domingo, 30 de agosto de 2009

As praias paulistanas do Tietê continuam lindas!


Alyda Sauer

É impressionante como o Jornal da Band não deixa passar um dia sem inventar alguma mazela para a cidade do Rio de Janeiro.

Hoje o [Ricardo] Boechat disse, com indignação estampada nos belos olhinhos azuis, que as praias mais lindas do país estão cada dia mais violentas e perigosas... A reportagem filmou grupos de negros na praia conversando tranqüilamente e entrevistou um garotão que falou de uma briga que presenciou na semana passada, que segundo ele parecia ser de "facções" rivais dos morros da zona sul.

Meus filhos vão à praia todos os fins de semana, em pontos desde Copacabana até o Leblon, e não vêem nem ouvem falar de qualquer tumulto há anos. O que contam, isso sim, é que todo final de semana ocorre alguma briga das facções de pitbulls brancos de olhos azuis, nos bares e boates do Leblon e da Barra da Tijuca.

Essa foi só mais uma notícia tendenciosa contra o Rio, mas podem reparar: todos os dias inventam alguma. Talvez seja uma "guerra santa" do turismo, SP x Rio, fora a mania da mídia de pintar um quadro de violência muito maior do que aqui existe...

Alyda Sauer é tradutora, paulista, radicada no Rio de Janeiro, e colaborou com a nosssa AAA-PressAA nos fornecendo esta esclarecedora nota.

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PressAA

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domingo, 23 de agosto de 2009

Raul Longo divulga carta de Artur Peres



Raul Longo

Eu tento explicar para o Arthur Peres e peço para ele imaginar a possibilidade de algum dia o PT voltar a ser oposição. Pergunto se ele acha que o PT precisaria estar inventando escândalos por causa de caixa 2, como do Eduardo Azevedo quando presidente do PSDB, ou pela compra de votos para mudar a Constituição, como fez o Serjão para o projeto de perpetuação de poder do FHC. Claro que o PT não precisaria ficar especulando sobre um mero encontro de uma secretariazinha qualquer com algum Ministro.

Para o PT, se voltar a ser oposição, será só lembrar quem pagou uma das maiores dívidas externas do mundo, os milhões de pessoas resgatadas da miséria, as tantas comunidades beneficiadas pelo Luz para Todos, a contenção da inflação, o aumento real do salário e seu poder aquisitivo, a retomada do emprego formal e o crescimento do país, a transformação do Brasil de devedor a credor internacional e com reservas suficientes para transformar a crise mundial em mera marola.

Agora, o que é que os DEMO/TUCANOS e seus aliados podem lembrar? Que triplicaram a dívida do país a cada crise pontual em algum país do outro lado do mundo? Que terminaram o governo com um apagão que deu de prejuízo ao país o valor de 5 hidroelétricas de grande porte? Que promoveram o maior desemprego já sofrido no país? Que congelaram os salários por 8 anos? Que elevaram os juros à 40% ao ano e etc., etc., etc...?

Explico isso tudo pro Arthur, mas ainda assim ele continua indignado e me pede para divulgar essa carta que escreveu para a mídia. [Nota da PressAA: Essa mesma! A banda mais forte e mais apodrecida do oligopólio midiático brasileiro, aliada da ditadura criminosa e que promoveu a mentira Collor de Melo e o fracasso do Plano Real].

Como a carta do Arthur é de uma lógica insofismável, atendendo ao seu pedido, aí está...


Senhores da mídia

Sou engenheiro aposentado e acompanho nossa história republicana com um misto de prazer e horror. Prazer por possibilitar-me o entendimento de nossa história em várias áreas bem como os movimentos políticos que a constituíram. Horror pelo fato de observar que a quase totalidade dos meios de comunicação agiu sempre no sentido de guindar ao poder partidos com características conservadoras, sempre de costas para o povo brasileiro e visando exclusivamente seus próprios privilégios.

Aqui é preciso analisar a história do Partido dos Trabalhadores e dizer que perdi a memória, tantas foram as vezes, desde sua fundação, que os meios de comunicação tentaram acabar com esse partido. Até 2002, a oposição exercida pelo PT ao poder de plantão, jamais foi levada a sério por esses meios de comunicação. Nas vezes que o partido apresentou propostas e projetos para melhorar a vida do povo brasileiro e defender a soberania do Brasil, lá estava a mídia para censurá-lo e desmerecê-lo perante a sociedade.

Antes da ascensão de Lula ao poder essa mídia intensificou os procedimentos para desqualificá-lo, editorializando mensagens que davam conta de que o país entraria no caos caso o PT tomasse o poder. Com a vontade da maioria do povo, Lula assumiu a Presidência em 2003 tendo praticamente toda a mídia contra si. O mesmo se repetiu em 2006 quando Lula disputou o segundo mandato, tendo a mídia jogado pesado para beneficiar seu candidato preferido - o inexpressivo Geraldo Alkmin.

Nesses 7 anos de governo Lula, observou-se pela primeira vez na história do Brasil que a oposição existia. Os meios de comunicação dão amplo destaque à essa oposição, mesmo estando ela totalmente paralisada pelos resultados do atual governo. Jamais observou-se - até o final do governo FHC - tanta importância para o que diz e faz a oposição, atualmente exercida pelos tucanos, ex-PFL e políticos conservadores/reacionários.

Está fresca em nossa memória o brutal cerco sofrido pelo governo e pelo PT quando dos eventos surgidos com a irresponsável denúncia terrorista praticada pelo Roberto Jefferson dando conta do mensalão (até agora nada provado). Dai a tentativa constante de desmoralizar o PT levando jornalões, revistas semanais, telejornais e emissoras de rádio a construir consensos num extraordinário movimento, levado avante pelos seus jornalistas assalariados, no sentido de pespegar ao PT uma imagem não confiável e apresentando seus políticos como fracos e corruptos.

Políticos sérios do partido (que alguns da mídia chamam de sigla) envolvidos com a construção de um país mais livre e justo foram obrigados a deixar o governo e o noticiário político para se evitar crises que abalassem a República e a sua governabilidade. O noticiário permanentemente denuncista tentou jogar na lama o nome de José Dirceu, Genoino e muitos outros. Quando tiveram êxito, esqueceram esses políticos voltando-se a outros com a mesma fúria denuncista.

Gente da oposição - nunca incomodados em sua trajetória de privilégios - tiveram seus nomes retirados dos noticiários. O ex-senador Jorge Bornhausen chegou a pedir o impedimento do PT e esse disparate teve amplo destaque na mídia. As tentativas de defesa do partido, nesse episódio, não receberam o destaque merecido que jornais, TVs, revistas (com total liberdade permitida pela nossa Constituição) deveria proporcionar.

A última grande investida contra o PT e o governo Lula surgiu há algumas semanas. A mídia brasileira -agindo como um partido político - voltou-se contra um símbolo do negro passado desse pais, conhecido coronel que serviu à ditadura (que a Folha de São Paulo vergonhosamente cunhou de "ditabranda") e que sempre esteve no poder. Jornalistas independentes, historiadores, cidadãos conscientes do ponto de vista político lembram que até 2002 as tentativas de se investigar a fundo esse coronel e políticos corruptos, donos de capitanias, foram convenientemente esquecidas pelos jornalistas assalariados que hoje trabalham em grandes empresas de mídia.

Esse coronel cometeu um grave erro em sua biografia ao dar apoio a um governo que conta com 80% de aceitação do povo brasileiro. Começou a ser admoestado por seus pares (a oposição a Lula) que até então participaram das patifarias cometidas pela maioria dos senadores conservadores, presentes no Congresso há décadas! Nesse episódio os meios de comunicação mostraram claramente sua verdadeira obsessão em acabar com o Partido dos Trabalhadores, aproveitando para intrigar o povo com o Presidente Lula.

Seguramente essa não será a última tentativa de acabar com o PT. O próximo alvo a ter sua reputação destruída é o senador Mercadante. O objetivo, ademais, é liquidar com as chances da continuidade do terceiro mandato de Lula, com a Ministra Dilma. Novas denúncias virão para deixar a imagem do partido político arranhada e comprometida com a moral (sem ética) pregada pelas novas vestais da moralidade presentes nos partidos de oposição.

Diversos governadores, prefeitos, deputados, senadores e políticos do PT ficarão na história - que as gerações futuras conhecerão através da imprensa estrangeira - comprovando que o partido sempre trabalhou pela democracia e progresso da nação. É possível que alguns integrantes do partido tenham desonrado sua história, mesmo porque o partido não é constituído de anjos infensos ao mal. Os que desonram o partido serão punidos e julgados pela justiça e pela história. Mas são poucos. É pena, também, que alguns políticos do partido tenham se acovardado e deixado que o denuncismo dos diversos setores da mídia lhes atingissem suas honras e suas biografias.

Todavia, os resultados obtidos pelo atual governo e os diversos atores a serviço do Partido e do Brasil nunca serão escondidos pelos meios de comunicação, hoje empenhados no denuncismo. Toda a censura imposta ao PT, seu milhão de filiados e ao Presidente Lula, está fadada ao fracasso. A mídia, desrespeitando a inteligência do povo, pode enganar durante algum tempo parcelas pouco críticas da sociedade. Não conseguirá enganar todos por muito tempo. O PT sobreviverá e assistirá a ruína de todos os inimigos da povo brasileiro."

Arthur Peres


Raul Longo é jornalista, escritor e colabora com a AAA - PressAA
www.sambaqui.com.br/pousodapoesia

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PressAA

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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Laerte Braga justifica o filósofo Tim Maia

http://www.manohead.com/


O DESMANCHE DO PT – E DE LULA


Laerte Braga


Há um pensamento dominante entre petistas que qualquer crítica ao governo Lula signifique apoio, ou consentimento, ou ajuda, a manobras tucano/democratas para eleger José Serra em 2010. Ou o tresloucado governador de Minas Aécio Neves. Petistas não têm o hábito de olhar para o próprio umbigo e perceberem os equívocos cometidos pelo governo Lula e pelo partido numa trajetória errática que, mesmo com os altos índices de aprovação do presidente, não o exime de críticas.

Uma coisa são as alianças podres do governo e outra coisa são os podres tucanos e fétidos democratas. Eu não votaria em Aluísio Mercadante para nada. Mas entendo sua decisão de renunciar à liderança da bancada do partido no Senado. Não votaria nele, mas há diferenças abissais entre Mercadante e Jereissati ou qualquer tucano. Mercadante é um sujeito decente, tucano não sabe o que é isso.

O problema é que Sarney é um dos cânceres da política nacional e como todo câncer precisa ser extirpado. Do contrário todo o organismo fica comprometido. E não há nenhum milagre no fato de Lula ser mais popular que FHC. Qualquer um que não seja tucano ou democrata em qualquer canto do mundo.

O xis da questão é que quando os eleitores se libertaram do jugo corrupto dos tucanos, do governo FHC, elegeram Lula para fazer o contrário. Lula não fez. Dourou a pílula, evitou uma ou outra das costumeiras besteiras de FHC, o caráter entreguista do governo, mas não foi além do “capitalismo a brasileira”, perfeita definição de Ivan Pinheiro.

E isso, evidente, porque há uma diferença de caráter entre o atual presidente e o ex-presidente. Lula não é bandido. Mas também não é mocinho.

A senadora Marina da Silva viveu na pele, sofreu, agüentou, tentou de todas as formas, que políticas ambientais – era o que lhe cabia no governo enquanto ministra – obedecessem ao programa do seu partido, o PT.

Esbarrou no pragmatismo de setores do governo e do partido, numa aliança inacreditável que levou, por exemplo, o norte-americano Henry Meireles (algumas pessoas chamam de Henrique) à presidência do Banco Central.

Em busca de uma “governabilidade” que não tinha nada a ver com os anseios e aspirações dos brasileiros que o elegeram, Lula juntou-se a partidos e políticos inaceitáveis em qualquer circunstância.

O que foi o mensalão? A jogada perversa, mas fria, planejada e pensada de um político ligado à ditadura militar, com postura de extrema-direita, mas corrupto confesso, Roberto Jéferson, em favor de tucanos.

Por detrás da postura de Jéferson havia apenas um jogo de interesses e o ex-deputado não fez nada daquilo por acesso de bom caratismo, até porque nada do que disse ficou provado até hoje. Ao contrário da compra de votos para aprovar a emenda constitucional da reeleição no primeiro governo de FHC. Mas Lula deixou-se enredar e cada vez mais foi atolando seu governo e seu partido num PMDB tucano, sob a batuta de Michel Temer e noutra faceta, a do coronelismo, sob a regência de José Sarney.


Existe algo maior que Lula e o PT. Não inventaram nem a esquerda e nem a luta popular. Se faz parte do governo uma figura com a estatura de Celso Amorim, ou do secretário geral do Itamaraty, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, do ministro da Saúde, que por sinal é do PMDB, José Carlos Temporão, fez parte até pouco tempo um embuste chamado Mangabeira Unger. Está no Ministério das Comunicações um político no mínimo complicado, Hélio Costa.

Quais os avanços reais e efetivos na reforma agrária? Por que a entrega de ponderável parte do pré sal?

A opinião pública foi iludida no governo FHC com a conversa fiada que privatizando o governo teria mais dinheiro para a saúde, a educação e políticas sociais de reais e efetivos avanços, na prática, o programa bolsa família, tocado com a competência e a seriedade do ministro Patrus Ananias (uma das exceções positivas), mas e daí?

O governo Lula caiu na armadilha da política rasteira de Brasília, uma espécie de ilha da fantasia e os aspectos positivos acabam se perdendo nessa “arraia miúda”, pagando o preço de defender um dos mais corruptos e venais políticos do Brasil contemporâneo, exatamente José Sarney.

O Senado todo é uma desnecessidade como afirma o jurista Dalmo Dalari de Abreu? Num projeto político de governo popular é sim. Não importa que existam cinco ou seis senadores decentes. A chamada Câmara Alta pratica a mais baixa forma de política.

Lula pensou pequeno.

A senadora Marina da Silva, à frente do Ministério do Meio-ambiente, tratou de defender interesses nacionais para além dos específicos de sua pasta.

A Amazônia é talvez o maior desafio para o País, ao lado do problema da Comunicação em poder de grupos controlados de fora. Por gente de fora. De olho na Amazônia.

Quando candidato a presidente Lula falava em projeto Brasil. Onde está? Nos acordos feitos com a MONSANTO para a produção de transgênicos? Na VALE privatizada? Na EMBRAER em mãos do capital estrangeiro?

Na PETROBRAS acossada dia e noite por bandidos do porte de Jereissati, FHC, Arthur Virgílio, de olho nas contas bancárias e nas contribuições das empresas estrangeiras do setor petrolífero?

Há dias a Marinha brasileira divulgou um comunicado oficial repudiando e desmentindo o jornal THE GLOBE (alguns conhecem como O GLOBO) sobre a questão dos submarinos movidos a propulsão nuclear. Já poderíamos ter pelo menos três desses submarinos tomando conta das costas, do litoral do Brasil e não o temos por conta do jogo de empurra e entrega do governo FHC e da falta de decisão do governo Lula. A decisão veio agora e como compensação política. Não como parte de um projeto de defesa da soberania nacional e da integridade de nosso território que passa pelo mar territorial brasileiro. São indispensáveis, os submarinos.

Pior ainda. A Aeronáutica brasileira está a mercê de interesses norte-americanos e de Israel no que diz respeito a ser reequipada com caças à altura das reais necessidades da segurança nacional. É um problema que rola desde os tempos de FHC e Lula não resolveu. Só procurou equilibrar-se na conversa de uma no cravo e outra na ferradura, ou em soluções paliativas.

Segurança não pode confundido com empregado do CARREFOUR levando um negro para um quartinho (a empresa é cúmplice, é bandida) pelo fato de ser negro e, portanto, suspeito de ser ladrão. Uai! FHC é branco. Sarney apesar de pintar cabelos e bigodes de preto é branco. E nunca ninguém levou os dois para quartinho escuro.

A política de Lula para a Amazônia, para além da questão ambiental, inexiste. Ou o que existe é um outro exercício de equilibrismo entre as mega concessões feitas a setores e grupos privados e as palhaçadas do ministro Minc com dados estatísticos que não comprovam coisa alguma no essencial.

Falta decisão política efetiva de uma integração latino-americana que exclui tropas no Haiti. E um monte de outras coisas.

Onde o governo Lula consegue avanços – e existem – é onde estão figuras que na verdade garantem o mínimo de credibilidade e visibilidade desses avanços. Do contrário seria só uma exibição fantástica de carisma de Lula, inegável, mas compreensível se comparado com alguém como FHC, uma figura que tipifica o ser amoral. Sem escrúpulos.

Ou você acha que Obama chama Lula de “o cara” por que?

O governo dá a sensação, outro ponto, que não atinou para a grave ameaça à soberania nacional e especificamente a Amazônia, no que diz respeito ao acordo militar entre a Colômbia e os Estados Unidos. Sete bases militares para “combater o narcotráfico”? Ora, o narcotráfico, segundo o departamento de combate às drogas do governo dos EUA, está no governo colombiano. Em Álvaro Uribe.


E é o que menos importa. Importa o controle da Amazônia. Quando a GLOBO e outros se referem às FARCs como “terroristas” estão apenas tentando criar na opinião pública – e criaram – o monstro que devora criancinhas, mata idosos, não permite a democracia, quando no duro, as FARCs são um ponto de resistência ao avanço dos EUA sobre a Amazônia brasileira ou não.

Em seguida ao cancelamento da visita do presidente do Irã ao Brasil, o líder sionista (sinônimo de fascismo) que ocupa o ministério das Relações Exteriores de Israel apareceu por aqui para deitar falas sobre cooperação, de olho em comunidades palestinas no sul do País e na água, no controle da tríplice fronteira, onde agem às escancaras terroristas do MOSSAD.

Por que o governo brasileiro não rompeu relações diplomáticas com o governo golpista de Honduras? Qual a razão da presença de tropas brasileiras no Haiti num processo de ocupação e repressão ao sabor dos interesses dos EUA?

Marina da Silva não é a ponta de um iceberg. É o próprio. Não agüentou digerir tantos sapos assim. E existem diferenças fundamentais entre ela e Heloísa Helena. A senadora Marina tentou de todas as formas resistir dentro do PT. Não é uma temperamental como a alagoana. E não vai aqui nenhuma crítica sobre conduta em relação a Heloísa Helena, só a forma, ao jeito.

A decisão de deixar o partido foi consciente. Pensada e pesada. O que vai fazer daqui para a frente é outra conversa. Se se deixar ludibriar pelo canto de tucanos e democratas joga fora sua história. Não creio que faça isso. A senadora não dá mostras, nunca, de assimilar a convivência com pústulas padrão José Serra.

O problema Marina da Silva não é só Marina da Silva, o tamanho da perda (imenso). É o processo autofágico de Lula e do PT.

Isso significa que presidente e partido são absolutamente irresponsáveis no que diz respeito à luta popular e pensam apenas e tão somente na política menor de um institucional carcomido pela corrupção e pelo entreguismo.

Não se pode exigir das pessoas que fechem os olhos a isso e apóiem incondicionalmente o governo e seu partido.

Apoio incondicional, um político mineiro dos velhos tempos dizia que a gente “só presta a mãe”.

O que está em jogo é bem maior que Lula e o PT.

Os caminhos são outros. Ou esse País vira estado norte-americano, república de bananas, com bases militares no Nordeste como querem os EUA, sob a batuta de bandidos tucanos democratas à frente José Serra e toda a corte FIESP/DASLU.

Na luta pelo Brasil soberano, independente e justo, Lula e o PT são episódicos. Essa construção está acima deles. E a resistência se estende a atitudes e posturas como a de aliar-se a figuras como Sarney. Não se trata de sobreviver a nada, mas tão somente de criar condições de governabilidade dentro de um processo corrupto e anti-nacional.

É abrir as portas para José Serra em 2010. Ou pior, o irresponsável do governador de Minas. O tal que não tem dinheiro, mas compra apartamento de 12 milhões de reais.


Laerte Braga é jornalista, escritor, cineasta e, last but not least, colaborador da AAA - PressAA

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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Partidos mudos, partidos surdos, partidos sujos...



Lula e o segredo do partido mudo

O PT é um partido sem mídia.
O PSDB é uma mídia com partido.

Mauro Carrara

Poucos homens públicos brasileiros exibem currículo tão desonroso quanto o senador amazonense Arthur Virgílio.

Escolha-se uma patifaria qualquer. E logo se encontra o parlamentar como despudorado protagonista de uma façanha nessa categoria.

Qualquer “cidadão de bem”, se bem informado, pediria a cassação imediata do embusteiro da floresta. Bastaria que soubesse, por exemplo, como o tucano agiu na CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes para salvar seu comparsa Omar Aziz.

Ainda assim, Virgílio mantém-se como interlocutor preferencial da mídia golpista. Com sua cara de gaiato falastrão, posa como paladino da moral e dos bons costumes.

Lula o considera um sujeito de má índole e reclama por ter como oponente o mais desqualificado membro da Câmara Alta.

Este é apenas um exemplo de como o presidente trava uma luta desigual no campo da informação.

(...)

Há ainda quem diga que a tal “blogosfera” já é capaz de ocupar esse espaço estratégico, o que se constitui em estupendo equívoco, mesmo que se louve a batalha diária de Azenhas, Rodrigos, Cloaqueiros, Beatrices e outros heróis da resistência.

(...}

Herança de silêncio

No árduo trabalho para conduzir o metalúrgico à presidência, seu principal articulador prometeu que o Partido Mudo não invadiria alguns feudos de comunicação.

Em troca, as famílias do cartel de comunicação pegariam leve com o candidato.

O acordo nunca foi bem cumprido pelos midiocratas. E, em dado momento, o próprio articulador foi triturado por esses interlocutores.

Estranhamente, no entanto, os homens de comunicação do governo e do Partido Mudo ainda respeitam essa vergonhosa interdição.

O que, afinal, explica a manutenção desse transe? Acorda, zumbi! Fala!

Leia artigo completo do Mauro Carrara, está postado numa pá de sites, blogs e portais, escolhi o do Luiz Carlos Azenha Viomundo...

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/lula-e-o-segredo-do-partido-mudo/

Agora leia artigo que escrevi tempos atrás...


Gafanhoto Maroto
(4 de agosto de 2006)

Fernando Soares Campos


Um amigo me enviou um artigo assinado por César Benjamin, candidato a vice-presidente na chapa da senadora Heloísa Helena (PSOL), editor e autor de “A opção brasileira” (Contraponto, 1998, nona edição) e “Bom combate” (Contraponto, 2004). O texto trata de um encontro que Benjamin teve com o presidente Lula, em 1989, naquele momento derrotado nas urnas por Collor de Mello.

O ex-petista César Benjamin nos conta:

“...fui para a porta da Rede Globo de Televisão, no Rio de Janeiro, protestar contra a edição do último debate entre Lula e Collor, a exibição de seqüestradores do empresário Abílio Diniz com camisetas do PT e a manipulação de uma mulher pobre e ressentida, que havia recebido dinheiro para macular a vida pessoal do nosso candidato. Viajei em seguida a São Paulo, onde encontrei Lula. Tivemos um diálogo curto, que nunca esqueci. Lula me disse: ‘Cesinha, sabe quem me ligou nesses dias? O Alberico, da Globo. Jantei com eles anteontem. Derrubamos quatro litros de uísque. Eu pedi que não se preocupassem, que estava tudo bem entre nós. Não vou brigar com a Globo, não é, Cesinha?’"
Muitos de nós apontamos o pecado capital de Brizola: quebra de braço inútil com a Rede Globo de Televisão.

Já disse um guru ao seu discípulo: “Gafanhoto, nunca esqueça: a diferença entre uma pessoa inteligente e um sábio é que o primeiro aprende com os próprios erros”. No entanto só o tempo vai nos revelar quando acertamos ou erramos nos nossos relacionamentos interpessoais.

Os eleitores, cansados de viver a derrota política do PT, muitas vezes apontaram como um dos erros mais grave do PT a insistente determinação de não firmar acordos políticos com outras correntes ideológicas. Numa conversa que tive com certo político de “centro”, em Recife, no final dos anos 80, ouvi o camarada chamar de “purismo inútil” a atitude petista de não querer formar alianças “um pouco menos à esquerda”. Todos afirmavam num tom de cobrança: para se chegar ao poder, é necessário alianças, mesmo com a direita (claro que isso não queria dizer com “corruptos”, seria apenas no sentido ideológico). O PT sempre foi pressionado a isso: não cometer a “infantilidade” de Brizola, chamando a Rede Globo para o ringue; nem se isolar no “purismo dos ingênuos”, evitando alianças com partidos de centro.

Finalmente ficou comprovado que, no nosso sistema de castas, só se pode chegar ao poder através de alianças politicamente bem trabalhadas. Aliás, sem isso, nem mesmo o processo revolucionário cubano através das armas teria tido êxito. Não acredito que, em nenhum processo democrático, possa existir governabilidade sem os acordos e alianças políticas. Somente nas ferrenhas ditaduras é que se governa unilateralmente.

Foi o próprio Lula, quando era deputado federal, quem disse que o Congresso Nacional está “assim de picareta”, uns 300, na sua avaliação da época. A verdade é que 300 ou 3, sejam quantos forem, sempre haverá picareta nas casas legislativas de qualquer democracia. Quem os colocou lá? Nós, os eleitores, claro. Se o fizemos iludidos pelos seus discursos ou comprados pelas suas moedas, isso é outra discussão. A questão aqui é: o que fazer com os picaretas? Colocá-los no paredão e rrraaatatata...?! Então vamos dar o golpe e começar a faxina ditatorial. Mas, peralá!, quem são os picaretas? Isso, além de relativo, tem um fator angustiante: muitas vezes a gente sabe que o cara é 171, o sujeito chega ao requinte de assumir publicamente a franciscana filosofia do “é dando que se recebe”; às vezes vai além: assume a autoria de atos ilícitos incapazes de serem provados, como, por exemplo, dizer que alguém o subornou, mas não passou recibo da propina [caso de Roberto Jefferson no escândalo do "mensalão"], portanto nem ele próprio pode provar ao mundo que foi corrompido. Picareta que se preza comete o crime perfeito. Picareta que se preza corrompe-se e prova que as vítimas são os verdadeiros culpados.

O PT errou quando não quis enfrentar a Rede Globo na queda de braço? Errou quando fez alianças com a esquerda de quem vem? Errou quando se desentendeu com a extrema esquerda, essa que costuma dar uma volta de 359 graus e andar de mãos dadas com o ponto seguinte da circunferência? Erros existem para que aprendamos. Cabe ao “gafanhoto” escolher a maneira de aprender com eles.

Gosto de escrever ficção, por isso fiz de conta que estive no encontro de “Cesinha” com Lula. Aí, a meu ver, o papo entre os dois se deu assim:

Lula: — Cesinha, sabe quem me ligou nesses dias? O Alberico, da Globo. Jantei com eles anteontem. Derrubamos quatro litros de uísque. Eu pedi que não se preocupassem, que estava tudo bem entre nós. Não vou brigar com a Globo, não é, Cesinha?.

Porém creio que a conversa não se encerou por aí. Lula teria completado:

Lula: — Deixei que eles pensassem que estamos satisfeitos com tudo isso. Se falasse que, no caso da edição do debate, eles foram verdadeiros fdp’s, os caras só iam se trancar e fazer mais efedepices. O que você acha, Cesinha?

Cesinha, provavelmente, bateu no ombro de Lula e deve ter concluído:

"Com um líder como você, companheiro, a gente chega lá!"

O “gafanhoto” viajou de volta para o Rio, feliz, convicto de que tivera um papo histórico com o presidente do PT e futuro presidente da República.

Acertou.

Quem sabe ele seria o vice... ou o próximo primeiro mandatário desta nação?

Errou

Mas, com a experiência do seu guru, Benjamin está tentando acertar. Resta saber se, hoje [à época como candidato a vice de Heloísa], ele ainda está disposto a ir para a porta da Rede Globo de Televisão, para protestar contra alguma matéria cuja edição ele não venha a gostar. Ou se teria aprendido a lição.

De qualquer forma, senadora Heloísa Helena, imagino que V.Exa. não bebe, mas, se rezar junto com o pessoal da Globo, peça a Deus para que seu vice não saiba, pois Cesinha gosta de contar suas conversas reservadas.
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19 de agosto de 2009: Quando Cesinha se desiludiu, sacando que não seria ele o vice de Lula, nem o próximo da lista para presidente da República, caiu fora do PT. Haja despeito! Haja inveja! Haja pavão! Haja covardes! Haja corruptos! Haja acordos de compadrio! Haja golpistas! Haja filhos da puta!

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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Rede CUBO'aa entra na briga pela audiência

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E O “HOMER SIMPSON”, COMO FICA?

Laerte Braga

GLOBO e RECORDE travam um duelo de baixarias que buscam sofisticar em torno da guerra pelo controle da audiência. E por audiência se entenda o “negócio”. Quem melhor vai vender a sua “mentira” para o que William Bonner, uma espécie de bispo global, chamou de Homer Simpson.

Não há diferenças entre uma e outra. A bem da verdade entre nenhuma das redes nacionais de tevê. Trabalham para os mesmos donos. Importante é vender o capitalismo lato senso, sem concessões, transformar o ser humano em mero consumidor. O caminho para isso é o definido por Bonner. Homer Simpson, que deixa de ser nome próprio para virar adjetivo. Qualidade de idiota com que o cidadão/telespectador é tratado.

Ao contrário do que ocorre em países ditos civilizados, Estados Unidos, Grã Bretanha e outros, o Brasil não dispõe de uma legislação que regule a comunicação eletrônica. Quando se tentou a GLOBO partiu para cima com tal voracidade que, a todos os governos, inclusive os do período da ditadura militar, faltou coragem para peitar a rede. O que era para ser um veículo de comunicação dos donos ganhou tal poder, cresceu de forma desmesurada e hoje a simples providência de mostrar tanto a GLOBO como a RECORDE que ambas são concessões de serviço público se transforma numa idéia impossível ou inimaginável, tamanha a força que têm.

Hélio Costa, ministro das Comunicações do governo atual, é preposto da GLOBO. Como prepostos foram os ministros anteriores.

Um dos mais poderosos instrumentos de comunicação deixa de cumprir seu papel de informar, educar, entreter, para mergulhar numa guerra em disputa de fiéis que se disponham a ficar estáticos ouvindo e repetindo as “verdades” de cada quadrilha. Fiéis sim, a GLOBO não busca outra coisa diferente do que a RECORDE.

Os incautos, os ludibriados


Em toda essa guerra a RECORDE levantou a história da GLOBO, seus vínculos com a ditadura militar, sua origem no capital estrangeiro (em franco desrespeito à lei, mas ao sabor dos ditadores que viriam a seguir), seu silêncio na campanha das diretas já, no processo de impedimento de Collor, a fraude da PROCONSULT tentada nas eleições de 1982 contra Leonel Brizola, os fatos principais, maiores, mas nem de longe toca na sua origem. Ou na origem de Edir, o Macedo, pivô de toda a confusão.

E tampouco no processo permanente e muito bem montado de idiotização do telespectador/brasileiro. Que não está só na desinformação do JORNAL NACIONAL, mas nas besteiras de Fausto Silva, no oba oba intragável de Luciano Hulk, em todo o complexo, digamos assim, de colonização do brasileiro.

Na década de 60, século passado, o governo dos Estados Unidos (a partir de John Kennedy) criou e pôs em prática um programa assistencialista chamado Aliança para o Progresso. Kennedy referia-se ao programa como uma espécie de plano Marshall. Esforços no pós guerra (1945) para reconstruir a Europa devastada pelos nazistas.

Não era nada disso. Toneladas de leite em pó distribuídas às populações pobres do Brasil e que segundo o extraordinário Josué de Castro traziam junto componentes esterilizadores (havia e há interesse em evitar o crescimento populacional do Brasil) e, pastores da igreja ligada a Billy Graham, um dos maiores expoentes do império norte-americano durante governos democratas e republicanos. O auge do pastor, que chegou a vir ao Brasil a convite de um pool de empresas e transmissão ao vivo da GLOBO, foi no governo Reagan.

A tarefa desses pastores era simples. Formar “quadros” religiosos no País (na América Latina como um todo, chegaram ao Chile primeiro) capazes de se contrapor a uma Igreja Católica então progressista e vivendo a Teologia da Libertação, a Igreja que emergiu do Concílio Vaticano II. Hoje o problema não existe. Os norte-americanos se meteram no Vaticano, elegeram João Paulo II e detêm o controle acionário de Roma com o gerente Bento XVI.

O fascínio exercido nos latino-americanos pela revolução cubana (a perspectiva de liberdade e construção de nações livres e soberanas), o crescimento de movimentos sociais no campo (Ligas Camponesas no Brasil), a organização nas cidades, UNE, surgiu no governo Goulart o primeiro embrião de central única de trabalhadores, o CGT (Comando Geral de Trabalhadores), todos esses fatores somados e aliados a uma Igreja Católica capaz de compreender que a luta armada resta como recurso para um povo quando esgotado todos os outros (Mater et Magistra), gerou esse monte de Edir, o Macedo, tanto quanto, um monte de GLOBOS pelos países da América Latina.

É possível que Bonner sinta-se uma espécie de cardeal in pectori, aquele que ninguém sabe que é, mas Wall Street sabe. E Bonner pelo que ele simboliza, só por isso. Quando esgotar a data de validade entra outro.

Quem for esmiuçar os fatos vai encontrar, por exemplo, discursos candentes de Carlos Lacerda (extrema-direita) contra a GLOBO em seus primórdios. De Amaral Neto que chegou a apresentar uma edição especial do programa NOITE DE GALA – um dos mais vistos à época – denunciando a forma como a GLOBO vinha se impondo. Foram enquadrados após o golpe.

Edir, o Macedo, é isso. A disputa é pelo chapéu cardinalício conferido pelo esquema FIESP/DASLU – tucano/democrata – no Brasil, com as bênçãos de Washington.

Para uma e para outra não importam os fatos, têm sentido as versões. Se, eventualmente, estiverem em campos opostos é por conta dessa disputa. Que não é uma disputa de essência.

GLOBO e RECORDE cheiram mal

Macedo chegou a ter sua prisão decretada nos Estados Unidos por várias práticas ilegais. Foi salvo por aquela personagem típica do país. O agente da CIA que se sobrepõe à lei em função dos “interesses nacionais”. Enquanto for capaz de defender esses “interesses” continua bispo.

A grande preocupação da GLOBO hoje é que o bispo não é nenhum bobalhão de meia tigela. Pelo contrário. Ganhou as concessões de tevê e tratou de montar uma rede com nível técnico capaz de disputar com a quadrilha Marinho. Ao contrário da BANDEIRANTES que decidiu permanecer uma rede paulista, ou o SBT, rede de um homem só.

As análises feitas por especialistas mostram que nos últimos anos a perda da média de audiência da GLOBO, vão levar a RECORDE a um ponto de empate e aí a verba para enganar e mentir aos brasileiros vai ser dividida. O sabão OMO não vai concentrar o grosso da publicidade na GLOBO. Vai ficando cada vez mais cara a manutenção de monopólios como no caso das transmissões do campeonato brasileiro de futebol e da copa do mundo. Isso a médio e longo prazos.

Ou de comprar eventos os mais variados para não exibir, mas evitar que a concorrência o faça. A GLOBO faz isso.

Esse é o xis da questão. E essa é aposta da GLOBO na eleição de José Serra, por exemplo. E já sai furada, pois tucanos têm se aproximado cada vez mais, ou tentado, de igrejas neopentecostais no País, exatamente por perceber que por trás da fé existe um projeto político claro e delineado e de extrema-direita.

O fiel nessa história, seja da GLOBO ou da RECORDE é só o trouxa. Foi o que Bonner quis dizer quando chamou o telespectador padrão do JORNAL NACIONAL (o da mentira) de Homer Simpson. Há um dado aí interessante. Ao citar um “herói” idiota de uma série norte-americana Bonner mostra que pensa como tal. Como norte-americano. Macedo já mora por lá.

E a série, anos a fio de sucesso, é crítica desse modelo.

Em Honduras o governo golpista financiado por grupos econômicos dos EUA, apoiado por militares norte-americanos, com a cumplicidade das elites ditas hondurenhas (ditas porque elites são apátridas), com o garçom Barak Obama olhando para o outro lado e fingindo que não vê a mesa da luta pela legalidade democrática, continua prendendo, torturando, estuprando mulheres, matando, impondo ao país um regime de terror, mas importante para GLOBO e RECORD é mostrar qual rede é mais bandida que a outra.

Quer dizer em Honduras. Se no Irã o presidente espirrar vão dizer que está espalhando o vírus da gripe suína.

Não tem mais nem menos, são iguais. Num país sério seriam advertidas, suspensas e até cassadas as concessões, mas aí já é demais. Imagine Gilmar Mendes analisando um pedido da GLOBO. A justiça não julgou até hoje o golpe que Roberto Marinho aplicou na compra da antiga RECORD em São Paulo. Vigarice pura, com direito a falsificar documentos, toda a sorte de trapaças.

Está faltando o Pedro Bial nessa briga para chamar alguém de “nossos heróis”. Ou a Míriam Leitão para dizer que o bispo Edir, o Macedo, é agente iraniano disfarçado. Ou um pastor desses para chutar o plim plim.

São farinha do mesmo saco.
Laerte Braga é jornalista, escritor, cineasta e, last but not least, colaborador da AAA - PressAA
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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Laerte Braga: A Era Obama



A ERA OBAMA


Laerte Braga

Barak Obama é o mais completo e genuíno produto do marketing político. Peça por peça é uma dessas máquinas que se imagina perfeita e capaz de todas as luzes possíveis ou impossíveis, quando, na verdade, mantém e dá seqüência a escuridão imposta ao mundo pelo império norte-americano.

As legiões de César foram capazes de se tornar Roma senhora absoluta do mundo conhecido num determinado tempo e espaço. A grama não medrava por onde passavam os cavalos de Átila, o rei dos Hunos.

Obama tem ao seu dispor um arsenal capaz de destruir o planeta tantas vezes quanto desejar para impor sua “democracia”, sua “justiça”, sua “paz” e transformar todos os seres humanos em escravos a sustentar uma única nação.

É como se na Terra existissem dez famílias e todas as galinhas do galinheiro fossem para a mesa de uma só família. Por que? A família detentora da borduna.

São cerca de 800 bases militares dos EUA espalhadas pelo mundo. São mais de cinco mil ogivas nucleares, armas químicas e biológicas, dispostas em cada base, ou frotas, a criar a realidade desse mundo dominado e sujeito aos interesses desses senhores.

Nos seus oito meses de governo já foram mortos mais de dois mil civis no Afeganistão e em outros cantos, por conta de operações de “paz”. Cogitam de povoar a América Latina com bases militares num pais governado pelo tráfico – a Colômbia – e assegurar em futuro breve o controle da Amazônia.

Os EUA tem um aliado de peso, na verdade um pequeno estado terrorista no Oriente Médio, Israel, forjado na medida exata da barbárie do poder militar e econômico que se espalha numa velocidade bem maior e bem mais letal que qualquer epidemia de gripe.

Os grupos que controlam Israel são os mesmos que controlam os EUA.

Obama é só uma vitrine enganosa e enganadora.

O historiador inglês Arnold Toynbee, num dos seus últimos trabalhos, pouco antes de morrer, escreveu que o conflito nuclear era inevitável, pois não havia sentido em duas potências (EUA e União Soviética) gastarem tanto dinheiro em armas dessa natureza para não usá-las.

A União Soviética foi vencida sem um só tiro, mas a perspectiva de confronto permanece viva e real. Não é entre o regime soviético e os EUA. É entre a espécie humana como tal e os norte-americanos. E os soviéticos perderam pelas virtudes e não pelos defeitos.

Uma luta de sobrevivência.

A decisão de construir sete bases militares na Colômbia ultrapassa todo e qualquer limite de respeito às nações latino-americanas, notadamente as sul-americanas. Viola soberania de países como o Brasil, a Argentina, a Venezuela, a Bolívia, todos.

É comum as forças armadas de países latinos por seus representantes emitirem constantes ordens do dia falando em patriotismo, em defesa das liberdades, dos valores isso e aquilo. É comum forças armadas latino-americanas golpearem as instituições populares, como agora em Honduras, escoradas nessa forma “patriótica”, que é o lado canalha e entreguista de militares em sua grande maioria.

A história está repleta de exemplos assim.

O complexo militar e industrial citado pelo ex-presidente dos EUA, um general, Eisenhower, comandante militar dos aliados na IIª Grande Guerra Mundial, envolve essas sub-forças espalhadas pelos países do mundo em sua grande maioria. E atrela elites econômicas.

Toda a arrogância européia não é nada. É só a aceitação passiva do controle exercido pelas bases da OTAN – ORGANIZAÇÃO DO TRATADO ATLÂNTICO NORTE –.

Não existem inimigos visíveis, existem interesses.

O controle dos meios de comunicação, descrito de forma esplêndida pelo presidente do Equador Rafael Corrêa, deita sobre brasileiros, equatorianos, argentinos, o modelo norte-americano. A cultura norte-americana. O modo de ser norte-americano. Mas, se pensamos como eles, não vivemos como eles.

A posição do governo brasileiro na reunião da UNASUR – nações sul-americanas – de considerar problema da Colômbia a instalação ou não de bases dos EUA em seu território, equivale a aceitar num jogo incompreensível a perspectiva de controle da Amazônia brasileira – a maior parte da região – até pela existência de programas de cooperação mútua no combate ao narcotráfico, eufemismo para que tomem posse de parte do território nacional. O SIVAM, palco de corrupção ativas e desavergonhada no governo de FHC, até de chantagem, é um exemplo disso.

As constantes criticas de militares brasileiros ao sucateamento das forças armadas não fazem sentido se olhadas dentro da perspectiva histórica dessas forças armadas. As intervenções militares no Brasil sempre se fizeram em nome dos interesses internacionais. Foram raras as exceções e via de regra escoradas em chefes militares com consciência histórica e de fato patriótica, caso do marechal Lott em 11 de novembro de 1955.

Não existe um pacto de defesa nacional que envolva militares e civis no Brasil. Militares têm sido um estamento dentro da nação brasileira. Uma instituição à parte. Ou se constrói esse pacto, a partir da tomada de consciência dos militares, ou não há sentido algum em considerar forças armadas como garantia da soberania nacional e da integridade de nosso território. É só ouvir os discursos do general Augusto Heleno e entender seu “patriotismo”.

A ERA OBAMA quer acrescentar, definitivamente, jóias à coroa imperial dos EUA. O golpe militar em Honduras tem esse significado. Não aceitam discordâncias, ou posições contrárias aos seus interesses. Na terça-feira, 11 de agosto, o governo dos EUA falou em políticas de defesa da democracia (o pirulito) e do livre comércio (a razão de ser). A maior dessas jóias é o Brasil.

O jornal FOLHA DE SÃO PAULO, em edição da semana anterior, afirma que as bases militares na Colômbia são um assunto “trivial”. Não iria fazer de outra maneira, tratar o assunto com a importância que ele tem. A FOLHA, como os chamados grandes veículos de comunicação do País, faz parte da folha de pagamento dos donos, os norte-americanos. Foi partícipe do processo da ditadura militar no Brasil, imposta a partir de Washington e sob o comando de um general norte-americano Vernon Walthers.

As críticas à luta armada na Colômbia, FARCs e ELN (FORÇAS ARMADAS REVOLUCIONÁRIAS COLOMBIANAS e EXÉRCITO DE LIBERTAÇÃO NACIONAL) não tratam do acordo político de paz costurado num período recente da história daquele país e nem na transformação da guerrilha num partido político, a UP – UNIDADE PATRIÓTICA –. César Benjamin, um dos protagonistas desse acordo, a convite do próprio governo colombiano à época, lembra em artigo divulgado ontem, que passadas as eleições três mil e quinhentos integrantes UP foram assassinados, entre eles o candidato presidencial e todos os que obtiveram mandato e mandatos foram obtidos em todos os cantos da Colômbia.

Nessa circunstância a luta armada na Colômbia é mais que válida. É legítima sob todos os aspectos.

O próprio César, em seu artigo, fala do golpe midiático que transformou as FARCs em organização do tráfico de drogas, quando o tráfico está no governo do presidente Uribe, ele próprio um narcotraficante.

Quando William Bonner baba histérico a expressão “terrorista” para referir-se aos inimigos dos EUA, está ajoelhando-se para Washington e Wall Street e inoculando um vírus em milhões de “Homer Simpson”.

Obama deu um prazo ao Irã para aceitar o diálogo em torno do programa nuclear daquele país. Quem dá prazo aos EUA diante dos programas de armas de destruição em massa?

A bomba atômica iraniana, por mais estúpidas que sejam armas nucleares e são, é uma imperiosa necessidade de sobrevivência de um povo que decidiu que não vai viver de joelhos.


E até hoje, duas bombas atômicas foram despejadas sobre populações civis. Hiroshima e Nagazaki, exatamente pelos libertadores do mundo, os norte-americanos. E quando a guerra já estava ganha. Foi apenas para testar os efeitos do artefato ao vivo e mostrar ao mundo a face real dessa gente.

Usam armas químicas no Iraque, no Afeganistão, balas de urânio empobrecido. Inventaram as forças armadas terceirizadas (mercenários), eufemismo para comprar e usar militares de outros países em função de seus interesses. Recriaram os campos de concentração à semelhança dos nazistas (Guantánamo e prisões em Israel)

A resistência, seja aqui, seja em Honduras, há de ser pacífica enquanto puder ser pacífica.

Não tenha dúvidas meu caro, num dado momento, qualquer que seja a correlação de forças, vai ser imperiosa a resistência armada.

É que nesse momento vai se tornar questão de sobrevivência de valores e princípios que se manifestam na soberania e na integridade do território seja do Brasil, seja da Venezuela, na essência, do ser humano como tal.

A ERA OBAMA é a continuação da boçalidade da ERA BUSH. É que a era real, é a do império norte-americano.

Obama é só um boneco vendido como qualquer Barbie.

O Brasil não vai sobreviver como nação soberana, independente, com o modelo político e institucional que temos. É controlado pelo econômico, o sistema FIESP/DASLU, que por sua vez, é parte do esquema maior, o que vem Washington.

É só olhar o Senado, ou o presidente do STF. E o monte de ramos que deita país afora. E um presidente que na hora agá acha que bases na Colômbia são um problema da Colômbia.

A resistência não passa por esse caminho.

Laerte Braga é jornalista, escritor , cineasta e colabora com a AAA- PressAA

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terça-feira, 11 de agosto de 2009

Raul Longo: AMÉRICA LATINA PASSO A PASSO - Os caminhos da cucaracha 3


No caso do Chile, a intervenção do imperialismo norte-americano na preparação e financiamento do golpe desempenhou, aliás, um papel importantíssimo. Tão indesmentível que Kissinger, nas suas memórias e em artigos e entrevistas, revelou, anos depois, que a CIA, cumprindo instruções da Administração Nixon, desenvolveu intensa actividade no apoio às forças de direita que se opunham ao governo de Allende. Posteriormente, documentos secretos divulgados pelo Departamento de Estado, confirmaram a profundidade do envolvimento dos EUA na conspiração militar que culminou no golpe do 11 de Setembro.
http://www.galizacig.com/actualidade/200309/omilitante_a_trinta_anos_do_11_setembro_chileno.htm


Os caminhos da cucaracha 3

AMÉRICA LATINA PASSO A PASSO

O que nos aproxima no espaço e no tempo?

Raul Longo

CHILE – Fundada em fevereiro de 1541, a cidade de Santiago, capital do Chile, foi construída com a ajuda dos nativos. Nove meses depois, foi destruída por eles mesmos, revoltados com as atitudes daqueles a quem auxiliaram, dando início à Guerra do Arauco...

...que se estendeu por 300 anos (3 séculos) e praticamente exterminou aquela cultura e etnia, da qual hoje restam aproximadamente 30% no Chile e 20% na Argentina.

Entre 1817 - 1818 o General Bernardo O’Higgins lidera um movimento armado obtendo a independência de Espanha, mas transferindo o país para o domínio do Império Britânico através de uma elite de origens européias. Latifundiários ao sul e mineralogistas ao norte, apoiados pela Igreja Católica.

Em 1881 uma nova elite ascende ao poder com ideais mais nacionalistas. Promove significativas reformas sócio/econômicas, mas em 1891 é derrubada por uma guerra civil promovida pela Igreja e pelos conservadores que retomam o poder instituindo um sistema Parlamentarista.

(MÁS DE 70 DETENIDOS EN LOS PRIMEROS ENFRENTAMIENTOS DE LA HUELGA NACIONAL DE LA MINERÍA DEL COBRE - junho 2007)

O evento conhecido como “La Matanza de Iquique” tem suas origens em Cobija, porto boliviano criado por Simón Bolívar em 1825. A Nitrates and Railway Company of Antofagasta – companhia inglesa com sede em Valparaíso, nega-se a pagar o imposto determinado pelo governo boliviano para exportação dos minérios extraídos do Chile (10 centavos por “quintal”, medida de grande quantidade de material em embarcações marítimas). Com isso se deu início a “Guerra do Pacífico” que eclodiu em 1879 e finalizou em 1884 com a anexação, ao Chile, de parte do território boliviano e de seus aliados Peru e Argentina. O governo dos Estados Unidos foi o mediador.

Segundo os arquivos da própria Nitrates Company, apesar de importantes políticos e ministros chilenos serem seus acionistas, foi preciso garantir-lhes a posse das minas bolivianas de cobre e salitre em Antofagasta para convencê-los a guerrear em favor dos interesses da companhia que assim obteve o direito de extração e comercialização destes minerais.

A extração mineral se executava através da espoliação dos trabalhadores roubado na pesagem dos minérios. Um sistema policial próprio reprimia violentamente as reclamações. Os salários com atrasos de até 3 meses ou mais, eram pagos em fichas que só poderiam ser utilizadas nos armazéns da própria Nitrates. Mantendo a propriedade das moradias, os ingleses as alugavam por exorbitâncias apesar das péssimas condições de habitação.

(Chile: desemprego, demissões e traição dos sindicatos - fev. 2009)

A exaustão laboral levou diversos mineiros à morte, e o governo chileno não respondia aos apelos dos trabalhadores que se manifestaram em 1907.

Cerca de 12 mil trabalhadores se concentraram na cidade portuária de Iquique, que pertencera ao Peru. Em 20 de dezembro 3.600 trabalhadores entre homens, mulheres e crianças, foram assassinados pelo exército chileno. No dia seguinte, enterrados em vala comum.

Da mesma forma o exército chileno assassinou Salvador Allende em 11 de setembro de 1973.

Em 64 Allende perdera as eleições presidenciais em uma campanha onde a CIA – Central Intelligence Agency dos Estados Unidos admitiu participação ativa em favor de seu opositor: Eduardo Frei. Mas na campanha seguinte Allende é eleito como o primeiro socialista a alcançar o poder na América Latina por vias democráticas.

(Salvador Allende, ao centro, resistindo em La Moneda)

A oposição a Allende controlava 82 cadeias de radiodifusão e 64 jornais (contra 36 emissoras e 10 periódicos pró-governo) quando Richard Nixon autorizou pessoalmente uma doação do governo dos Estados Unidos de US$ 700.000 para o maior jornal oposicionista El Mercúrio (seguida de muitas outras).

Durante o governo de Allende a CIA criou diversos grupos de pressão, entre eles o Pátria y Liberdad, grupo terrorista treinado em praticas de guerrilha no Texas, e de franca orientação nazi-fascista.

Moderado e também pressionado pela esquerda radical chilena, Allende acaba sofrendo um dos mais violentos golpes políticos perpetrados na América Latina, expressamente deflagrado por Richard Nixon e Henry Kissinger que possuíam aliados entre os assessores de Allende, entre eles o brasileiro Fernando Henrique Cardoso.

(Cena do filme "Chove sobre Santiago" - momento do golpe militar de 11 de setembro de 1973, quando o governo de Salvador Allende é derrubado)

O golpe de 11 de setembro foi precedido por embargos comerciais dos governos aliados aos norte-americanos (inclusive o brasileiro), boicotes e pressões de empresas multinacionais, além de movimentos e ações para minar a estabilidade sócio/econômica no país.

Perpetrado por um grupo de aviadores acrobatas dos Estados Unidos que viera ao Chile sob pretexto de encenar malabarismos aéreos no dia da independência do país (18 de Setembro), o golpe levou ao poder Augusto Pinochet Ugarte, 18 dias depois de empossado como chefe das Forças Armadas pelo próprio Allende.

Mais tarde o Senado dos Estados Unidos acusou Pinochet de acumular ao longo de seu governo uma fortuna de 28 milhões de dólares, além de cerca de 190 milhões na mesma moeda em barras de ouro (9.600 kg) depositados num banco de Hong Kong.


Através dos monetaristas Chicago Boys que tinham como mentor o economista norte-americano Milton Friedman, na década de 70 ocorre o que se chamou de “O Milagre Chileno”, mas 1982 a economia liberal promoveu acentuada depressão com queda de 30% do PIB chileno.

No entanto, o que de fato derrubou a ditadura de Pinochet foram denúncias internacionais ao seu governo criminoso que realizou mais de 3 mil assassinatos, além de bárbaras torturas, seqüestros e desaparecimentos.

Detido em Londres no ano de 1988 pelo cumprimento da Scotland Yard a um mandado de apreensão internacional da Suprema Corte espanhola por crimes contra a humanidade, Pinochet foi protegido pela Primeira Ministra Britânica, Margareth Thatcher.

O governo de Pinochet integrou a Operação Condor, uma aliança das ditaduras militares impostas pelos Estados Unidos no Chile, Argentina, Brasil, Uruguai, Bolívia e Paraguai. Sobre o pretexto de reprimir a subversão, em todos esses países a Operação Condor seqüestrou, torturou e assassinou cidadãos e crianças, utilizando técnicas instruídas por especialistas norte-americanos.

Por estupidez ou espúrio caráter entreguista e colonizado, sempre há quem compute os problemas dos países latino-americanos aos seus próprios povos, escondendo a raiz desses problemas nas elites corruptas de origem européia e nos capitalistas corruptores do hemisfério norte. Mas a história demonstra, passo a passo, que assim como o Brasil, o Chile também é Honduras no espaço e no tempo. Notícias sempre atualizadas de Honduras: http://honduraselogoali.blogspot.com/

Raul Longo
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Raul Longo é jornalista e escritor. Colabora com a AAA - PressAA

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domingo, 9 de agosto de 2009

Prof. Benedicto Moreira: "Esmagada pela dureza da vida, a alma se anula na multidão débil... e segue o rebanho"


Para Pensar... Brasil!


Subdesenvolvimento não se improvisa. É obra de séculos!


Rememorando...


1 – “Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente!” – 01/05/1500 – Pero Vaz de Caminha – “Carta da Descoberta - parágrafo 132”.

2 – “Por isso se vêem, com perpétuo clamor da justiça, os indignos levantados e as dignidades abatidas; os talentos ociosos e as incapacidades com mando; a ignorância graduada e a ciência sem honra; a fraqueza com o bastão e o valor posto a um canto; os vícios sobre os altares e a virtude sem culto; os milagres acusados e os milagrosos réus. Pode haver maior violência da razão? Pode haver maior escândalo da natureza? Pode haver maior perdição do Governo?” - Padre Antônio Vieira – 1.669 – “Sermão da Quinta-Feira da Quaresma”.

3 – “Quando na solidão do meu gabinete contemplo o Brasil que agoniza no leito das torturas que lhe armaram os desmandos do regime que nos rege. Quando escuto as investidas indecorosas que mutuamente se assacam os bandos políticos que, como lobos famintos, disputam entre si as migalhas de um poder degenerado; quando constato o estado de apatia coletiva que mais parece uma saliência do caráter nacional – enquanto o povo estorce-se nas garras aduncas da miséria, da ignorância e do vilipêndio; quando vejo a honra e o talento abatidos pela exaltação da mediocridade bem sucedida dos charlatães e pusilânimes da causa pública; e quando descortino o horizonte da impunidade e da desesperança – eu me pergunto: não haverá um único homem que, purificando o trato das instituições, sustenta a pátria que resvala para o abismo do qual irá encontrar seu esfacelamento? Como aterradora resposta, recolho o silêncio e o desânimo” – 1.879 – Clóvis Bevilacqua – jurista.

4 – “Um povo que cultua um governante medíocre, é porque não sabe conceber um superior. As pretensas democracias, de todos os tempos, foram confabulações de profissionais, para se aproveitarem das massas e excluírem os homens eminentes. Foram sempre mediocracias. A premissa da sua mentira foi a existência de um “povo” capaz de assumir a soberania do Estado. Não existe tal povo, as massas de pobres e ignorantes não tiveram, até hoje, capacidade para governar, apenas trocaram de pastores... o “culto da incompetência”, não depende do regime político, mas do clima moral das épocas decadentes... como a atual” – 1.913 – José Ingenieros – “O Homem Medíocre”.

5 – “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto” - 1.914 – Ruy Barbosa – no Senado Federal.

6 – “Toda a capacidade dos nossos estadistas se esvai na intriga, na astúcia, na cabala, na vingança, na inveja, na condescendência com o abuso, na salvação das aparências, no desleixo do futuro” – 1.915 – Ruy Barbosa “Colunas de fogo”, pg. 79.

7 – “Os elementos anárquicos sempre frutificaram aqui facilmente, com a cumplicidade ou a indolência displicente das instituições e dos costumes. Nenhum método, nenhum rigor, nenhuma previdência, sempre um significativo abandono que exprime a palavra ‘desleixo’” – 1.936 – Sérgio Buarque de Holanda – “Raízes do Brasil”.

8 – ...“O Presidente vai ficar porque o povo quer que ele fique. Democracia é isso. Curvo-me à vontade popular, mas inconformado. Esta será uma das eleições mais decepcionantes da minha vida. É a declaração pública, solene, do povo, de que desvios éticos dos governantes não têm mais importância... Não me candidatarei em 2.010, não quero mais viver na vida pública. Vou apenas cumprir o meu mandato. A classe política apodreceu... nunca vi um Congresso tão medíocre... dizem que político não pode falar mal do povo. Pois eu falo. Parte da população compactua com tudo isso... e a elite intelectual inclusive... cínicas, desavergonhadas. Compactuam porque são iguais, senão piores! Para mim chega!” – 2.006 – Senador Jéfferson Péres – no Senado Federal.

Assim foi: PATRIMONIALISMO – PATERNALISMO – ESTATISMO – PERSONALISMO -.

Um povo desassistido de educação e de consciência cívica; que proliferou, vegetativamente, sob o jugo de imperadores, capitães hereditários e oligarcas regionais; que se rendeu às migalhas dos poderosos sem escrúpulos e, deles, ficou cativo; que, nas zonas rurais e urbanas, nas igrejas e universidades, nos programas radiofônicos e televisivos, nos sindicatos e nos parlamentos, viu, ouviu e cultuou falsos líderes, pseudo-intelectuais, atores, artistas e cantores, repisadores, muitos, de ideologias defuntas, utopias esquecidas e conceitos fossilizados; que, gradativamente, pela falta de exemplos dignificantes, foi subvertendo a tábua de valores morais, distorcendo princípios e sendo leniente com a corrupção e a mentira; que elegeu e reelegeu incapazes, demagogos e oportunistas; que acreditou em “salvadores e pais da Pátria”, assimilando slogans, refrões e palavras de ordem: “Nele, em se plantando, tudo dá!” – “O Imperador é vassalo do povo!” “Independência ou morte!” – “A República é do Povo!” – “Trabalhadores do Brasil!” – “50 anos em cinco!” – “O Homem da Vassoura!” – “Queremos democracia!” – “Diretas Já!” – “O Cruzado sepultará a ganância!” – “Constituição Cidadã!” – “O Caçador de Marajás!” – e...por fim, “Não tenha medo de ser feliz!”.

Para a maior parte de um povo assim, pensar é um desvario; a dignidade, é uma irreverência; a justiça, é uma utopia; a sinceridade, é uma tolice; a honestidade, é uma imprudência; a paixão por um ideal, é uma ingenuidade; a virtude é uma estupidez! Que esperar de um povo que afasta o talento e se projeta no medíocre? Que sempre confia em promessas que sabe não serão cumpridas? Que, depois de cinco séculos, somente ostenta duas dinâmicas associativas nacionais espontâneas: O Carnaval e a Copa do Mundo?

Esmagada pela dureza da vida, a alma se anula na multidão débil... e segue o rebanho.

Rotinizou-se a propina, a picaretagem, a pilhagem do erário, o nepotismo, o compadrio, a quadrilhagem impune, a desfaçatez irônica e arrogante, os pugilatos eleitorais enfadonhos, a culpabilização dos antecessores, a apropriação de conquistas alheias, o exaltar dos próprios egos, o desprezo pela ética na gestão pública, a multiplicação das favelas e das sementeiras dos (as) meninos (as) de rua, o trabalho infantil desumano, a insegurança, o crime organizado desafiando a autoridade, os assaltos, os latrocínios, os seqüestros, os estupros, a pedofilia, os ataques incendiários, a traficância de armas e entorpecentes, a defesa dos direitos humanos de delinqüentes ( o que é justo) e o esquecimento dos mesmos direitos dos cidadãos corretos (o que é injusto), tudo sob os olhares impotentes das autoridades constituídas, municipais, estaduais e federais, que se isentam das respectivas responsabilidades se acusando reciprocamente.

O alerta foi dado há décadas, mas os ouvidos permaneceram moucos!

Muitos dos milhões de brasileiros (as) honestos (as), dignos (as) e laboriosos (as), estão chegando ao desânimo, ao descrédito e, como disse o gênio pátrio: “a ter vergonha de ser honesto (a)”.

Há esperança de uma nação futura, melhor e mais justa, para os nossos filhos, netos e bisnetos? Ao menos isso, há? Em recentíssimo relatório da UNESCO, o Brasil ficou entre os piores do mundo na área de educação infantil, somente à frente do Nepal, do Anguila caribenho e de 12 países da África subsaariana, esta, a região mais miserável do planeta...

Que cada brasileiro (a) reflita e tire a sua própria conclusão.


Prof. Benedicto Moreira

OAB – PR 15.786

Inestimável colaboração do Prof. Benedicto Moreira para com a AAA - PressAA.

A nossa equipe agradece.

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PressAA

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sábado, 8 de agosto de 2009

Projeto Fábula no Atacama (VI)



PIRATAS DO AR


Fernando Soares Campos


Dizem que rádio pirata é a inimiga nº 2 da navegação aérea brasileira, figurando entre os principais responsáveis pelo caosaéreo de tampos atrás de nós. Falam até que o poder bélico de uma emissora de rádio clandestina vai além dos obsoletos instrumentos de um caça Mig. Segundo informações não confiáveis dos telejornais, ondas piratas abateriam uma aeronave com maior precisão que a mira cirúrgica dos games de guerra usados contra o povo palestino, por mau exemplo.

Acredita-se que, se o sistema de ondas piratas fosse adotado por uma força-tarefa formada pela própria Anatel e o Bope de qualquer estado brasileiro, a partir daí nem um precisaria de propina para liberar rádio pirata nem o outro de caveirão para se proteger contra o povo trabalhador das favelas de todo o País. Poderiam inclusive sequestrar (em tempos de deletar o trema) equipamentos e planos bélicos das rádios clandestinas tocadas por quem não tem grana e toca apenas pelo prazer de tocar, instaladas nas favelas de qualquer cidade brasileira, as que se sustentam apenas pela boa vontade de quem quer ter voz.

Pra que a U.S. Air Force precisaria de Enola Gay? Ora, com uma só emissora de ondas clandestinas, não sobraria pra ninguém: ganharia todas as guerras petrolíferas mundo afora.

Porém, comprovadamente, o mais famoso vilão da versão latino-americana de Star Wars é o urubu. Principalmente o Urubu Faminto do Projefatac — Projeto Fábula no Atacama.

No início do século passado, criou-se um movimento com o propósito de pressionar as autoridades a exterminar urubus urbanos. Em 1937 o Dr. Agenor Couto de Magalhães era o chefe da Secção de Caça e Pesca da Indústria Animal e presidente do Clube Zoológico do Brasil. Ele se dedicou a pesquisas sobre os hábitos dessa agourenta ave e concluiu que se tratava de um ser bem mais útil à sociedade que metafóricos urubus congressuais, executores ou mesmo justiceiros.

O urubu de verdade é o mais zeloso habitante deste nosso planeta; pois, segundo o Houais, zeloso é aquele que demonstra cuidado, esmero, atenção e aplicação no que faz; cuidadoso, diligente; que vigia, vela, permanece atento; cuidadoso, cauteloso, precavido; que dispensa grande atenção, afeto, interesse e cuidados para com alguém.

Quem ousa tirar uma só vírgula aí do nosso zelador-mor?

Alguém se habilita a competir com o urubu a fim de medir seu grau de zeladoria? Eu nem me atrevo, pois já cuspi, escarrei e vomitei na rua, joguei papel, ponta de cigarro, latinha de refrigerante, sacola de plástico, garrafa pet, o escambau, nos rios, praias, matas... Ao volante, além de aleijar e até matar gato, cachorro, cobra e mariposas aos montes; ameacei a vida de pessoas que não tinham culpa por eu ter afogado minhas mágoas nas garrafas etílicas e descarregado as mágoas ao volante. Além de ter cometido coisas inconfessáveis! É bom deixar como está.

Certa ocasião, a cantora Gal Costa voava para fazer um dos seus brilhantes shows; porém, tão logo o avião levantou vôo, precisou voltar ao aeroporto porque, segundo informações pouco confiáveis, fora atingido de raspão por um urubu. A bem da verdade, o urubu, este, sim, é que fora atingido em cheio pela aeronave. Mas à época a nossa mídia ensaiava os primeiros cenários "nãopsoninanos", tendo Homer-Avô ancorado o neto no ventre da própria filha Platina. Pois bem mal, Gal virou uma arara. Chegou a pedir que se abrisse uma temporada de caça ao carniceiro. Acontece que a lei que protege, por exemplo, o poético uirapuru é a mesma que defende os direitos do urubu.




Luz! Câmera! Ação!

(Como nos velhos tempos!)

007 — Vale da Morte — Deserto do Atacama — Alta madrugada

O que para reles mortais possa vir a ser um tenebroso pesadelo, para o urubu faminto não passa de natural letargia onírica, alguma coisa próxima à fantasia einsteiniana, ou Hollywood nos nervos em forma de inofensiva película hitchcockiana, assim vivida, experimentada, pronta para servir aos seus pares de espécies diversas; ensinando-lhes o que pode vir a acontecer caso não tomem os cuidados que a vida exige para aqueles que querem aproveitar a oportunidade de aqui entre nós evoluir.

Flashback

Abertura: imagem ondulando, ondulando, onduuuulaaannndooo... até que, estável.

Plano geral: madrugada num pântano do tipo onde predomina a Rhizophora mangle (calma, leitor, não precisa tremer diante de um simples aglomerado de "mangue-do-brejo"). Serpentes deslizam silenciosas em busca de alimento; corujas enxergam as barriguinhas dos seus filhotes nos papos das ingênuas rãs que acreditam que ela está a lhes admirar o canto e até esperam serem alçadas em merecida apoteose; e o são, vão direto ao paraíso da coruja, onde seus querubins esperam a sagrada ceia. Insetos e pássaros notívagos notivagam como habitué(e) da Lapa carioca revitalizando neurônios de uma memória recentemente zumbificada. Grilos, sapos e rãs fazem a trilha sonora. O espectador assustadoramente deslumbrado, o saco escrotal esfria ao contato da tristonha falsa-coral, colubrídeo brilhando lusco-fusco e cortando galhos retorcidos.

Ponto de vista: O olhar atento do urubu perispiritual vagueia por entre a folhagem, pirilampos assinalam os pontos vulneráveis, aterrorizados e aterrorizantes, mas nem tanto quanto a Paulinha Toller dançando no centro do balé subaquático das sardinhas deliciosamente sensuais.

Zoom: por entre retorcidos galhos do mangue, a câmera enquadra o ninho de urubus-aquáticos, se urubus aquáticos existirem. A mãe-urubu cochila enquanto os filhotes tentam enxergar na escuridão alguma coisa que possa lhes servir os gulosos papos.

O perispiritual urubu faminto encara os filhotes, faz bico torto e olhar de maldade cênica, assim, tenebroso, deixando os filhotes quase arrepiados, pois ainda não dispunham de penas e os escassos pelos caíram, só de pensar em ser engolidos por aquela criatura que de início parecia familiar, abre as asas e solta um Croooaaac!! (Tradução legendada: "Este é o mundo quem lhes espera! Se não se cuidarem, o final pode ser draconiano: bico por bico, gula por gula!")

Na mente dos filhotes ficou a lição; no coração do urubu faminto, a consciência do dever cumprido.

Encerra o flashback

008 — Vale da Morte —Deserto do Atacama — Alvorecer

Pico do monte onde o corpo material do urubu faminto recebe de volta o perspiritual urubu faminto.

Há quatrocentos anos não chove no Vale da Morte, o Sol brilha intenso desde as primeiras horas do dia. O urubu faminto abre as asas depois dos olhos claros, refletindo a luz solar e abanando levemente os cílios, deixando escapar odores milenares, coisa tipo amostra grátis de cheiro de múmia.

- Croaaaak (Tradução legendada: "Vão em paz, se fizerem outra, eu pego vocês na próxima esquina depressiva").

Leia a série completa...


Projeto Fábula no Atacama (I)
http://assazatroz.blogspot.com/2007/06/projeto-fbula-no-atacama-i.html
Projeto Fábula no Atacama ( II )
http://assazatroz.blogspot.com/2007/06/projeto-fbula-no-atacama-ii.html
Projeto Fábula no Atacama ( III )
http://assazatroz.blogspot.com/2007/06/projeto-fbula-no-atacama-iii.html
Projeto Fábula no Atacama ( IV )
http://assazatroz.blogspot.com/2007/06/projeto-fbula-no-atacama-iv.html
Projeto Fábula no Atacama ( V )
http://assazatroz.blogspot.com/2007/06/projeto-fbula-no-atacama-v.html

Mas tudo começou mesmo aqui...

Pouca carniça pra muito bico

http://assazatroz.blogspot.com/2007/06/pouca-carnia-pra-muito-bico.html


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PressAA

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