segunda-feira, 25 de outubro de 2010

TSE proíbe tucanos de tratar Dilma com pejorativos na TV


Por Redação, de Brasília

O programa do candidato tucano à Presidência da República, José Serra, precisou mudar o material de propaganda exibido neste domingo nas redes abertas de TV. Na véspera, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que fosse suspensa a expressão “turma da Dilma” da propaganda do PSDB. A expressão foi veiculada na última quinta-feira. A campanha de Dilma Rousseff (PT), sua adversária na corrida ao Planalto, havia entrado com pedido de liminar afirmando que a propaganda adversária continha informação “sabidamente inverídica e ofensiva”. A peça não poderá ser veiculada até o julgamento do mérito da representação

Na avaliação do ministro Joelson Dias, que deferiu parcialmente o pedido, não foram identificadas na peça elementos que sustentassem o uso da expressão “turma de Dilma”. Ele, no entanto, não viu ofensa ou informação inverídica na propaganda.

“Ao se referir a ‘escândalos’ e afirmar, inclusive, que a ‘turma da Dilma’ teria ‘tomado’ empresa pública, parece-me, ao menos nessa análise preliminar, que a propaganda eleitoral sugere ao telespectador o envolvimento da própria candidata representante [Dilma] com os ilícitos noticiados, o que consubstancia a relevância da fundamentação e, consequentemente, o deferimento da liminar reclamada”, afirma o magistrado.


PressAA

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domingo, 24 de outubro de 2010

Manifesto UNICAMP: Porque Dilma sim, porque Serra não


Leiam com carinho e tirem suas conclusões de maneira bem honesta, sem emoção, mas com a razão.


Porque Dilma sim, porque Serra não.

Os signatários deste manifesto, ligados à área de educação e de pesquisa, sentem-se no direito e no dever de tornar pública sua opção nestas eleições em favor de Dilma Roussef. São dois estilos de governo e de campanha em disputa.

Nos oito anos do governo Lula, as universidades federais obtiveram autonomia financeira, o governo promoveu uma política de contratação de professores, pesquisadores e outros funcionários efetivos por concursos públicos, aumentou os orçamentos das universidades e criou 214 Institutos Federais Tecnológicos, 13 novas universidades, 60 novos campi nas já existentes, aumentou expressivamente o número de estudantes das universidades federais e o número de bolsas de pós-graduação. E ainda, para o ensino de nível básico, o atual governo federal aprovou no Congresso Nacional o piso nacional de salário para os professores e o Fundo de Educação Básica (FUNDEB).

Serra, no governo de São Paulo, tratou os professores em greve com bomba de gás lacrimogêneo. O campus da USP foi invadido pela polícia, fato que só acontecera durante a ditadura militar. No início de seu mandato, ameaçou a autonomia das Universidades Paulistas ao tentar assumir seu controle financeiro através de decretos, só recuando por causa de intensa mobilização da comunidade. Os 19 institutos de P&D estaduais paulistas, que já tiveram papel de fundamental importância no desenvolvimento do estado, foram sucateados, e vêm perdendo sua importância nos sucessivos governos tucanos com a redução de seus quadros de funcionários e pesquisadores, com os baixos salários e o desmonte de sua infra-estrutura.

Se estes motivos já não bastassem para defendermos o voto na Dilma, outra sorte de motivo se acrescenta. É o teor da campanha realizada pelo candidato do PSDB, de cunho quase fascista, que evita o debate político sobre projetos e programas, que se afirma em boatos vis e de desconstrução de imagens, que apela à irracionalidade, ao medo e a um moralismo tacanho, além de contar com o apoio de uma mídia elitista, conservadora e manipuladora, uma repetição, de forma mais acentuada, do que foram as campanhas contra Lula sempre que foi candidato. Mesmo os que não se alinhem com o governo do PT, e que tenham críticas em relação a sua gestão, o que é legítimo, ponderam sobre o significado destas práticas.

A campanha de Serra é mentirosa quando fala de Dilma, assim como quando fala de si. É o caso da alegação de Serra de que foi o melhor deputado constituinte. Serra votou contra a redução da jornada de trabalho para 40 horas, contra garantias de estabilidade no emprego ao trabalhador, negou seu voto pelo direito de greve (isso explica a forma ditatorial e violenta com que trata o funcionalismo quando recorre à greve), negou seu voto pelo abono de férias de 1/3 do salário, negou seu voto pelo aviso prévio proporcional e mesmo para garantir 30 dias de aviso prévio, negou seu voto pela estabilidade do dirigente sindical, negou seu voto pela garantia do salário mínimo real, votou contra a implantação de Comissão de Fábrica nas indústrias, votou contra o monopólio nacional da distribuição do petróleo. Assim, do ponto de vista dos trabalhadores, a atuação de Serra foi muito ruim; o DIAP (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar) atribuiu ao tucano a pífia nota de 3,75 em 10.

A forma mais adequada para o embate político é o confronto de opiniões e, principalmente, de práticas. As formas menos adequadas são as das acusações pessoais infundadas, as dos preconceitos, as dos boatos de véspera de eleição. O ato de votar, um ato democrático, dispensa o medo, mau conselheiro e aliado do pesadelo. Sem medo e sem preconceito, podemos avaliar com a razão. Este ato exige, portanto, cabeça e coração, racionalidade e prudência, o apelo à reflexão. É esta reflexão que nos mostra que Serra representa uma ameaça à democracia ao apelar para o medo e para a destruição de seus adversários em uma campanha de contornos fascistas. Além de outros motivos, este nos unifica em torno da candidatura de Dilma Roussef, inclusive aqueles que estavam em outras posições no primeiro turno.
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PressAA
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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Politizar, polarizar e mobilizar




Por Valter Pomar

Dilma venceu o primeiro turno. Mas não venceu no primeiro turno. A grande mídia, o Demo-PSDB e seus aliados no PV comemoraram. Mas havia jeito de ser diferente?

Lula disputou três eleições antes de vencer, em 2002. No segundo turno. Candidato à reeleição, novamente teve que enfrentar um segundo turno. Como é que com Dilma poderia ser diferente?

Aliás, é curioso: quando iniciamos a campanha, Dilma foi alvo de críticas, ironia e descrença da parte de quem a “acusava” de nunca ter disputado uma eleição.

Quem compartilhava desta impressão negativa, certamente foi surpreendido pelo seu crescimento eleitoral, vendo-o como algo inesperado, capaz inclusive de gerar a proeza de uma vitória em primeiro turno.

E, paradoxalmente, aqueles mesmos enxergaram na ida para o segundo turno uma derrota, quando o surpreendente é exatamente o oposto: que apesar de ser estreante, Dilma quase tenha vencido já no primeiro turno, mostrando que ela era a pessoa certa, no lugar e hora adequados.

Infelizmente, parte importante dos apoiadores da candidatura Dilma acabou caindo no conto de que era possível vencer no primeiro turno. Isso se deve, em alguma medida, a um erro da coordenação de campanha, que embora dissesse o contrário, não adotou as vacinas necessárias, talvez porque no fundo acreditasse em Papai Noel.

A verdade é que em 2010, igual ocorreu em 2006, uma parte de nós evoluiu do pessimismo para um otimismo irresponsável, que dava como praticamente garantida a vitória no primeiro turno; e, pior ainda, em nome desta suposta vitória garantida, adotou uma postura defensiva e despolitizada que, ironicamente, nos levou não à vitória no primeiro turno, mas sim ao segundo turno.

Qual a necessidade de dizer isto, neste momento? Simples: não repetir o erro.

Para ganhar no segundo turno, é fundamental saber que podemos ser derrotados, que nosso lado comete muitos erros, que a oposição de direita é muito forte, que pode haver uma virada. Quem acha que é impossível perder, não está preparado para vencer.

Este foi, talvez, o principal erro que cometemos no primeiro turno: retranca excessiva, às vezes justificada pela possibilidade de uma vitória no primeiro turno, às vezes pela amplitude das alianças, às vezes pelas características da candidata. A retranca foi tanta que, pela primeira vez, não divulgamos oficialmente nosso programa de governo!!!

Esta postura defensiva teve como decorrência certa subestimação do debate político e da polarização, que acabou entrando na campanha pela porta dos fundos, seja por elogiáveis rompantes de algumas lideranças (por exemplo, algumas críticas de Lula contra certa imprensa), mas geralmente por iniciativa da própria direita.

Claro que a oposição de direita não tem interesse em fazer o debate político da maneira como nós gostaríamos. Isto foi interpretado por alguns, erroneamente, como se a direita estivesse “sem projeto”, “se perdendo” em acusações sobre terrorismo, Farc, tráfico, dossiês, radicais e aborto. Quando na verdade a direita estava operando a polarização e politização nas catacumbas, inclusive manipulando em seu proveito aquilo que gostamos de apontar como uma das provas de nosso êxito: o crescimento da classe média.

Aliás, é curioso: quando se pergunta de onde vem grande parte da animosidade contra o governo Lula, contra o PT e contra Dilma, a resposta é: de setores da classe média. Mas quando se pergunta qual é um dos grandes êxitos do governo Lula, a resposta é: o crescimento da classe média. Algo não bate nesta conta.

Deixemos de lado os equívocos conceituais e os exageros estatísticos na discussão sobre a tal classe média e nos limitemos ao seguinte: a elevação das condições materiais de vida de amplos setores da população brasileira, ocorrida nos últimos anos, não foi acompanhada de similar elevação cultural, ideológica e política. A diferença entre uma coisa e outra, numa aproximação grosseira, é a diferença entre a aprovação do governo Lula e a votação de Dilma, neste respectivo setor social.

Falando noutros termos: não basta e nunca bastou o lulismo. Se a simpatia em Lula não for politizada e organizada, em sindicatos, em partidos, noutra visão de mundo propagada por outros meios de comunicação, corremos o risco de assistir segmentos amplos das camadas populares, embora vivendo melhor, continuarem sendo manipulados pela mesma mídia, pela mesma direita e por igrejas conservadoras que se opuseram àquelas medidas que fizeram a vida melhorar.

Por analogia: não basta e nunca bastou a campanha eletrônica. Se não houver militância, corpo-a-corpo, trabalho de formiga cotidiana, seremos vítima dos instrumentos de que a direita dispõe, inclusive a pregação direta feita por religiosos conservadores de variados credos.

No segundo turno, Dilma vencerá se mantiver ao seu lado quem já votou nela; se recuperar quantia significativa de eleitores simpáticos a ela, mas que no primeiro turno escolheram Serra ou Marina; se conseguir parte dos votos de quem não optou por nenhum dos candidatos ou nem mesmo foi votar (este contingente é maior do que o total de eleitores de Serra).

Dilma conseguirá manter ou conquistar estes eleitores, se nossa campanha politizar, polarizar e mobilizar. Agindo assim, neutralizará o terrorismo religioso e a onda de calúnias, que ganharam espaço na exata medida em que nossa campanha deixou de explicitar o debate político de projetos.

Sobre isto, um detalhe: os “analistas políticos” da direita fazem questão de divulgar pesquisas “científicas” dizendo que foi o caso Erenice --e não o tema do aborto-- que levou a disputa ao segundo turno. A rigor, foi de tudo um pouco e haverá tempo para um debate mais científico a respeito. Mas a preocupação dos “analistas políticos” revela, talvez, que eles tenham percebido que o exagero na sordidez pode ser contraproducente, por fazê-los perder votos, mas principalmente por estimular a mobilização dos setores democráticos e progressistas contra a volta da TFP, Opus Dei e CCC.

Sobre o tema do aborto, aliás, a campanha deve sustentar tranquilamente o que foi inscrito no Tribunal Superior Eleitoral, a saber: Promover a saúde da mulher, os direitos sexuais e direitos reprodutivos. O Estado brasileiro reafirmará o direito das mulheres ao aborto nos casos já estabelecidos pela legislação vigente, dentro de um conceito de saúde pública. Como disse a candidata no debate da Band, entre prender e tratar, ela prefere tratar.

Olhando o conjunto da situação, não há como não recordar certo bordão: a burguesia nunca nos falta. E, como de outras vezes, está nos obrigando a politizar, polarizar e mobilizar a base política e social que apóia o governo Lula e a candidatura Dilma, em defesa do que fizemos, mas principalmente do que faremos.

Comparar os governos FHC e Lula e confrontar os dois projetos que estão em disputa: passada a confusão dos primeiros dias, esta vem sendo a linha de campanha no segundo turno, como ficou visível no debate da Band e no horário eleitoral gratuito.

Não se trata, portanto, de mudar de opinião sobre nada; do que precisamos, simplesmente, é colocar em pauta, no centro do debate, o que realmente interessa: o futuro do povo brasileiro.


Valter Pomar é secretário de relações internacionais do Partido dos Trabalhadores

sábado, 16 de outubro de 2010

“SERRA ENTROU POBRE E SAIU RICO DO GOVERNO MONTORO”


Laerte Braga O ministro aposentado do STM – SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR – Flávio Bierrenbach, nomeado por FHC em 1999, na campanha eleitoral de 1988, quando José FHC Serra era candidato a prefeito de São Paulo, disse num programa eleitoral do antigo PFL que o tucano era corrupto, que havia entrado pobre e saído rico do governo de Franco Montoro (foi secretário de governo de Montoro). A acusação de Bierrenbach foi ao ar para toda a cidade de São Paulo, reproduzida pela mídia e José FHC Serra ingressou em juízo com um processo contra o ex-amigo (foi a primeira mão que apertou quando chegou do exílio). Bierrenbach confirmou em juízo todas as denúncias e alegou exceção da verdade, figura jurídica que avocava o direito de provar que José FHC Serra entrou pobre e saiu rico do governo Montoro. A revista CARTACAPITAL cita na íntegra as declarações do ministro do STM: José Serra entrou pobre na Secretaria de Planejamento do Governo Montoro e saiu rico... Ele usa o poder de forma cruel, corrupta e prepotente. Poucos o conhecem. Engana muita gente. Chama-se José Serra. Fez uma campanha para deputado federal miliardária. Prejudicou a muitos de seus companheiros” E comparou-o a Paulo Maluf. “Esses homens têm algo em comum. Uma ambição sem limites, uma sede de poder sem nenhum freio. E pelo poder são capazes de tudo”. O processo movido por José FHC Serra contra Bierrenbach, por calúnia, injúria e difamação, correu na 2ª Zona Eleitoral e diante do juiz Walter Maierovitch o ministro Bierrenbach sustentou todas as acusações, repetiu-as e afirmou que iria prová-las. O juiz aceitou sua solicitação e o advogado de José FHC Serra pediu então que o processo fosse reduzido a injúria, o que não comporta em comprovação de ser verdadeiro o que se afirmou. Como faz sempre que o tema não lhe apetece. Não responde, foge do assunto, irrita-se e ofende jornalistas. A partir da confirmação das denúncias feitas pelo ministro Bierrenbach o então deputado José FHC Serra passou a usar expedientes jurídicos para evitar que o processo seguisse seu curso normal até que prescrevesse. O jornal FOLHA DE SÃO PAULO (editado por um grupo corrupto e ligado à ditadura militar) tem conhecimento do fato, já que em 2002 publicou uma nota em que afirmava que o então candidato a presidente Ciro Gomes iria usar as imagens de Bierrenbach em seu programa eleitoral. Hoje, no bolso de José FHC Serra, imprensa podre, a FOLHA sequer toca no assunto. O programa eleitoral em que Flávio Bierrenbach faz as acusações a José FHC Serra foi ar em 28 e 29 de outubro de 1988. Covarde, José FHC Serra evitou que a peça de defesa de Flávio Bierrenbach fosse levada às últimas conseqüências. O ministro pedia à época uma investigação financeira com levantamento nos gastos, fontes de receita e movimentações financeiras de Serra. Ao mudar a figura jurídica para injúria, José FHC Serra, corrupto e venal, evitou as provas que seriam apresentadas. Hoje, ao ser procurado pela revista CARTACAPITAL para falar sobre o processo o ministro aposentado do STM confirmou a existência do processo, que sumiu no foro de São Paulo pelas mãos de um juiz amigo de Serra e disse textualmente. “A única possibilidade de conversa civilizada que eu tenho com José Serra é o silêncio” Para evitar a apresentação das provas, José FHC Serra contratou um batalhão de advogados e enfiou a injúria, a calúnia e a difamação no saco, é corrupto e venal, não tinha como provar o contrário, não tem como até hoje, até mandado de segurança impetrou para tentar abafar o caso. Amoral absoluto. Destituído de caráter, honra, de coragem. Bandido em todos os sentidos. O juiz de José FHC Serra era Francisco Prado de Oliveira Ribeiro, foi secretário de Habitação do governo de São Paulo e não era juiz de carreira (TRE). Sentou em cima do processo para que José FHC Serra não se visse diante de provas contundentes de banditismo na atividade política. O alvo de José FHC Serra atualmente, com Itamar Franco carregando sua pasta e um passo atrás, com todos os sapos (genéricos e real sendo digeridos sem problema de caráter) agora é o Brasil e os brasileiros. No caso do engenheiro que ficou com quatro milhões da campanha, não há com o que se preocupar. Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. A bolsa ou a vida. É o revólver que José FHC Serra encosta na cabeça dos brasileiros com suas mentiras e a desfaçatez apoiado pela mídia privada, corrupta igual a ele.

http://redecastorphoto.blogspot.com/2010/10/serra-entrou-pobre-e-saiu-rico-do.html

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A FRASE DE FIDEL E O BESTEIROL DA MÍDIA


Celso Lungaretti

A grande imprensa brasileira saudou efusivamente a afirmação de Fidel Castro, de que o modelo econômico cubano não funcionaria (mais tarde relativizada por ele, sob a alegação de não era exatamente isto que queria dizer).

O troféu PIG coube a Suely Caldas que, em O Estado de S. Paulo, deitou falação sobre o que está muito além dos seus conhecimentos:

"A esperança de um mundo igual e justo, lançada por Karl Marx e Friedrich Engels no século 19, não logrou sucesso em nenhuma das experiências socialistas vividas ao longo do século 20. Entre outras razões de ordem econômica, também porque nunca conseguiram se sustentar sem a imposição de uma ditadura a subjugar uma população que ansiava por liberdade".

Até quando será invocado o santo nome de Marx em vão?

Ele jamais pregou a construção do socialismo em países isolados e atrasados.
Acreditava que, como consequência de suas próprias contradições (principalmente a apropriação individual do produto do trabalho coletivo), o capitalismo passaria a frear o desenvolvimento das forças produtivas, ao invés de o alavancar.

Então, em sua marcha para o progresso, a humanidade seria obrigada a evoluir para uma forma de organização econômica, política e social que libertasse as forças produtivas do jugo do lucro.

Ou seja, em termos simplificados, o contínuo crescimento da produção era limitado pelo fato de que os produtores, ao serem espoliados de uma parcela do resultado do seu labor, não tinham meios para adquirir tantos produtos quanto geravam.

Então, essa produção que excedia o poder aquisitivo dos consumidores era destruída (queimas de café para evitar a queda do preço no mercado, p. ex.) ou, por mecanismos mais sutis, remanejada: a economia se voltava para atividades parasitárias ou para a indústria de guerra.

Ou seja, o peso descomunal que o setor financeiro adquiriu no capitalismo do século 20 foi uma forma de manter pessoas trabalhando para nada produzirem de útil, necessário ou válido. É a condenação mais gritante de um sistema putrefato, que mantém os homens a labutarem em vão, quando poderiam estar trabalhando muito menos e vivendo muito melhor, livres do tacão da necessidade e do estresse da competição encarniçada.

As duas guerras mundiais e os muitos conflitos localizados, idem. Em vez de se direcionar o esforço dos seres humanos para melhorar a existência dos seres humanos, passou-se a empregá-lo no seu extermínio.

Como alternativa, as grandes recessões periódicas que assolam o capitalismo até hoje.
Antes, a superprodução desembocava automaticamente na crise.

Depois, para permitir que os consumidores adquirissem aquilo que não podiam pagar, criaram-se mecanismos de crédito que resolvem o problema imediato, mas, como bola de neve, acabam gerando dívidas impagáveis à frente.

Até que essa economia artificial, fictícia, estoura como bolha de sabão.

Exatamente como Marx dizia, a contradição insolúvel do capitalismo engendrará crises cíclicas até que ele seja superado pela racionalidade econômica.

Elas podem não ocorrer mais a cada dez anos, mas continuam tão inevitáveis quanto antes.

Face a tal mostrengo, como ousa e jornalista empertigada criticar o socialismo real? Quem tem algo a dizer sobre ele somos nós, não ela.

REVOLUÇÃO MUNDIAL x SOCIALISMO NUM SÓ PAÍS - No princípio, os profetas apregoavam uma maré revolucionária que uniria e imantaria os proletários de todos os países, varrendo o planeta. É o que lemos no mais inspirado panfleto político que a humanidade já produziu, o Manifesto do Partido Comunista de 1848.

Levando em conta não só que os trabalhadores do mundo inteiro estavam irmanados pela sina de terem uma substancial parcela da riqueza que geravam (a mais-valia) expropriada pelo patronato, como também que a exploração capitalista havia subjugado países e culturas, submetendo proletários de todos os quadrantes a uma mesma lógica de dominação, os papas do marxismo profetizaram que o socialismo seria igualmente implantado em escala global, começando pelas nações de economias mais avançadas e se estendendo a todas as outras.

O movimento revolucionário foi, pouco a pouco, conquistado pela premissa teórica do internacionalismo, ainda mais depois que a heróica Comuna de Paris foi esmagada em 1871 pela ação conjunta de tropas reacionárias francesas com o invasor alemão. Se as nações capitalistas conjugariam suas forças para sufocar qualquer governo operário que fosse instalado, então os movimentos revolucionários precisariam também transpor fronteiras, para terem alguma chance de êxito – foi a conclusão que se impôs.

Outra, de consequências trágicas: a tese de que, como era desigual o ritmo com que as nações amadureciam para a experiência socialista, poderia se recorrer a uma ditadura momentânea do proletariado (já que a Comuna de Paris parecera ter sido derrotada por excesso de brandura) naquelas que se libertassem primeiramente, para resistirem ao capitalismo agonizante até que a revolução vencesse no mundo inteiro.
No entanto, a ditadura do proletariado deveria se tornar cada vez menos ditadura, tendo a função de preparar as condições para seu desaparecimento, por obsolescência.
Em 1917, surgiu a primeira oportunidade de tomada de poder pelos revolucionários desde a Comuna de Paris. E os bolcheviques discutiram apaixonadamente se seria válida uma revolução em país tão atrasado como a Rússia – uma verdadeira heresia à luz dos ensinamentos marxistas.

Para Marx, o socialismo viria distribuir de forma equânime as riquezas geradas sob o capitalismo, de forma que beneficiassem o conjunto da população e não apenas uma minoria privilegiada. Então, ele sempre augurara que a revolução mundial começaria nos países capitalistas mais avançados, como a Inglaterra, a França e a Alemanha.
Um governo revolucionário na Rússia seria obrigado a cumprir tarefas características da fase da acumulação primitiva do capital, como a criação de infra-estrutura básica e a industrialização do país. O justificado temor de alguns dirigentes bolcheviques era de que, assumindo tais encargos, a revolução acabasse se desvirtuando irremediavelmente.

Prevaleceu, entretanto, a posição de que a revolução russa seria o estopim da revolução mundial, começando pela tomada de poder na Alemanha. Então, alavancada e apoiada pelos países socialistas mais prósperos, a construção do socialismo na Rússia se tornaria viável.

Os bolcheviques venceram, mas seus congêneres alemães foram derrotados em 1918. A maré revolucionária acabou sendo contida e, como se previa, várias nações capitalistas se coligaram para combater pelas armas o nascente governo revolucionário. Mesmo assim, o gênio militar de Trotsky acabou garantindo, apesar da enorme disparidade de forças, a sobrevivência da URSS.

Quando ficou evidente que a revolução mundial não ocorreria tão cedo, a União Soviética tratou de sair sozinha da armadilha em que se colocara. Devastada e isolada, precisou criar uma economia moderna a partir do nada.

Nenhum ardor revolucionário seria capaz de levar as massas a empreenderem esforços titânicos e a suportarem privações dia após dia, indefinidamente. Só mesmo a força bruta garantiria essa mobilização permanente, sobre-humana, de energias para o desenvolvimento econômico. A tirania stalinista cumpriu esse papel.

A revolução nunca mais voltou aos trilhos marxistas. Como único país dito socialista, a URSS passou a projetar mundialmente seu modelo despótico, que encontrou viva rejeição nas nações avançadas. Nestas, as únicas adesões não se deveram à atuação política dos trabalhadores, mas sim às baionetas do Exército Vermelho, quando da vitória sobre o nazismo.

Tomada autêntica de poder houve em outros países pobres e atrasados, como a China, Cuba, Vietnã e Camboja. E todos repetiram a trajetória para o modelo autoritário do socialismo num só país stalinista.

AVANÇO TECNOLÓGICO x LETARGIA ECONÔMICA - Mas, a arregimentação autoritária da mão-de-obra só funcionou a contento na etapa da industrialização pesada.

Na segunda metade do século 20, a economia capitalista avançou noutra direção, a da sofisticação tecnológica, da miniaturização, da gestação sôfrega de novas manias consumistas. Informática, biotecnologia, novos materiais, novos processos.

O avanço movido a ganância, com base no talento individual, na pesquisa e na tecnologia, derrotou a economia letárgica da URSS, tornada jurássica da noite para o dia, e sua nomenklatura arrogante que se reservava todos os privilégios.

Comprovava-se a máxima marxista segundo a qual são os países com forças produtivas mais desenvolvidas que determinam os rumos da humanidade.

O bloco soviético desabou como uma fruta apodrecida. Seus países voltaram ao capitalismo e à democracia burguesa.

A China conseguiu manter o sistema político autoritário, à custa de mesclar a economia estatizada com a iniciativa privada. Criou o pior dos mundos possíveis: algo assim como o milagre brasileiro, com a falta de liberdade sendo aceita em função das melhoras materiais proporcionadas pelo regime (e do espírito tradicionalmente submisso dos asiáticos).

Sobrou para os idealistas do século 21 a missão de recolocar a revolução nos trilhos, para que ainda seja cumprindo o sonho original de Marx: não apenas regimes híbridos em países isolados, mas sim o planeta inteiro transformado no “reino da liberdade, para além da necessidade”, em que: cada cidadão contribua no limite de suas possibilidades para que todos os cidadãos tenham o suficiente para suprirem as suas necessidades e desenvolverem plenamente as suas potencialidades; e
o estado desapareça, com os cidadãos assumindo a administração das coisas como parte de sua rotina e a ninguém ocorra administrar os homens, já que eles serão, para sempre, sujeitos da sua própria História.

Engendrarmos uma onda revolucionária capaz de varrer o planeta é tarefa gigantesca? É.

Mas, em relação ao século 19, há uma mudança importante: ela se tornou muito mais necessária, como alternativa à regressão -- talvez, até, à própria aniquilação -- da humanidade.

Pois, salta aos olhos que, mantida a prioridade dos interesses individuais sobre os coletivos, a exaustão de recursos naturais e as catástrofes ecológicas reduzirão drasticamente os contingentes humanos, ou os exterminarão de vez.

A opção a fazermos, como disse Norman O. Brown, agora é entre a vida numa sociedade solidária e harmoniosa, ou a morte sob o capitalismo excludente e predatório.
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Celso Lungaretti, jornalista, escritor e ex-preso político anistiado pelo MJ. Mantém o blog Náufragos da Utopia


Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

Ilustração: AIPC – Atrocious International Piracy of Cartoons

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sábado, 7 de agosto de 2010

Aberta as inscrições para o “Prêmio Viva os Mortos-Vivos”



A nossa Agência Assaz Atroz criou o “Prêmio Viva os Mortos-Vivos” de comunicação

Participe!

Esta é a primeira edição do concurso que tem como tema central o relacionamento dos processos midiáticos com as causas da violência nossa de cada dia e noite do dia-a-dia cotidiano.

O concurso destina-se a crianças, jovens, adultos, idosos e caquéticos de qualquer idade, sexo, credo, raça ou estado de penúria mental.

Responda às perguntas dos quadros abaixo e concorra a uma linda Carabina KD-TU, com direito a duas caixas de munição por semana, durante o resto da sua infeliz existência.

Os participantes devem enviar as respostas para a SSP-SPS-Dem-B, as quais serão avaliadas por um grupo de agentes finas, especialistas em seqüestro (com trema, visto que o grupo está formado desde os tempos da ditabranda), roubo, tortura e, nas horas vagas, execução de quem cruzar a sua rota.

Boa sorte!

[Clique na imagem para ampliar]



Perguntinha estúpida de ser:

Qual o verdadeiro interesse dessa gente estúpida que costuma condenar pessoas pelo sistema Mídia Justiceira?
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AIPC: Atrocious International Piracy of Cartoons

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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Sorria, você está assistindo à campanha eleitoral de Serra, Guerra et caterva



O ridículo dos ingênuos é ridículo stricto sensu, considerando-se, diante do significado da palavra, tão-somente a manifestação de alguém que tem um “modo risível de ser e/ou de se comportar”, alguém que, por ignorância e espontaneidade de quem não cultivou hábitos e comportamentos convencionais, desdenha o escárnio a que se submete. Até aí, o indivíduo “ridículo” é visto apenas como “engraçado”, pessoa que cultivou um humor de gosto duvidoso. Nesses casos o engraçado geralmente se torna enfadonho, mas em níveis toleráveis, nada que provoque o menor abalo idiossincrático em quem quer que seja.

O ridículo dos canalhas é ridículo lato sensu. Adjetivo: digno de riso, merecedor de escárnio ou zombaria, por desviar-se de modo sensível do que se considera socialmente; destituído de bom senso, de ponderação; que se presta à exploração do lado cômico; que tem por efeito suscitar o riso; risível, bufo, cômico; que denota mau gosto, que possui ornamentação ou aspecto exageradamente espalhafatoso, sem harmonia; que tende à vulgaridade; que tem pouco valor; insignificante, irrisório. (uso informal) que tem muito apego ao dinheiro; sovina, avarento. Substantivo masculino: indivíduo cujo comportamento, opinião etc. são dignos de zombaria; aquilo que, numa pessoa, coisa ou situação, se presta ao riso, ao escárnio, ao sarcasmo; modo risível de ser e/ou de se comportar; ato pelo qual se critica alguém ou algo com zombaria; comentário, dito com que se ridiculariza pessoa ou coisa; escárnio.

O ridículo dos canalhas é degradante, indecoroso, asqueroso, é ridículo corrompido até as entranhas do ser.

Observemos alguns exemplos de ridículo dos ingênuos:



Agora atentemos para exemplos de ridículo dos canalhas:


E a patrulha serrista da Folha pegou o Sérgio Guerra

A Folha de S. Paulo, que passou a atuar como a KGB da campanha de José Serra, publica hoje a terceira matéria, em quatro dias, dedurando os “aliados” do “coiso” que o estão escondendo no material de campanha.

Hoje uma das “vítimas” é o próprio presidente do PSDB, o senador Sérgio Guerra, candidato a deputado federal, que diz que seus santinhos não têm o nome de Serra por “erro de montagem”. Os jornalistas da Folha, utilizados no papel de agentes do esquadrão “Caça-Traíra”, levantaram o mesmo em relação aos materiais do candidato ao Governo pernambucano, Jarbas Vasconcelos, e ao cearense, Marcos Cals, que reproduzo aqui, onde Jereissati, o “galeguim dos zoio azul” (tá mais jovem, não?) é a estrela e Serra o nada.

Clique na imagem para ampliar e tentar achar o Serra

Diz a Folha que até Alkmin está na base do “antes só que mal acompanhado”.

Se não bastasse isso, o Sérgio Guerra, aquele que o Lula chamou de…esqueci… ainda está furioso hoje de manhã, porque o blog da Folha de Pernambuco flagrou um carro de sua campanha decorado com adesivos de Eduardo Campos (PSB) e de Dilma, como você vê na foto ao lado.

Portanto, mais um boato que está sendo maldosamente espalhado contra Serra: nem seus aliados estão querendo se queimar com sua imagem. Autoria do boato identificada: Marco Maciel, Marcos Cals, Tasso Jereissati e, possivelmente, Geraldo Alkmin. Atenção, QG tucano, mande um esquadrão pra cima deles…

Mais ridículo dos canalhas:

Óleo do Diabo

por Miguel do Rosário

A Folha deu destaque no fim de semana, e o Globo de hoje estampou manchete:



De todos os dossiês ridículos que a mídia tenta jogar no colo do PT, esse é a obra máxima. Uma cartinha anônima virou DOSSIÊ PETISTA. No terrível dossiê, que ESQUENTOU A CAMPANHA, acusa-se Marina Mantega, filha do ministro da Fazenda, de perguntar ao diretor da Previ sobre as dívidas da empresa do namorado. Detalhe, não se acusa o interlocutor de sequer ter prestado atenção à pergunta da moça. Tudo teria ficado numa pergunta, alçada agora à condição de TRÁFICO DE INFLUÊNCIA.

O presidente do PSDB, Sergio Guerra, não tem medo de partilhar dessa estratégia risível e pisa bem fundo na lama:

O presidente nacional do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PE), teme que uma onda de dossiês contamine ainda mais a disputa eleitoral. Para o tucano, os petistas têm verdadeira obsessão e compulsão por dossiês.

- Eles são viciados em dossiês, é uma questão obsessiva e compulsiva do PT e do governo. Os petistas são cheios de hábitos estranhos - disse Guerra, que também é coordenador da campanha presidencial de José Serra (PSDB).

Vamos tentar usar um pouco a razão. Em primeiro lugar, o suposto dossiê levantado pela Folha (eu vi a edição, o assunto ocupa a capa e várias páginas inteiras) não é, tecnicamente falando, um dossiê. É uma cartinha anônima apócrifa.

Se formos converter qualquer cartinha anônima apócrifa num terrível DOSSIÊ PETISTA, então existem milhões de DOSSIÊS PETISTAS rolando por aí.

O patético é que essa história não tem nada a ver com Dilma Rousseff. Afeta-a apenas porque é COISA DO PT. Ajuda a fortalecer esse preconceito figadal de setores vulneráveis intelectualmente da classe média contra o partido de Dilma. Mas sequer a atinge diretamente. E nem toca em nada relativo ao PSDB ou DEM. É estranho, portanto, que a reportagem do Globo procure a opinião de Sérgio Guerra, o maior adversário do PT, sobre a história. É claro que ele tentou faturar politicamente, na maior cara de pau. Dizer que "eles são viciados em dossiês, é uma questão obsessiva", é pura baixaria.

A mídia e a oposição inventaram um novo demônio: O DOSSIÊ. Na verdade, não existe nada de intrinsicamente maligno num dossiê. Se um governo pretende preencher um cargo sensível politicamente, nada mais lógico que mandar fazer um dossiê sobre aquela pessoa. Não é proibido fazer dossiê. Mas a mídia satanizou a palavra e agora procura sempre associá-la, em manchetes garrafais, ao PT.

É impressionante, porém, como os tucanos resolveram baixar o nível da campanha. "Os petistas são cheios de hábitos estranhos", afirmou Guerra, ao Globo. Ele trata do dossiê como se fosse uma espécie de crack e os petistas um bando de viciados. Ele usa o termo "viciados".

Segundo o Ibope, o PT tem a preferência de 29% do eleitorado brasileiro, contra apenas 7% do PSDB. Essa tática de satanizar o PT através da mídia não tem surtido efeito. Ao contrário, produziu uma massa crítica fortemente favorável ao PT e fez surgir um petista já vacinado contra essas manipulações toscas.

Acredito que muitos pais, ao escutarem a pergunta: "pai, o que é dossiê?", vão responder com um sorrisinho irônico: "isso é trololó da mídia, filho".

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sábado, 31 de julho de 2010

Chama a Yeda Crusius, Credo!



Vão dizer que eu estou favorecendo o Serra , mas neste momento de tanta aflição, em que ele tanto necessita de apoio, eu não poderia deixar de dar sugestões para melhorar sua imagem e não se sentir tão só e abandonado. Serra está implorando apoio do Aécio Neves, mas este foge da campanha eleitoral junto ao Serra como diabo da cruz. Então sugiro: Serra deve chamar a governadora do RS, a Yeda Crusius do PSDB, para gravar apoio; tenho certeza de que ela não vai deixar de socorrer o amigo, o companheiro de partido, só porque esteve envolvida com a corrupção do DETRAN do RS. O banqueiro Daniel Dantas também daria seu apoio com muito prazer, pois ele é muito grato ao PSDB, ao FHC, desde as privatizações das teles. Além do que sua filha foi sócia da irmã do Daniel Dantas. Não sei se haveria problemas para o Cacciola gravar apoio, por estar preso, mas ele foi sempre muito ligado ao PSDB e também é muito grato ao FHC. Afinal, graças ao PSDB de FHC, ele teve ganhos fantásticos e deixou um imenso prejuízo de R$1,6 bi ao país. Já foi sogro do seu vice o tal Índio da Costa. O senador Eduardo Azeredo do PSDB, pai do valerioduto desde 1996, responsável pelo mensalão mineiro, que desviou dinheiro das estatais de MG, também poderia gravar apoio ao amigo e companheiro de partido. O pessoal da Alstom poderia gravar apoio para o Serra , afinal já o apóia tanto com propinas por baixo dos panos, desde a era Covas. Assim como o consórcio responsável pela cratera do Metrô, cujo desabamento matou sete pessoas, poderia apoiar o Serra. Por ter sido preso, e de ser o chefe do mensalão do DEM não sei se o Arruda, poderia gravar mensagem de apoio ao Serra: ele é muito grato ao Serra pois seria o escolhido para ser o vice (vote em um careca e leve dois). Com tantos amigos e admiradores, o Serra não tem por quê ficar rastejando pelo apoio de Aécio Neves. Além do mais, segundo o PHA noticiou, a investigação que levou à Operação Satiagraha gravou todos os telefonemas entre Daniel Dantas e Naji Nahas com o governador de São Paulo. Há um diálogo revelador, em que Nahas diz a Serra que o valor de R$ 6 bilhões é muito alto. Serra dá a instrução: pedir os R$ 6 bilhões na primeira praça, ver a reação, e, se for preciso, baixar o preço. Esse é um dos poucos indícios da relação direta de Serra com a quadrilha de Dantas e Nahas. O Serra tem que parar de rastejar pelo apoio do Aécio e chamar seus amigos e companheiros do PSDB e do cárcere, que se dispõem a gravar apoio para o horário eleitoral com muito gosto. FHC apóia com prazer o Serra que foi seu ministro, e como revelou o Noblat em seu blog em 15/11/2009, Serra emprestava o apartamento quando era deputado federal ao amigo FHC, para os encontros amorosos de FHC com a jornalista Miriam Dutra. Seria o apartamento funcional pago com dinheiro público? Só o Serra poderá responder essa questão. Algum jornalista vai perguntar?

Jussara Seixas

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Blog do Saraiva

Carlos Alberto Saraiva

Juiz de Direito aposentado pelo TJ/RJ,tendo como última atuação o V Juizado Especial Cível de COPACABANA.


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Brasília Confidencial



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sexta-feira, 16 de julho de 2010

Rui Martins em carta aberta ao presidente da Comissão Nacional de Imigração


Rui Martins*

Exmo. Sr. Paulo Sérgio de Almeida,
presidente da Comissão Nacional de Imigração

Embora tenha sido membro do Conselho Provisório dos Representantes das Comunidades Brasileiras até outubro do ano passado, só tomei, nestes últimos dias, conhecimento do documento-proposta para uma nova Política Nacional de Imigração, abrangendo a questão dos emigrantes brasileiros, pelo jornal Via Brasil, pois nenhuma correspondência ou informação a respeito me foi enviada.

O que prova o fundamento de nossas críticas quanto à real utilidade do referido Conselho, sem possibilidade de tomar decisões e, pelo que vejo, isolado mesmo sendo um apêndice da Subsecretaria de Estado das Comunidades Brasileiras no Exterior, dependente do Itamaraty. Discute-se, portanto, uma política da emigração sem a presença de emigrantes (!)

Portanto, nossa principal sugestão e observação, no que se refere aos Emigrantes brasileiros, é a de que as conclusões da Comissão do Senado que concluiu, em 2008, pela criação de uma Secretaria de Estado (da Emigração) não seja considerada como cumprida com a atual Subsecretaria das Comunidades Brasileiras no Exterior, dirigida por diplomatas sem qualquer experiência ou vivência como emigrantes.

O governo brasileiro precisa criar um órgão institucional emigrante, ajudar na criação de parlamentares emigrantes e não se satisfazer com a simples criação do Conselho de Representantes de Brasileiros no Exterior, órgão consultivo, sem qualquer utilidade prática e destinado apenas a dar a impressão de que existe uma política brasileira de emigração.

Como ex-membro eleito do Conselho Provisório de Representantes de Emigrantes lamento que, embora ainda incipiente, não tenham sido convidados, os membros eleitos do referido Conselho Provisório de Representantes de Emigrantes, a participar do Grupo de Trabalho, autor de um projeto de política nacional da imigração, referido acima, incluindo também preceitos sobre a emigração.

Como dirigente do movimento de cidadania Estado do Emigrante temos proposto a criação de um super-Ministério, abrangendo a migração, a imigração e a emigração. O simples Conselho Nacional da Imigração, mesmo se tornando Conselho Nacional da Migração, órgão colegiado, não terá a liberdade e a independência necessárias à adoção de medidas concretas nessa área e à aplicação de uma política de migração. Mas poderá ser útil, como órgão de consulta para um Ministério ou uma Secretaria de Estado das Migrações ou da Emigração.

O governo acaba de institucionalizar as Conferências Brasileiros no Mundo, mas na I Conferência, defendemos ali mesmo a criação de uma Comissão de Transição para um órgão institucional emigrante, porque não achamos justo e nem lógico que as questões relacionadas com mais de três milhões de emigrantes mereçam apenas uma conferência anual destinada à apresentação de um rosário de queixas e reivindicações, sem qualquer possibilidade de decisão, cabendo aos diplomatas do Itamaraty dar sequência aos pleitos mas de maneira não prioritária.

Aproveitamos para denunciar que, na I Conferência Brasileiros no Mundo, um abaixo-assinado, majoritário, pedindo uma Comissão de Transição da Conferência para uma órgão institucional, acabou sendo ignorado, em desrespeito aos emigrantes signatários e demonstrando que tais conferências estão sob a tutela do Itamaraty que modifica ao seu sabor as decisões ali tomadas, consideradas inadequadas ou contrárias aos planos pré-estabelecidos.

Brasileiros (as) no Exterior

Os itens 4.20 a 4.26, do documento final do qual não participaram lideranças autênticas emigrantes, Contruibuições para a Construção de Políticas Públicas Voltadas à Migração para o Trabalho, nos parecem insuficientes.

Os documentos de Lisboa e Bruxelas foram sugestões unilaterais de grupos não vinculados à necessidade de uma política institucional, porém de ações setoriais geralmente inspiradas por grupos de inspiração religiosa, como ocorre dentro do Brasil, onde Ongs escalabrinianas fixam as regras do setor, mesmo porque até há pouco não havia nenhum projeto institucional brasileiro de política de migração e muito menos de emigração.

A entrega da tutela dos emigrantes ao Ministério das Relações Exteriores é quase uma aberração, pois é o Ministério do Trabalho que tem sido mais ativo no setor da emigração. Existe uma confusão entre a ação consular junto aos emigrantes, na verdade ações de tabelionato e de cartórios, com uma política de emigração.

Em nome dos movimentos de cidadania Brasileirinhos Apátridas, www.brasileirinhosapatridas.org que incentivou e orientou a recuparação da nacionalidade brasileira para os filhos da emigração; e do Estado do Emigrante, www.estadodoemigrante.org que reivindica um órgão institucional emigrante autônomo e independente do MRE, ligado diretamente à Presidência, queremos dar nossa contribuição com as seguintes propostas básicas - em lugar de um Observatório da Migração, é mais urgente a criação de um Ministério das Migrações, abrangendo migração, imigração e emigração, ou de uma Secretaria de Estado da Emigração, interativa com todos os Ministérios mas autônoma nas suas decisões e integrada por emigrantes;

os emigrantes precisam ter voz ativa no Congresso Nacional, em Brasília, e se deve criar circunscrições eleitorais na América do Sul, do Norte, Europa, Ásia e África, para que elejam representantes emigrantes em Brasília; o movimento emigrante, desvinculado da tutela do MRE, deve se basear no tripé – órgão institucional independente e autônomo, parlamentares emigrantes em Brasilia e um amplo conselho de emigrantes eleitos, representativo de todas as regiões com presença emigrante brasileira;na consideração da emigração brasileira se deve também acrescentar um elemento importante – a presença dos pequenos, médios e grandes empresários emigrantes; deve-se promover a regulamentação das atividades ligadas aos emigrantes, como despachantes, doleiros e advogados; deve-se dar apoio à mídia emigrante, importante nas comunidades brasileiras nos EUA e de importância informativa nos pequenos núcleos de brasileiros; deve-se acelerar a criação do voto por correspondência para os emigrantes, conjugado com a criação de parlamentares emigrantes, que favorecerá a participação eleitoral dos emigrantes e dará importância política aos emigrantes com a votação de seus representantes em Brasília; obrigatoriedade da presença de verdadeiros emigrantes na discussão de projetos relacionados com a emigração, nos próximos grupos de trabalho ou comissões oficiais. Para evitar a preferência por grupos ou lobbies religiosos ou de empreendimento, a escolha deverá ser feita entre os emigrantes eleitos para o Conselho de Representantes das Comunidades Brasileiras, enquanto não houver parlamentares ou um órgão institucional. No caso de demora na eleição do Conselho Permanente, valem os membros do Conselho Provisório, cujo mandato expirou em outubro, mas no qual havia membros eleitos.

O movimento de cidadania Estado do Emigrante critica a não remuneração dos membros do Conselho de Representantes de Emigrantes, cuja consequência senão objetivo é a de se desestimular a participação dos verdadeiros emigrantes operários e se criar uma elite emigrante, formada por acadêmicos ou representantes de grupos religiosos e comerciais.

Critica também a política do MRE de, imitando os franceses e suíços que têm vergonha de dar o nome de emigrantes aos franceses e suíços do exterior, decidiu, sem consulta prévia, chamar os emigrantes brasileiros de Brasileiros no Mundo. A emigração brasileira existe e sua nomeação não deve ser evitada.

Com os melhores cumprimentos, Rui Martins, ex-membro eleito do Conselho Provisório de Emigrantes junto à Subsecretaria das Comunidades Brasileiras no Exterior, dirigente dos movimentos Brasileirinhos Apátridas e Estado do Emigrante.
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Para Rui Martins, o governo brasileiro deveria criar uma nova política de emigração a exemplo de Portugal, França, Itália e mesmo México e Equador.

Leia mais em...


http://www.francophones-de-berne.ch/


http://www.estadodoemigrante.org/

*Ex-correspondente do Estadão e da CBN, após exílio na França. Autor do livro “O Dinheiro Sujo da Corrupção”, criou os Brasileirinhos Apátridas e propõe o Estado dos Emigrantes. Vive na Suíça, colabora com os jornais portugueses Público e Expresso, é colunista do site Direto da Redação. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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domingo, 11 de julho de 2010

Serra em Bangu I


Deu no Tijolaço do Brizola Neto

Povo grita Lula com estranha visão de Serra em Bangu

Desde ontem eu estava curioso para saber como tinha sido a incursão de Serra a Bangu, tradicional bairro operário do Rio de Janeiro, onde fica o Estádio Proletário de Moça Bonita, campo do Bangu Atlético Clube, time de meu avô aqui no Rio.

Como Serra se aventurou a andar de trem até Bangu, tinha minhas dúvidas de que passaria incólume pela população do bairro, politizada e sempre comprometida com as lutas populares. Procurei no Globo e nada. Olhei a Folha e também nada. As matérias davam a entender que a visita foi insossa, mas nada de extraordinário tinha acontecido. Os jornais apenas reproduziam uma declaração de Serra com críticas à atuação do governo Lula na educação, usando seu profundo argumento de que o que vem sendo feito é “trololó”. Olha só quem estava falando de educação!

Cheguei a pensar que a população talvez nem quisesse mesmo gastar esforço com Serra, mas um amigo me ligou perguntado se eu tinha lido o Valor. Embora preponderantemente um jornal de economia, O Valor tinha feito a melhor cobertura política da passagem de Serra pelo Rio. E lá estava registrado logo no título: “Em Bangu, Serra é lembrado por Saúde e ouve salvas a Lula”. (Como a edição online do Valor é exclusiva para assinantes, coloco aqui a reprodução da matéria extraída da Fecomércio).

E foi justamente na hora em que falava do trololó a jornalistas que “populares não o pouparam e gritos de Lula foram ouvidos diversas vezes”, conta o jornal. Acho que essa vai ser a sina de Serra por onde andar nesse país. Logo na sua primeira atividade de campanha, em Curitiba, ele ouviu gritos de “Dilma, Dilma”, daquela vez registrados por O Globo.

Serra em Bangu II



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terça-feira, 6 de julho de 2010

Senhoras de senhores


Luciane Soares da Silva

Senhoras de senhores

No mesmo quarto, outras choraram,
Antes de 1960 e depois
Dispostas sob uma lua que favorecia a percepção das tragédias
Confinamento em alguns metros
Perto da área de serviço
Um corpo negro sob um teto baixo
E eram milhares pela cidade
Que não sabiam dos sabores dos queijos
Sabiam do peso dos cavalos
E demais animais de seu mundo reduzido.
Subindo pelas escadas dia após dia,
Cumprimentavam homens e crianças

Que obrigações eram estas,
Que as traziam apenas as névoas do dia?
Que diziam nas salas, senhores inflamados de aguardente?
Que sorte era aquela

Senhores de escravos
Senhoras de senhores
Escravas de apartamento
De senhores

E milhões de dias depois,
Esposas de senhores
No mesmo quarto onde outras choraram.

Mesmo a lua repete seus avisos,
Não há quem possa desconhecer as tragédias.



Luciane administra e atualiza regularmente o blog BANANA BE BOP


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quinta-feira, 1 de julho de 2010

“Tasso, Zé”?


Raul Longo
Foto: Jasmim Losso Arranz

coitado. Tão feinho e sem viço, só por causa de um vice!
– Vício?
– Não. Vice!
– Hum! Isso é tão perigoso quanto caxumba. Só que funciona ao contrário: vai do saco pra cabeça.
– Precisa ter controle médico...
– O quê? O vírus da caxumba?
– Não. O vício de procurar vice.
– É tudo mentira!
– Tem algumas meias-verdades, com as quais escondem rios de dinheiro desviado do erário.
– Ah, sim! Tem sim. Mas também usam cuecas inteiras.
– Nesse caso está comprovado que dá azar.
– Arruda dá sorte, mas existem casos de efeitos contrários!
– Arruda fede!
– Depende do olfato de quem cheira.
– Por isso o Caçador de Maracujina prefere supositórios, como os mulas que transportam cápsulas de cocaína no estômago.
– Mas que cagão de merda.
– Quem? O Dunga?
– Não, o cafunga.
– É o vício.
– Do Maradona?
– Não! Vício de vice.
– Dias piores virão!
– Aff!
– Do jeito que tá, só Deus! pois o Demo tá cansado de tanta luta inglória.
– No Rio, a Marina da Glória também é conhecida como Marina do Flamengo.
– Que sina a de quem desatina!
– Deveria tentar um vigário.
– Vigário?
– É! Vê lá no dicionário: “vigário: aquele que substitui outro”. O vice.
– Então... vigário está.
– Vigário para-quedista.
– E daí?
– Agrega valores católicos aos preceitos evangélico-eleitorais.
– Não vai dar certo!
– Só as meninas do baixo dão na medida certa. O resto é enganação.
– Pelo visto, formigão, quando quer se perder, cria malas.
– Virgem Santa!
– A Marina?
– Essa hoje parece menos milagreira do que se supunhetava.
– A Abreu abriu...
– Ninguém aguentaria katilinária.
– Então, o Tasso...
– O Tasso já havia mandado um bilhete no qual constava apenas as palavras “Tasso, Zé”.
– Ofereceu-se para ser vice?
– Não, nada disso. Só agora ele decodificou a sua própria mensagem: “Tás só, Zé”. Tirou o time em grande estilo: montou na garupa do jato e se afastou voando...
– Pela vicinal?
– Sim, foi o que alegou: “Vice, não!”
– É que eles insistem na titularidade. Sabe como é, né?
– Sei sim, sei como é isso de ser obrigado a protelar planos de infância. Às vezes a vida passa e nunca se concretizam. Aquilo que poderia ter acontecido ontem talvez aconteça daqui a cinquenta anos.
– Ora, cinquenta anos não passa de um piscar de olhos, quando, einsteinianamente, tomamos como referência a eternidade.
– Quer saber?
– Depende! Se vai falar de vice, prefiro jogar Caça ao Tesouro.
– Caça ao tesouro? Ora, isso é programa de índio.
– Índio que, durante milênios, carregou este país nas costas?
– Não. Índio que prefere montar nas costas dos outros índios.
– Cacique?
– Por enquanto, curumim.
– “Cu” o quê?!

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*Raul Longo é jornalista, escritor e poeta. Ponta do Sambaqui, 2886
Floripa/SC. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz


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terça-feira, 29 de junho de 2010

Hoje, cada um faz o que quer com a palavra “terrorismo”



Glenn Greenwald, Salon

Já escrevi incontáveis vezes sobre o quanto “terrorismo” é a palavra mais manipulada e mais sem sentido do léxico político contemporâneo.

A melhor demonstração dessa dinâmica é o trabalho de Remi Brulin, do New York Times, que documentou o modo como os governos e a mídia ocidentais têm usado as palavras “terrorismo” e “terrorista”, sem qualquer consistência e ao sabor dos interesses do dia. Um dos principais riscos da decisão da Corte Suprema sobre liberdade de expressão, no Humanitarian Law Project – segundo a qual o governo passará a poder limitar os direitos dos cidadão à proteção da Primeira Emenda, no caso do discurso político que designe os grupos terroristas – é que “terrorismo” significa qualquer coisa que o governo dos EUA diga que significa. Criaram a lista sem fim dos grupos terroristas e o fizeram sem qualquer critério, sem qualquer mínimo cuidado. Isso, porque a palavra é tão mal definida e tem sido tão manipulada, que, hoje, já praticamente nada significa – ou significa qualquer coisa.

Ontem, encontrei exemplo perfeito e altamente ilustrativo dessa manipulação, ao ler a entrevista que a ex-ministra israelense Tzipi Livni concedeu ao New York Times. Depois de muito falar contra os terroristas que atuam em Gaza, Livni disse o que segue:

NYT: Seus pais são fundadores do Estado de Israel.

Livni: Foram o primeiro casal a casar-se em Israel. Os dois lutaram no [grupo] Irgun. Foram combatentes da liberdade. Conheceram-se a bordo de um trem britânico. Durante o Mandato britânico aqui, assaltaram um trem para conseguir dinheiro para comprar armas.

Se há grupo terrorista, ou algum dia houve, foi o Irgun. Em julho de 1946, o grupo explodiu (ação comandada pelo então futuro primeiro-ministro de Israel Menachem Begin) o hotel King David, quartel-general do governo britânico, matando 91 pessoas (o Irgun alagou que teria prevenido antecipadamente os britânicos, alegação que muitos oficiais britânicos já desmentiram). Israel e seus defensores adoram lembrar que a Autoridade Palestina deu a uma praça o nome de um terrorista. Mas insistem em não reconhecer que o primeiro-ministro israelense, em 2006, discursou em cerimônia para lembrar o ataque ao Hotel King David, ocasião em que descerrou uma placa comemorativa do ‘evento’ (a explosão). O Irgun perpetrou inúmeros ataques armados a estruturas civis, estações de trem, prédios do governo e pontes.

Dia 30/12/1947, o primeiro parágrafo do The New York Times dizia:

BOMBA DO IRGUM MATA 11 ÁRABES, 2 BRITÂNICOS. Bomba lançada por militantes da organização de judeus terroristas “Irgun Zvai Leumi”, de um táxi em grande velocidade, matou 11 civis árabes e dois policiais britânicos e feriu pelo menos 32 árabes junto à Ponte Damasco em Jerusalém, mesmo local onde houve explosão semelhante há apenas 16 dias.

Relatando atentado organizado por Begin para assassinar o ministro alemão das Relações Exteriores, o London Times escreveu que o Irgun "usou táticas terroristas contra a ocupação britânica da Palestina”.

Àquela época, todos sabiam que os membros do Irgun eram terroristas. Mas há aquela época e há hoje. Bombas, assaltos e assassinatos, em ação contra o Estado, é “terrorismo”, se é ação de alguns grupos; e é “luta pela liberdade”, se é ação de outros grupos. Exatamente o que faz Israel, que justifica a mais extrema brutalidade e a mais feroz violência contra o mal-em-si que seriam “terroristas” e celebra os mesmos atos, como atos de “luta pela liberdade” se os terroristas são israelenses.

Tudo isso seria até tolerável, se não passasse de inconsistência de discurso. Mas se as guerras dos EUA são justificadas, as leis dos EUA são aplicadas e os direitos dos norte-americanos são cada vez mais restringidos, e tudo baseado na palavra “terrorismo”, é preciso considerar com muito mais atenção essa palavra, manipulada, sem sentido e usada para justificar todos os crimes.

Para ter certeza, basta ver a justificativa que Leon Panetta, diretor da CIA, apresentou ontem para o 'assassinato programado' de um cidadão norte-americano, Anwar Al-Awlaki, baseada exclusivamente na opinião do próprio Panetta de que o homem seria “terrorista” porque defendeu sua opinião, a de que os muçulmanos têm direito de combaterem contra os norte-americanos. Defender essa opinião – e qualquer opinião – é direito que a Constituição dos EUA garante a todos os cidadãos norte-americanos, inclusive a Anwar Al-Awlaki.

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Tradução: Coletivo Vila Vudu de Tradutores

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