar 30 mil homens ao Afeganistão para “terminar o serviço”.

É a luta de sobrevivência da espécie e do ser humano como tal. A existência, a coexistência e a convivência em bases dignas e humanas. Não passa mais pela ONU, nem por organismos oficiais controlados pelos senhores do terror democrático, cristão e ocidental.

Passa pelas vozes de índios. De todos os povos do mundo, mas ao largo do que chamam ordem instituída.

Essa é mortal e Copenhague tem dois lados. O deles, donos, cínicos e sem resposta porque não se importam com a vida em si. O outro, pela construção do mundo alternativo percebendo que as portas que se abrirão a todos nós não estão nas palhaçadas eleitorais de José Collor Serra, figura menor nessa conversa, aqui um exemplo, ou nos coelhos que Obama tenta tirar da cartola para que JORNAIS NACIONAIS mostrem o “líder da mudança”.

E a culpa certamente não é do Irã. Nem do MST. Muito menos dos milhares de civis que morrem de fome diariamente em todos os cantos do mundo.Fome à qual se soma a doença do colonialismo capitalista. E tampouco dos palestinos que têm sua água roubada pelo povo eleito de Israel.

Copenhague é um marco divisor. Não temos nada a ver com essa tragédia deliberada e orquestrada a partir de um tsunami de “progresso”.

Mas com a luta que é a mesma dos tempos da guerra fria. Pela liberdade e agora mais que nunca, pela espécie humana e seu caráter humano.

Obama e os donos são meros bonecos infláveis montados e exibidos na mentira do capitalismo.

É mais ou menos “quem quer um bom dia diga eu” e depois escolha a gravata do robô da verdade única de um mundo em marcha acelerada para a extinção, ou quem quer um mundo onde seres humanos não seja reses nesse espetáculo de desvario de senhores graves e de linguagem técnica, mas que não entendem nada de vida, são apenas os exterminadores do futuro.

Quando Bill Clinton, no célebre debate com Bush-pai proclamou que "é economia seu estúpido", estava apenas definindo o conceito que norte-americanos e seus parceiros têm da humanidade. Para além daquela eleição. Ate porque a linguagem dos Bush ainda é a do tacape.


(*) Editor-Assaz-Atroz-Chefe

(**) Linguista formada na USP, tradutora e editora de texto

(***) Jornalista, colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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domingo, 20 de dezembro de 2009

De Gaulle baixou no terreiro do Caboclo Belos Cornos

DO BRASIL PARA O 1º MUNDO: EU NÃO SOU CACHORRO, NÃO!

Celso Lungaretti (*)


"Eu não sou cachorro não
Pra viver tão humilhado
eu não sou cachorro não
Para ser tão desprezado”

(Valdick Soriano)


O caso de Sean Goldman, de 9 anos, cuja guarda é disputada pelo pai estadunidense David e pela família brasileira da falecida mãe, teve um desdobramento bizarro nos últimos dias: o senador democrata Frank Lautenberg anunciou a suspensão por tempo indeterminado da votação da medida estendendo para 2010 um programa de isenção tarifária que beneficia as exportações brasileiras.

O Governo tem até o dia 31 para suas gestões no sentido de superar o impasse, caso contrário o prejuízo para os exportadores brasileiros deverá ficar na casa de US$ 3 bilhões.

Está difícil: o pomo da discórdia foi uma liminar do ministro Marco Aurélio de Mello, do Supremo Tribunal Federal, suspendendo decisão do Tribunal Regional Federal no sentido de que Sean voltasse imediatamente para os EUA com seu pai. Marco Aurélio quer que, após o recesso do STF, seja finalmente ouvido Sean, cuja preferência é permanecer no Brasil.

O senador Lautenberg, ou está jogando para a platéia (Paulo Francis ressaltava que a população dos EUA é predominantemente de jecas, com raros bolsões de vida inteligente...), ou tem ele mesmo cérebro de minhoca: o Supremo jamais poderá ceder à sua chantagem imunda, caso contrário seria o caso de fechar de vez.

O certo é que as pressões arrogantes e descabidas sobre o Brasil viraram moda. Estamos conseguindo nos livrar do complexo de viralatas, mas isto não impede que as autoridades de países do 1º mundo continuem nos tratando a pontapés.

Vide as reações exacerbadas dos italianos à decisão soberana do Governo brasileiro de conceder refúgio humanitário ao escritor Cesare Battisti, bem diferentes dos protestos tímidos que emitiram quando o presidente francês Nicolas Sarcozy lhes enfiou idêntico sapo goela adentro, no Caso Marina Petrella:

ministros e até autoridades de segundo escalão ousaram conclamar Lula a revogar a decisão do seu ministro da Justiça, cometendo uma crassa grosseria diplomática (à intromissão insultuosa em nossos assuntos internos se somou o desrespeito à figura do presidente brasileiro, cujos interlocutores protocolares são o presidente Giorgio Napolitano e o premiê Silvio Berlusconi);

o embaixador foi chamado à Itália para consultas e "discussão de novas diretrizes”;
o vice-presidente da bancada governista na Câmara dos Deputados da Itália pregou a suspensão das relações com o Brasil;

aproveitando o fato de estarem presidindo o G-8 (grupo dos países ricos), os italianos insinuaram que poderiam dificultar o almejado ingresso do Brasil;

o vice-prefeito de Milão conclamou os italianos a boicotarem os produtos brasileiros;
o vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado exortou os italianos a boicotarem o Brasil como destino turístico;

o ministro da Defesa (o neofascista Ignazio La Russa, aquele que até hoje reverencia a memória dos militares da República de Saló que enfrentaram as forças aliadas na 2ª Guerra Mundial...) e o subsecretário das Relações Exteriores defenderam o cancelamento da partida de futebol com o Brasil, enquanto a ministra da Juventude recomendou que os jogadores entrassem em campo com faixas de luto.

Last but not least, o ministro da Justiça Angelino Alfano declarou a uma associação de vítimas da ultraesquerda (e o Corriere della Sera publicou), textualmente (!), que pretendia f... os brasileiros, ao prometer-lhes que a pena de Cesare Battisti seria reduzida de prisão perpétua para 30 anos de detenção.

Ou seja, nossas leis vedam que um estrangeiro seja extraditado para cumprir pena superior à máxima daqui e Alfano admitiu de público que nos estava enrolando com uma falsa promessa, pois queria mesmo é nos f...

[Aliás, o jurista Dalmo de Abreu Dallari acaba de bater na mesma tecla, enfatizando que o governo italiano, a despeito das promessas vazias que faça, não tem poder para modificar uma sentença judicial definitiva, daí a existência de um impedimento constitucional intransponível para a extradição de Battisti.]

Já está mais do que na hora de mostrarmos nossas garras àqueles que nos pressionam/chantageiam a torto e a direito, referindo-se a nós como otários prontos para serem f... pelos espertalhões dos países centrais e às nossas mulheres como meras prostitutas (“o Brasil é conhecido por suas dançarinas”)...


* Jornalista e escritor, mantém os blogues
http://naufrago-da-utopia.blogspot.com/
http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/

Livre publicação

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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Laerte e Lungaretti: suicidários, tristes e insuportáveis passadistas vingancistas juramentados


Recebemos o texto abaixo, de autoria de Caia "Paraguaçu" Fittipaldi, tradutora, editora e neologista praticante, formada em Linguística, pela USP, e o repassamos a entidades e ativistas dos direitos humanos, solicitando-lhes análise e opinião sobre os escritos. Aproveitamos o embalo e também o remetemos, em cópia oculta, a inativos, porém efetivos, reservistas-plantonistas em defesa dos direitos militaristas. Infelizmente só recebemos resposta destes últimos. Mesmo assim vale a pena conferir.

Editor-Assaz-Atroz-Chefe
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Mando aí, prôs que não tenham lido, e que estejam AINDA comprometidos só com vingancismos “éticos” e “revanchismos”, sentindo-se muito “militantes” e/ou muito “de esquerda”.

Já cansei de apagar textos do Celso Lungaretti e do Laerte Braga, suicidários e tristes e insuportáveis e vingancistas e sem JAMAIS dizerem uma palavra pro futuro, sempre INSUPORTAVELMENTE passadistas vingancistas -- pela morte e para a morte, sem um passo que seja em direção à vida.

Agora mesmo, por exemplo, minha caixa postal fedia à carniça: só mortos e mortos e mais mortos, e nenhuma mensagem com proposta e palavras-de-ordem do bem, que não incluam “tribunais” e “éticas” e moralismos os mais toscos.

Não me convidem pra tribunais metidos a “éticos”, nem pra vingancismos. Em matéria de torturadores, sou a favor de pegar os caras num beco, e ‘tamos conversados. Não tem o menor cabimento, no meu modo de ver, esse papim de julgar por tribunais humanos, esses animais. De tanta “ética” de salão burguês liberalóide à moda da UDN que lhes meteram na cabeça-fraca, muitos aí já se condenaram a bater papins jurídicos com torturadores. Sou totalmente contra. Torturador é o seguinte: ou se justiça o cara, tipo bala-na-testa, ou se os perdoa - o bom velho perdão cristão à vera e à moda do desapego budista e coisa e tal. Não há via “jurídico-burguesa-liberal” metida a “ética” de anistia-sim, nem de anistia-não.

No artigo que mando aí, a ministra Dilma Roussef fala prô futuro. Isso, enquanto os petistas (e comunistas) “éticos” e vingancistas só não são mais atrasistas, eu acho, porque já bateram a bunda no fundo do poço do atrasismo. Xô!


[Caia "Paraguaçu" Fittipaldi]

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Respostas:

ITAIPU (1) – É isso aí, Caia! Manda esses caras pro espaço. Esses revanchistas, demagogistas dos diabos! Como você bem falou: “Insuportavelmente vingancistas”. Esses tais de Celso Lungaretti e Laerte Braga são suicidários e tristes! Alegres somos nós, Caia! Alegres e pela vida! Com a gente num tem esse papim de bater papim jurídico. Prefiro sua sugestão, por isso tou esperando por você no Beco Sergio Paranhos Fleury, à meia-noite do dia 31 de março, pra gente resolver essa parada. Quero ver se você é tão rápida no gatilho como no teclado. Inté!



CAPELÃO (2) – Caia, você deu o exemplo: “O bom velho perdão cristão”. Deus te abençoe, filha. Só o perdão gera a paz. Eu mesmo dei a extrema-unção a muita gente lá no DOI-CODI. Eles foram com Deus no coração, minha filha, foram em paz. Suas almas subiram aos Céus, por isso não nos preocupamos em entregar os corpos aos seus familiares. De que adiantaria?! Não ia servir pra nada! Nós poupamos muitas famílias de arcar com despesas desnecessárias. Se você não suporta essa carniça virtual em sua caixa postal, imagine se tivesse que encarar aquela putrefação toda que nós produzimos e encaramos. Deus abençoe suas palavras, seu coração budista-cristão. Continue assim, olhando pra frente e para o alto. Quem olha para trás são os paranóicos; e, para baixo, os tristes e suicidários em busca de um buraco para se jogar. Amém!



CALUNISTA (3) – Caia, depois de suas centenas de tristes e inócuas mensagens analisando e criticando as brandas manifestações de nossas colunas, minhas esperanças se renovam. Creio que você incorporou o espírito natalino, certamente optando pelo perdão, pois a bala-na-testa não deve fazer a cabeça de quem, como (conjunção!) você, só pensa no futuro. “Pra Frente Brasil!”, lembra-se? Eles, conforme você mesma nos faz lembrar, “já bateram a bunda no fundo do poço do atrasismo”. Você, não, Caia! Você agora levita feito budista tentando alcançar o Nirvana! Parabéns à nova Caia. Xô!, a velha e ranzinza Caia! Xô!

P.S.: Aceite essa nossa homenagem, categoria "Membro Calunista Honorário"






TURMA DO TNB (4) – Caia, quase caímos de costas ao ler sua mensagem! Vamos usá-la como mensagem de fim de ano a ser enviada a todos os membros do nosso clube. A exemplo dos calunistas, estamos preparando uma cerimônia sem-cerimônia para homenagear você. Feliz Ano Novo!

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(1) ITAIPU, apelido do agente RTPF, que, nos tempos da ditabranda, lotado no DOPS, era o homem que instalava os fios no saco do interrogado e controlava a tensão.

(2) CAPELÃO, também conhecido como PASTOR, hoje aposentado, era o agente que tinha a mania de ler a Bíblia para os moribundos, gente fraca, que não aguentava nem mesmo entubar um cacetete.

(3) CALUNISTA, membro da ABCC (Academia Brasileira dos Colunistas Calunistas).

(4) TNB (TER NUMA Boa), clube dos velhos HEROIS DA RESIDÊNCIA oficial da ditabranda.


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sábado, 12 de dezembro de 2009

O primeiro punido


Por Rubem Fonseca Filho

Quarta feira, ato contra a corrupção.

Logo de manhã, minha família e eu, indignados e revoltados contra o maior escândalo político de toda a história do Distrito Federal, nos preparamos para pacificamente protestar contra o “suposto” roubo de dinheiro do povo. Fizemos cartazes e fomos todos à Praça do Buriti. Lá escutávamos dos oradores que organizaram o ato:

– O governador, as secretarias de governo, a Câmara Legislativa, o Tribunal de Justiça do DF, o Tribunal de Contas do DF, toda a esfera de poder do DF está dominada e contaminada pela corrupção.

Enquanto os discursos terminavam, todos os jovens, boa parte dos sindicalistas e cidadãos, abandonaram os oradores e decidiram paralisar o trânsito. Distribuíam panfletos e adesivos para os carros quando centenas de policiais, depois de muito empurra-empurra, reabriram o trânsito. Os manifestantes correram para o outro lado da pista e paralisaram novamente o trânsito. Aí foi a hora de a cavalaria intervir. Em posição de ataque, foram para cima dos que faziam o protesto, pisoteando e ferindo muitas pessoas. Em seguida vieram os policiais do Bope, lançando estrondosas bombas de gás lacrimogêneo e partindo para cima dos manifestantes, distribuindo fartamente cacetadas e chutes. A massa ali presente se dispersou pelo canteiro central.

Reuni minha família e disse:

– A corrupção ganhou a guerra contra os desarmados. Vamos embora.

Estávamos voltando para pegar o carro quando o meu filho mais velho, José Ricardo, se aproximou de um aglomerado de umas 10 pessoas, que questionavam os comandantes da operaçã o. Perguntavam o porquê de tanta violência e, em específico, estavam revoltadas com o pisoteio de uma mulher pela cavalaria. José Ricardo se manifestou:

— Ato covarde.

Um policial militar ensandecido voou para cima de José rasgando-lhe a camisa e esmurrando-o. Detalhe: o PM ensandecido é o coronel Silva Filho, comandante responsável pela tranquilidade durante o ato. Imobilizaram, algemaram e entregaram José a uma dúzia de policiais do Bope. A partir daí os atos de brutalidade, selvageria e humilhação se sucederam: socos, tapas, chutes, cacetadas, até ser jogado violentamente no camburão. Enquanto cidadãos e jornalistas filmavam a cena, policiais do Bope atiraram nos pés dos cinegrafistas para impedir o registro do covarde espancamento (vejam vídeo: http://vimeo.com/8087713). Já no camburão José escutou pelo rádio do carro da PM que o motorista era o sargento Cássio. José perguntou:

— Por que estou preso? Não agredi ninguém, não sou bandido, não sou corrupto.

Cássio:

— Cala a boca, moleque! Se eu te encontrar algum dia por aí, eu te assassino.

Com este episódio ficou bastante claro para mim que, no exercício de 24 anos de democracia, não conseguimos minimamente mudar a cultura da arbitrariedade, da brutalidade e da violência da nossa polícia. Uma cultura consolidada nos 21 anos de ditadura militar. É um sentimento altamente frustrante e desanimador.

Fomos informados que José tinha sido levado para a 2ªDP (Asa Norte) e fomos para lá. Como ali não estava, fomos para a 5ªDP (Setor Central), onde um policial civil consultou todas as delegacias e nada do meu filho. Entramos em pânico e acionamos senadores, deputados, instituições dos direitos humanos. José foi detido em torno das 13h e só apareceu na 5ª DP às 16h15. Ficou esse tempo todo algemado dentro de um camburão que fazia pequenos deslocamentos, sem água e sem alimento.

Encontrei meu filho dentro da delegacia, sem camisa e com dores. Com escoriações no pescoço, nas costas, nos braços e com dores na costela e na boca do estômago, devido aos socos sofridos. Mas ele estava de cabeça erguida e altivo. Relatou todos estes fatos em seu depoimento e olhou de frente e nos olhos de seus algozes, que estavam também na delegacia. Ao anoitecer saímos da 5ªDP e fomos para o IML e depois ao tribunal que julgaria as representações que José fez contra a violência que sofreu por parte da PM do Distrito Federal. Na representação foram anexados vídeos, fotos e depoimentos de várias testemunhas que presenciaram a brutalidade contra ele. Em torno da meia-noite o juiz entendeu que havia necessidade de ouvir melhor os policiais, pois seus depoimentos estavam muito sucintos, e determinou o retorno do processo à 5ª DP.

José Ricardo foi punido. Foi agredido violentamente e só depois foi dada a ordem de prisão. Aplicaram uma pena (ou tortura?) a ele: prisão em um camburão, abafado e quente, por mais de três horas. Ameaçaram-no de morte.

De todo o megaescândalo da corrupção no DF, só comparável ao “Fora Collor”, já temos o primeiro punido. Vamos aguardar com muita ansiedade o próximo a ser punido.

Rubem Fonseca Filho, pai de José Ricardo Fonseca


Fonte: Correio Braziliense - 12/12/2009


Vídeo: http://vimeo.com/8087713

http://orusso.blog.uol.com.br/







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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A blogueira Yoani e suas contradições


Frei Betto

O mundo soube que, a 7 de novembro último, a blogueira cubana Yoani Sánchez teria sido golpeada nas ruas de Havana. Segundo relato dela, “jogaram-me dentro de um carro... arranquei um papel que um deles levava e o levei à boca. Fui golpeada para devolver o documento. Dentro do carro estava Orlando (marido dela), imobilizado por uma chave de karatê... Golpearam-me nos rins e na cabeça para que eu devolvesse o papel... Nos largaram na rua... Uma mulher se aproximou: “O que aconteceu?” “Um sequestro”, respondi.

(www.desdecuba.com/generaciony)

Três dias depois do ocorrido nas ruas da Havana, Yoani Sánchez recebeu em sua casa a imprensa estrangeira. Fernando Ravsberg, da BBC, notou que, apesar de todas as torturas descritas por ela, “não havia hematomas, marcas ou cicatrizes” (BBC Mundo, 9/11/2009). O que foi confirmado pelas imagens da CNN. A France Press divulgou que ela “não foi ferida.”

Na entrevista à BBC, Yoani Sánchez declarou que as marcas e hematomas haviam desaparecido (em apenas 48 horas), exceto as das nádegas, “que lamentavelmente não posso mostrar”. Ora, por que, no mesmo dia do suposto sequestro, não mostrou por seu blog, repleto de fotos, as que afirmou ter em outras partes do corpo?

Havia divulgado que a agressão ocorreu à luz do dia, diante de um ponto de ônibus “cheio de gente.” Os correspondentes estrangeiros em Cuba não encontraram até hoje uma única testemunha. E o marido dela se recusou a falar à imprensa.

O suposto ataque à blogueira cubana mereceu mais destaque na mídia que uma centena de assassinatos, desaparecimentos e atos de violência da ditadura hondurenha de Roberto Micheletti, desde 27 de junho.

Yoani Sánchez nasceu em 1975, formou-se em filologia em 2000 e, dois anos depois, “diante do desencanto e a asfixia econômica em Cuba”, como registra no blog, mudou-se para a Suíça em companhia do filho Téo. Ali trabalhou em editoras e deu aulas de espanhol.

Em 2004, abandonou o paraíso suíço para retornar a Cuba, que qualifica de “imensa prisão com muros ideológicos”. Afirma que o fez por motivos familiares. Quem lê o blog fica estarrecido com o inferno cubano descrito por ela. Apesar disso, voltou.

Não poderia ter assegurado um futuro melhor ao filho na Suíça? Por que regressou contra a vontade da mãe? “Minha mãe se recusou a admitir que sua filha já não vivia na Suíça de leite e chocolate” (blog dela, 14/08/2007).

Na verdade, o caso de Yoani Sánchez não é isolado. Inúmeros cubanos exilados retornam ao país após se defrontarem com as dificuldades de adaptação ao estrangeiro, os preconceitos contra mulatos e negros, a barreira do idioma, a falta de empregos. Sabem que, apesar das dificuldades pelas quais o país atravessa, em Cuba haverão de ter casa, comida, educação e atenção médica gratuitas, e segurança, pois os índices de criminalidade ali são ínfimos comparados ao resto da América Latina.

O que Yoani Sánchez não revela em seu blog é que, na Suíça, implorou aos diplomatas cubanos o direito de retornar, pois não encontrara trabalho estável. E sabe que em Cuba ela pode dedicar tempo integral ao blog, pois é dos raros países do mundo em que desempregado não passa fome nem mora ao relento...

O curioso é que ela jamais exibiu em seu blog as crianças de rua que perambulam por Havana, os mendigos jogados nas calçadas, as famílias miseráveis debaixo dos viadutos... Nem ela nem os correspondentes estrangeiros, e nem mesmo os turistas que visitam a Ilha. Porque lá não existem.

Se há tanta falta de liberdade em Cuba, como Yoani Sánchez consegue, lá de dentro, emitir tamanhas críticas? Não se diz que em Cuba tudo é controlado, inclusive o acesso à internet?

Detalhe: o nicho Generación Y de Sánchez é altamente sofisticado, com entradas para Facebook e Twitter. Recebe 14 milhões de visitas por mês e está disponível em 18 idiomas! Nem o Departamento de Estado do EUA dispõe de tanta variedade linguística. Quem paga os tradutores no exterior? Quem financia o alto custo do fluxo de 14 milhões de acessos?

Yoani Sánchez tem todo o direito de criticar Cuba e o governo do seu país. Mas só os ingênuos acreditam que se trata de uma simples blogueira. Nem sequer é vítima da segurança ou da Justiça cubanas. Por isso, inventou a história das agressões. Insiste para que suas mentiras se tornem realidades.

A resistência de Cuba ao bloqueio usamericano, à queda da União Soviética, ao boicote de parte da mídia ocidental, incomoda, e muito. Sobretudo quando se sabe que voluntários cubanos estão em mais de 70 países atuando, sobretudo, como médicos e professores.

O capitalismo, que exclui 4 bilhões de seres humanos de seus benefícios básicos, não é mesmo capaz de suportar o fato de 11 milhões de habitantes de um país pobre viverem com dignidade e se sentirem espelhados no saudável e alegre Buena Vista Social Club.

Frei Betto é escritor, autor de “Calendário do Poder” (Rocco), entre outros livros.

Publicado em...

http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=13867&cod_canal=53





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sábado, 5 de dezembro de 2009

FHC - Um bit bull com complexo de vira-lata


FHC: "NO BRASIL, TUDO FRACASSOU"

Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 611

Agosto de 2007

. Reproduzimos a seguir alguns trechos da reportagem de João Moreira Salles sobre e com Fernando Henrique Cardoso, publicada na revista Piauí de agosto.

. O Conversa Afiada considera estarrecedoras algumas das declarações desse ex-presidente do Brasil.

. E encaminhou essas declarações ao presidente do PSDB, a dois candidatos do PSDB à Presidência da República (José Serra e Aécio Neves), a um ex-candidato do PSDB à Presidência (Geraldo Alckmin) e às lideranças do PSDB na Câmara e no Senado com a seguinte pergunta: o senhor concorda com essas afirmações do Presidente de Honra de seu partido, e que se diz “a única oposição” ?

Veja os melhores momentos de FHC, o Farol de Alexandria na Piauí:

“Que ninguém se engane: o Brasil é isso mesmo que está aí. A saúde melhorou, a educação melhorou e aos poucos a infra-estrutura se acertará. Mas não vai haver nenhum espetáculo de crescimento, nada que se compare à China ou à Índia. Continuaremos nessa falta de entusiasmo, nesse desânimo.”

“Quais são as instituições que dão coesão à sociedade ? Família, religião, partido, escola. No Brasil, tudo isso fracassou.”

“No meu governo universalizamos o acesso à escola, mas para quê ? O que se ensina ali é um desastre.”

“A única coisa que organiza o Brasil hoje é o mercado. E isso é um desastre.”

“A parada de 7 de setembro é uma palhaçada.”

“Parada militar no Brasil é pobre pra burro. Brasileiro não sabe marchar. Eles sambam ... A cada bandeira de regimento a gente tinha que levantar, era um senta levanta infindável. Em setembro venta muito em Brasília e o cabelo fica ao contrário.”

“Os americanos têm os founding fathers ... A França tem os ideais da Revolução. Eu disse para os homens de imaginação, para o Nizan Guanaes: olha, a imaginação do povo é igual à estrutura do mito do Lévi-Strauss, ou seja, é binária: existem o bem e o mal. Eu fui eleito Presidente da República porque fiz o bem – no caso, o real. O real já está aí, eu disse. Chega uma hora em que a força dele acaba. O que vamos oferecer no lugar ? Ninguém soube me dar essa resposta. Eu também não soube encontrá-la.”

“Essa coisa de ser brasileiro é quase uma obrigação.”

“O problema do Brasil não é nem o esfacelamento do Estado. É algo anterior: é a falta de cultura cívica.”

“Como eu ia dizendo, é bom ser brasileiro: ninguém dá bola.”
(Ao sobrevoar Little Rock, no Arkansas, terra de Bill Clinton) “Parece o Mato Grosso ...” disse com um muxoxo.(No aeroporto, ao sair da sala de espera dos viajantes de classe “econômica” e se dirigir para a sala reservada aos da classe “executiva”) “E eu sofrendo no meio do povo à toa.”
“Não acredito que o Lula tenha práticas de enriquecimento pessoal... O que há é que ele é um pouco leniente.”

“Já o Lula é o Macunaíma, o brasileiro sem caráter, que se acomoda.”

“O que houve não foi uma ruptura epistemológica no meu projeto intelectual, mas uma ruptura ontológica do mundo... No final da década de 80, não estávamos mais enfrentando teorias, mas a realidade. Olhamos o que existia e estava tudo em pedaços. Estávamos falidos. Fomos forçados a privatizar, não havia outro jeito.”

“Sou mesmo a única oposição, mas estou me lixando para o que o Lula faz. O problema é a continuidade do que foi feito.”

“ ... no Governo Sarney. Foi quando começou o loteamento dos cargos ... Com o PMDB, o que se loteou foi a máquina do Estado: ministérios, hospitais, todo tipo de órgão, até o mais insignificante, tudo. O Estado desapareceu, virou patrimônio dos políticos.”

. (Num discurso no Clube de Madri, de ex-presidentes) Passa então a rechear sua fala com a “coesão mecânica” e a “coesão orgânica de Durkheim (mais tarde no táxi: “é o bê-á-bá da sociologia. Olhei em volta, vi que não tinha nenhum sociólogo e mandei ver.”).

“Fiquei cliente do Harry Walker, o mesmo agente do Clinton. Em média me oferecem 40 mil dólares (por palestra); ele fica com 20%... Em Praga, uma vez, como éramos um grupo de palestrantes, não cheguei a falar nem vinte minutos – pagaram 60 mil dólares. O Clinton chega a ganhar 150 mil.”

“Em restaurantes em Buenos Aires sou aplaudido quando entro. É que eu traí os interesses da pátria, então eles me adoram.”! A neta Julia, de 18 anos, balança a cabeça: “Como é que ele diz essas barbaridades ...”

O Conversa Afiada encaminhou as declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a pergunta: "o senhor concorda com essas afirmações do Presidente de Honra de seu partido, e que se diz 'a única oposição' ?" às seguintes lideranças do PSDB:

Tasso Jereissati - presidente do PSDB
José Serra - governador de São Paulo e possível candidato do PSDB à Presidência da República
Aécio Neves - governador de Minas Gerais e possível candidato do PSDB à Presidência da República
Geraldo Alckmin - ex-candidato do PSDB à Presidência da República
Antonio Carlos Pannunzio - líder do PSDB na Câmara
Arthur Virgilio - líder do PSDB no Senado

Nesta terça-feira, dia 14, por sugestão do leitor Jota, o Conversa Afiada também encaminhou o comentário de Fernando Henrique Cardoso e a pergunta "o senhor concorda com essas afirmações do Presidente de Honra de seu partido, e que se diz 'a única oposição' ?" aos ex-comandantes do Exército nos oito anos do Governo de FHC. São eles:Zenildo Lucena - Ministro do Exército no 1º mandato de FHC (1995 a 1998)
Gleuber Vieira - Ministro do Exército no 2º mandato de FHC (1999 a 2002)

Aguardamos as respostas.


Nesta quinta-feira, dia 16, o Conversa Afiada voltou a cobrar as respostas à pergunta encaminhada às lideranças do PSDB e aos militares que chefiaram o Exército durante os oito anos do governo FHC.

O general Gleuber Vieira, Ministro do Exército no 2º mandato de FHC (1999 a 2002), respondeu: "não pretendo me manifestar publicamente sobre o assunto".
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Esta matéria foi postada no antigo site Conversa Afiada, tentamos acessá-la usando o link http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/449001-449500/449100/449100_1.html, mas não conseguimos abrir a postagem.

Disponível em diversos blogs:

Blog do Augusto

http://augusto2901.blogspot.com/2007/08/fhc-no-brasil-tudo-fracassou.html

Rumores Alvissareiros

http://rumoresalv.blogspot.com/2007/08/fhc-brasil-tudo-fracassou.html

Entre outros.

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