segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Em defesa da causa do povo saharawi

Postagem atualizada em 29 de setembro de 2009

(*) Mensagem do diplomata Arnaldo Carrilho, atualmente exercendo funções inerentes ao cargo de embaixador do Brasil na Coreia do Norte. Por quase dez anos, em Rabate (1979-84) e Argel (1986-91), Arnaldo Carrilho se ocupou da Questão do Sahara.


"Divulgar os abusos de direitos humanos cometidos pelo Marrocos e defender a causa do povo saharawi é o primeiro passo a levar a causa a uma agenda política internacional. Cada dia que passa sem acção é um insulto à noção que a Humanidade representa valores comuns universais."


Saará Ocidental: Quem vai enfrentar Marrocos?

Timothy BANCROFT-HINCHEY


Marrocos: anexação do Saará Ocidental, repressão do povo Saharawi, alegações de tortura, estupro, do desaparecimento de mais de 500 activistas humanitárias...continua a recusar a organizar um referendo sobre autonomia ou independência e comete ultrajes humanitários enquanto a comunidade internacional tapa os olhos.

O exército marroquino invadiu Saará Ocidental em 1975 quando Espanha deixou sua colónia no noroeste do continente africano e depois da anexação (a Marcha Verde), o governo marroquino implementou uma política de repopulação, enviando marroquinos para o novo território conquistado, tentando criar um desequilíbrio em que os Saharawi seriam uma minoria no seu próprio país. Em 1991 a ONU conseguiu negociar um cessar-fogo, sob o qual Marrocos comprometeu-se a organizar um referendo sobre a auto-determinação, integração ou independência.

Desde então Marrocos recusou-se a honrar seu compromisso enquanto continua a violar a lei internacional e 165.000 saharawis lutam contra os elementos no deserto da Argélia, onde são refugiados.

O ultimo caso de abuso numa longa lista a sair do Saará Ocidental é o de um alegado rapto de uma menina de 19 anos por agentes de segurança marroquinos, porque ela planejou assistir uma conferência em Oxford, Inglaterra. De acordo com as declarações da menina, os agentes retiraram as suas roupas e ameaçaram-na com estupro e violência se ela não cessasse as suas actividades humanitárias.

São cada vez mais os casos de abuso de direitos humanos a saírem da Saará Ocidental, documentados por um crescente exército de bloggers, muitos destes estudantes que lutam contra a opressão de Marrocos. Konstantina Isidoros, uma estudante de Oxford, fazendo sua tese de doutoramento, é activista que colabora com vários grupos de Saharawis e compilou uma lista de contactos (ver abaixo).

E onde está esta história na midia comprada? Não está em parte nenhuma. Qual a reacção dos líderes da comunidade internacional? Silêncio.

Se os líderes da comunidade internacional têm medo ou falta de vontade de defender o Bem e lutar contra o Mal, então cabe aos cidadãos do mundo agarrar a causa e fazer algo... e aqui a comunicação social tem uma responsabilidade. Se a midia comprada se recusa a envolver-se, então que esteja a midia independente na vanguarda da causa.

Divulgar os abusos de direitos humanos cometidos pelo Marrocos e defender a causa do povo saharawi é o primeiro passo a levar a causa a uma agenda política internacional. Cada dia que passa sem acção é um insulto à noção que a Humanidade representa valores comuns universais.

Podemos começar por questionar os que nos elegemos para nos representar, qual a sua posição sobre a Saará Ocidental, quais são os seus planos de acção agendados.

Fontes para contactos, compilado por Konstantina Isidoros

http://www.upes.org/

http://www.sahara-panorama.blogspot.com/

http://asvdh.net/english/?p=542

http://amnesty.org/

http://www.talktogether.wordpress.com/

http://freesahara.ning.com/

http://www.en.efrik.com/

http://moroccoviolatinghumanrightsinwesternsahara.blogspot.com/

Timothy BANCROFT-HINCHEY

http://port.pravda.ru/mundo/14-09-2009/27955-saaraocident-0

(*) Do embaixador Arnaldo Carrilho para Fernando Soares Campos, Editor-Assaz-Atroz-Chefe (PressAA):

Pois é, Fernando, a causa saharaui, de certa maneira, se assemelha à da Palestina. Se Israel tornou-se a mais estratégica base dos EUA no Oriente Médio, Marrocos se vende há mais de 50 anos como base franco-estadunidense em sua região. Assim sendo, nem a RASD (República Árabe Saharaui Democrática) nem os combatentes da POLISARIO (Frente Popular de Libertação do Saguia Al-Hamra e Rio de Ouro) jamais conseguiram decisivos apoios internacionais, assim como a OLP e, há quase quatro anos, o Hamas. Essas causas sofrem sempre derrotas nas batalhas diplomáticas, mas partem para outras, não desistem. O meu destino é segui-las, agora esperando que a causa hondurenha não evolua rumo a destino semelhante.

Abraço do
Arnaldo Carrilho


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PressAA

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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Projeto Fábula no Atacama ( VI )



PIRATAS DO AR


Fernando Soares Campos


Dizem que rádio pirata é a inimiga nº 2 da navegação aérea brasileira, figurando entre os principais responsáveis pelo caosaéreo de tempos atrás de nós. Falam até que o poder bélico de uma emissora de rádio clandestina vai além dos obsoletos instrumentos de um caça Mig. Segundo informações não confiáveis dos telejornais, ondas piratas abateriam uma aeronave com maior precisão que a mira cirúrgica dos games de guerra usados contra o povo palestino, por mau exemplo.

Acredita-se que, se o sistema de ondas piratas fosse adotado por uma força-tarefa formada pela própria Anatel e o Bope de qualquer estado brasileiro, a partir daí nem um precisaria de propina para liberar rádio pirata nem o outro de caveirão para se proteger contra o povo trabalhador das favelas de todo o País. Poderiam inclusive sequestrar equipamentos e planos bélicos das rádios clandestinas tocadas por quem não tem grana e toca apenas pelo prazer de tocar, instaladas nas favelas de qualquer cidade brasileira, as que se sustentam apenas pela boa vontade de quem quer ter voz.

Pra que a U.S. Air Force precisaria de Enola Gay? Ora, com uma só emissora de ondas clandestinas, não sobraria pra ninguém: ganharia todas as guerras petrolíferas mundo afora.

Porém, comprovadamente, o mais famoso vilão da versão latino-americana de Star Wars é o urubu. Principalmente o Urubu Faminto do Projefatac — Projeto Fábula no Atacama.

No início do século passado, criou-se um movimento com o propósito de pressionar as autoridades a exterminar urubus urbanos. Em 1937 o Dr. Agenor Couto de Magalhães era o chefe da Secção de Caça e Pesca da Indústria Animal e presidente do Clube Zoológico do Brasil. Ele se dedicou a pesquisas sobre os hábitos dessa agourenta ave e concluiu que se tratava de um ser bem mais útil à sociedade que metafóricos urubus congressuais, executores ou mesmo justiceiros.

O urubu de verdade é o mais zeloso habitante deste nosso planeta; pois, segundo o Houais, zeloso é aquele que demonstra cuidado, esmero, atenção e aplicação no que faz; cuidadoso, diligente; que vigia, vela, permanece atento; cuidadoso, cauteloso, precavido; que dispensa grande atenção, afeto, interesse e cuidados para com alguém.

Quem ousa tirar uma só vírgula aí do nosso zelador-mor?

Alguém se habilita a competir com o urubu a fim de medir seu grau de zeladoria? Eu nem me atrevo, pois já cuspi, escarrei e vomitei na rua, joguei papel, ponta de cigarro, latinha de refrigerante, sacola de plástico, garrafa pet, o escambau, nos rios, praias, matas... Ao volante, além de aleijar e até matar gato, cachorro, cobra e mariposas aos montes; ameacei a vida de pessoas que não tinham culpa por eu ter afogado minhas mágoas nas garrafas etílicas e descarregado as mágoas ao volante. Além de ter cometido coisas inconfessáveis! É bom deixar como está.

Certa ocasião, a cantora Gal Costa voava para fazer um dos seus brilhantes shows; porém, tão logo o avião levantou vôo, precisou voltar ao aeroporto porque, segundo informações pouco confiáveis, fora atingido de raspão por um urubu. A bem da verdade, o urubu, este, sim, é que fora atingido em cheio pela aeronave. Mas à época a nossa mídia ensaiava os primeiros cenários "nãopsoninanos", tendo Homer-Avô ancorado o neto no ventre da própria filha Platina. Pois bem mal, Gal virou uma arara. Chegou a pedir que se abrisse uma temporada de caça ao carniceiro. Acontece que a lei que protege, por exemplo, o poético uirapuru é a mesma que defende os direitos do urubu.


Luz! Câmera! Ação!

(Como nos velhos tempos!)

007 — Vale da Morte — Deserto do Atacama — Alta madrugada

O que para reles mortais possa vir a ser um tenebroso pesadelo, para o urubu faminto não passa de natural letargia onírica, alguma coisa próxima à fantasia einsteiniana, ou Hollywood nos nervos em forma de inofensiva película hitchcockiana, assim vivida, experimentada, pronta para servir aos seus pares de espécies diversas; ensinando-lhes o que pode vir a acontecer caso não tomem os cuidados que a vida exige para aqueles que querem aproveitar a oportunidade de aqui entre nós evoluir.

Flashback

Abertura: imagem ondulando, ondulando, onduuuulaaannndooo... até que, estável.

Plano geral: madrugada num pântano do tipo onde predomina a Rhizophora mangle (calma, leitor, não precisa tremer diante de um simples aglomerado de "mangue-do-brejo"). Serpentes deslizam silenciosas em busca de alimento; corujas enxergam as barriguinhas dos seus filhotes nos papos das ingênuas rãs que acreditam que ela está a lhes admirar o canto e até esperam serem alçadas em merecida apoteose; e o são, vão direto ao paraíso da coruja, onde seus querubins esperam a sagrada ceia. Insetos e pássaros notívagos notivagam como habitué(e) da Lapa carioca revitalizando neurônios de uma memória recentemente zumbificada. Grilos, sapos e rãs fazem a trilha sonora. O espectador assustadoramente deslumbrado, o saco escrotal esfria ao contato da tristonha falsa-coral, colubrídeo brilhando lusco-fusco e cortando galhos retorcidos.

Ponto de vista: O olhar atento do urubu perispiritual vagueia por entre a folhagem, pirilampos assinalam os pontos vulneráveis, aterrorizados e aterrorizantes, mas nem tanto quanto a Paulinha Toller dançando no centro do balé subaquático das sardinhas deliciosamente sensuais.

Zoom: por entre retorcidos galhos do mangue, a câmera enquadra o ninho de urubus-aquáticos, se urubus aquáticos existirem. A mãe-urubu cochila enquanto os filhotes tentam enxergar na escuridão alguma coisa que possa lhes servir os gulosos papos.

O perispiritual urubu faminto encara os filhotes, faz bico torto e olhar de maldade cênica, assim, tenebroso, deixando os filhotes quase arrepiados, pois ainda não dispunham de penas e os escassos pelos caíram, só de pensar em ser engolidos por aquela criatura que de início parecia familiar. O urubu pesadelar abre as asas e solta um Croooaaac!! (Tradução legendada: "Este é o mundo quem lhes espera! Se não se cuidarem, o final pode ser draconiano: bico por bico, gula por gula!")

Na mente dos filhotes ficou a lição; no coração do urubu faminto, a consciência do dever cumprido.

Encerra-se o flashback

008 — Vale da Morte —Deserto do Atacama — Alvorecer

Pico do monte onde o corpo material do urubu faminto recebe de volta o perspiritual urubu faminto.

Há quatrocentos anos não chove no Vale da Morte, o Sol brilha intenso desde as primeiras horas do dia. O urubu faminto abre as asas depois dos olhos claros, refletindo a luz solar e abanando levemente os cílios, deixando escapar odores milenares, coisa tipo amostra grátis de cheiro de múmia.

- Croaaaak (Tradução legendada: "Vão em paz, se fizerem outra, eu pego vocês na próxima esquina depressiva").

Leia a série completa...


Projeto Fábula no Atacama (I)
http://assazatroz.blogspot.com/2007/06/projeto-fbula-no-atacama-i.html
Projeto Fábula no Atacama ( II )
http://assazatroz.blogspot.com/2007/06/projeto-fbula-no-atacama-ii.html
Projeto Fábula no Atacama ( III )
http://assazatroz.blogspot.com/2007/06/projeto-fbula-no-atacama-iii.html
Projeto Fábula no Atacama ( IV )
http://assazatroz.blogspot.com/2007/06/projeto-fbula-no-atacama-iv.html
Projeto Fábula no Atacama ( V )
http://assazatroz.blogspot.com/2007/06/projeto-fbula-no-atacama-v.html

Mas tudo começou mesmo aqui...

Pouca carniça pra muito bico

http://assazatroz.blogspot.com/2007/06/pouca-carnia-pra-muito-bico.html


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PressAA

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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Miriam Leitão, a tricoteuse tupiniquim


Fernando Soares Campos

Míriam Leitão, em sua coluna no Globo Economia, condena a diplomacia brasileira por ter acolhido o presidente deposto por golpe militar em Honduras, Manuel Zelaya. A Leitão global vai de tricotadeira a padre de cadafalso, condena e aparentemente consola o condenado, fazendo-o ver que é merecedor da pena que lhe deve ser aplicada. Desde muito tempo a Leitão sugere um golpe contra o governo Lula.

Vejamos o que diz Leitão numa "nota de repúdio" à diplomacia brasileira. Sempre que ela se refere ao golpe ou a uma possível invasão da Embaixada como alguma coisa "supostamente" errada, segue-se nova frase ou período iniciado pela cunjunção adversativa "mas". É como se a Leitão classificasse o que foi dito anteriormente como alguma coisa sem grande importância. O que vale para ela é o que vem depois do "mas..."

Observe que o texto da Leitão não resiste a uma análise, mesmo que superficial:

“Embaixada do Brasil não pode virar centro político de Zelaya”

Milhares de brasileiros já se refugiaram em embaixadas mundo afora, entretanto raras são as pessoas que retornam ao seu país de origem para enfrentar ferozes gorilas golpistas.

João Goulart, o nosso Jango, mesmo sem se tornar uma ameaça para o governo ditatorial que o depôs, foi assassinado no Uruguai.

Che Guevara escapou da execução sumária dos golpistas da Guatemala porque o embaixador da Argentina naquele país foi buscá-lo na pensão em que se hospedava e lhe ofereceu asilo na Embaixada.

O presidente de um país pequeno e de quase nenhuma expressão no cenário político internacional, como Honduras, precisa de estratégias como essa para chamar a atenção do mundo. Zelaya, como Jango, corre perigo de vida onde estiver.

Duvido que Leitão não esteja torcendo para que os golpistas invadam a Embaixada do Brasil em Honduras, arrastem Zelaya pelas ruas e o executem em praça pública. Assim, Leitão responsabilizará Lula pelas atrocidades dos gorilas. Aliás, ela já começou a culpar o nosso presidente.

Contra os golpistas, a Leitão fala como uma mãe que repreende seus filhinhos por terem torcido o pescoço da professora: “Os dois lados erraram. Crianças são o que são e fazem essas coisas”, foi o que ela deu a entender.

Continue lendo, analise com essa sua própria mente que nunca se acostumará com sacanagem:

“O movimento feito pelo presidente deposto Manuel Zelaya, que está na Embaixada brasileira em Honduras, é perigoso e pode produzir violência no país."

“Pode produzir”, quer dizer, para Leitão, Honduras vive atualmente “uma paz divina”.

"Os dois lados erraram. Conversei com o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia e ele está preocupado."

Ora, e quem não está?! Grande conclusão, a da Leitão!

“Zelaya queria descumprir a Constituição hondurenha, que proíbe segundo mandato e desobedecer a uma ordem da Suprema Corte. Já os golpistas são o que são, golpistas. E golpe é inaceitável."

Golpear não é descumprir a Constituição?! Para Leitão, descumprir a Constituição é fazer plebiscito! Essas crianças! Não façam mais isso, seus levados da breca!

“A OEA (Organização dos Estados Americanos), em reunião de emergência, renovou o apoio a Zelaya. Mas a secretária de Estado americano, Hilary Clinton, falou indiretamente que o negociador é o presidente da Costa Rica, Oscar Arias. A Espanha falou que o movimento pode trazer dificuldades.”

Para leitão, a OEA não representa coisa alguma, o que importa é o que a Hilary Clinton falou. Falou, tá falado.

“A solução desse conflito vai acontecer após novas eleições, em dois meses. E só desta forma o impasse será resolvido. Zelaya voltou porque sabe que agora ainda tem poder, mas depois da eleição de um presidente democrático ele perderá força."

Presidente democrático, eleito sob um regime linha-dura que pode fazer o que bem entender com as urnas. Grande Leitão!

“O Brasil tinha que dar abrigo a um líder que bateu a sua porta. Mas pelas leis internacionais também a Embaixada brasileira não pode se converter em centro político.”

Leitão dos infernos! Veja bem: uma embaixada é, eminentemente, uma instituição política! Uma representação política. Tivemos caso de exceção a essa função da embaixada. Foi na época da ditadura militar bancada pela burguesia brasileira. A Embaixada do Brasil na França ficou conhecida pelos franceses como “Embaixada 10%”. É que o embaixador estava mais interessado nas relações "mercantis" do que em fazer diplomacia. Assim, ele exigia propinas para intermediar a compra, por exemplo, de aviões. 10% era o mínimo estabelecido. Sacou?

“O Oscar Arias tem prêmio Nobel. É melhor que seja ele do que o Brasil, que não foi escolhido por nenhuma parte."

Como o Brasil não foi escolhido por nenhuma das partes?! Ué! O presidente golpeado escolheu o Brasil, sua metida a cega e a cegar seus leitores. Creio que qualquer leitor, mesmo analfabeto funcional, entenderia essa sua insinuação de que o presidente da Costa Rica “tem prêmio Nobel”. Claro que você quer dizer que Lula é semi-analfabeto. Porque você não recomendou Kissinger, que também tem Nobel e é diplomata? Certa ocasião, Henry Kissinger disse a uma senhora que toda mulher tem um preço. A mulher respondeu: “Isso é um insulto. Eu não me vendo nem por um milhão de dólares”. Kissinger, corrupto até a medula, respondeu: “Pois veja que já estamos discutindo preço”. O preço de leitão está nas tabelas dos açougues.

“O Brasil diz o que ele bateu à porta e teria que dar abrigo. Se o governo Michelleti invadir a Embaixada será um desrespeito imenso pelas leis internacionais. Mas o Brasil não pode permitir que Zelaya faça da Embaixada um centro político."

Porque Leitão não adiantou que, desde já, tudo é culpa de Lula? Vai, diz isso sem meias palavras, Leitão! O que está esperando? Ah, sim, isso aí foi só o preâmbulo. Agora resta torcer para que os golpistas invadam a Embaixada do Brasil em Honduras. Mas que filha da mãe! Não é à toa que trabalha para o PIG!

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PressAA
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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Apagão de criatividade leva oposição a reciclar velhas piadas


Dia desses um peessedebista-demo-pefelista alagoano me enviou e-mail contando uma história curiosa, interessante até.

Veja:

A história.... Ah! A história

Judy Wallman é uma pesquisadora na área de genealogia nos Estados Unidos. Durante pesquisa da árvore genealógica de sua família deu de cara com uma informação interessante.

Um tio-bisavô, Remus Reid, era ladrão de cavalos e assaltante de trens. No verso da única foto existente de Remus (em que ele aparece ao pé de uma forca) está escrito:

"Remus Reid, ladrão de cavalos, mandado para a Prisão Territorial de Montana em 1885, escapou em 1887, assaltou o trem Montana Flyer por seis vezes. Foi preso novamente, desta vez pelos agentes da Pinkerton, condenado e enforcado em 1889."

Acontece que o ladrão Remus Reid é ancestral comum de Judy e do senador pelo estado de Nevada, Harry Reid.

Então Judy enviou um email ao senador solicitando informações sobre o parente comum. Mas não mencionou que havia descoberto que o sujeito era um bandido.

A atenta assessoria do Senador respondeu desta forma:

"Remus Reid foi um famoso cowboy no Território de Montana. Seu império de negócios cresceu a ponto de incluir a aquisição de valiosos ativos eqüestres, além de um íntimo relacionamento com a Ferrovia de Montana.

A partir de 1883 dedicou vários anos de sua vida a serviço do governo, atividade que interrompeu para reiniciar seu relacionamento com a Ferrovia.

Em 1887 foi o principal protagonista em uma importante investigação conduzida pela famosa Agência de Detetives Pinkerton.

Em 1889, Remus faleceu durante uma importante cerimônia cívica realizada em sua homenagem, quando a plataforma sobre a qual ele estava cedeu."

Mas a mensagem do peessedebista-demo-pefelista alagoano não pára por aí. Os que fazem oposição ao governo Lula acreditam ter encontrado, a partir da historieta do senador ianque e seu parente supostamente bandido, a fórmula exata para contar a história do metalúrgico que chegou à Presidência da República Federativa do Brasil, eleito e reeleito pelas chamadas vias democráticas.

Pessoas que se arvoram à condição de vestais, guardiões da moralidade, se propõem a mentir, caluniar, difamar. E o fazem com o mesquinho objetivo de imputar a alguém as pechas de imoral, mentiroso, enganador!

Veja como pretendem agir. Observe a contradição, a inversão de valores:

“Não é sensacional?

“Palavras e números podem ser manipulados pra dizer o que o manipulador quiser! Com certeza, daqui a uns 100 anos, um descendente do Lula assim escreverá sobre o ancestral:

"Lula da Silva foi um presidente do Brasil, que tinha uma característica incomum.

Apesar de possuir o sentido da visão, era cego, nada via; o sentido da audição, era surdo, nada ouvia; cursou até o terceiro ano primário, não lia jornais, nada sabia; e apesar de confessar nunca haver lido sequer um livro, foi reeleito”.

E vai o oposicionista descrevendo, feliz da vida, o que alguém poderá fazer com a biografia do presidente Lula: lançar mão de calúnias, difamações, aviltamento, meias verdade e mentiras completas. Ele diz que seria obra de “um descendente do Lula”, o que parece contra-senso; pois, no caso do senador americano, o que ocorreu foi alguém transformar um parente considerado bandido em herói. O peessedebista-demo-pefelista não percebe que está assumindo sua imoral personalidade, estimulando o mau-caratismo dos cínicos que mentem, caluniam e difamam descaradamente e ainda se vangloriam de agir de forma asquerosa.

Eis mais uns trechos dos seus aconselhamentos sobre como se pode mentir sobre a história de Lula:

“Lula da Silva, apesar da cegueira, era um viajante internacional como nunca se vira outro igual. (...) Analfaglota, mas perseverante e inteligente, acabou decorando várias palavras e expressões estrangeiras: "ies","óquêi", "tenqui iu", "gude mornim","gude ivin" "gude naite","naice tu miti iu", "gude bai", mas decorou com mais facilidade "blude méri", "drai martine", "rai fai", "iscóti" e "quantrô". Não precisou decorar caipiroska, esse nome ele já sabia, mas quando ía ao Chile optava por um pisco triplo. Adorava uma rodada de dôrra, regada a "xatenêve di papi." Às vezes confundia-se com a geografia política: "em que país fica a África?". Se Nova Iorqui é a capital dos Estados Unidos, porque a "uaiti rouse" fica em "uóxinton?" (...) Foi o criador do PAC, programa de aceleração da campanha, mas como era um cidadão humilde, abdicou da paternidade transferindo-a para uma senhora muito doce, que apenas roubara o Ademar de Barros, alguns bancos e fora guerrilheira, a quem intitulou mãe do PAC.”

Ademar de Barros passa à condição de vítima, e Lula se transforma em protetor de uma “bandida”.

E o peessedebita-demo-pefelista quase tem um orgasmo por ter, conforme podemos deduzir, encontrado a fórmula de contar a história de um homem do povo que se tornou presidente da República. Ele deixa claro que tudo será reinventado, manipulado, distorcido e adaptado à estreiteza de seus espíritos.

Feliz da vida, o peessedebista-demo-pefelista que me enviou a mensagem exultou:

“E que HISTÓRIA!!!!!!! KKKKKKKK...”

Bom, cada um de nós se orienta pelo que adotou como princípios morais e éticos.

Porém, entre os colaboradores desta Agência Assaz Atroz, Raul Longo sempre foi, disparado, o alvo preferido de pessoas que fazem oposição ao governo Lula sem a exposição de argumentos sólidos, próprios para o desenvolvimento de um debate sério, ou para simples análise do desempenho governamental. Na maioria dos casos, nem mesmo apresentam teorias plausíveis; hipóteses que sejam, mas ilustradas por elementos capazes de revelar coerência entre suas conjecturas e a realidade dos fatos. Nada disso, ou nem isso.

Semana passada, publicamos aqui no blog Assaz Atroz uma troca de correspondência entre Raul e sua amiga Guidinha, postagem intitulada “Editor da FSP dá uma de Tavares: Sou, mas... quem não é?” (9/9). http://assazatroz.blogspot.com/2009/09/editor-da-fsp-da-uma-de-tavares-sou-mas.html

Fernando Soares Campos
Editor-Assaz-Atroz-Chefe

Agora acompanhe a correspondência trocada entre Raul Longo e sua amiga Wera.

Bom dia Raul.

Não resisti.
....

Um cidadão entra numa Delegacia em Brasília e diz ao delegado:
- Vim entregar-me, cometi um crime e desde então não consigo viver em paz.
- Fique calmo... O que o senhor fez?
- Atropelei um petista na estrada de Taguatinga.
- Ora meu amigo, como o senhor pode se culpar se esses petistas atravessam as ruas e as estradas a todo o momento?
- Mas ele estava no acostamento!
- Sinal que iria atravessar... Se não fosse o senhor seria outro qualquer.
- Mas não tive sequer coragem de avisar a família dele!
- Meu amigo, se o senhor tivesse avisado haveria manifestação de repúdio, passeatas com apoio da CUT, MST, pancadaria e morreria muito mais gente; então o senhor fez muito bem, portou-se como um pacifista.
- Mas doutor, eu enterrei o pobre homem ali mesmo, na beira da estrada!
- O senhor realmente me parece uma pessoa de bem. Enterrar um petista é postura de benfeitor. Outro qualquer o abandonaria ali mesmo para ser comido por urubus.
- Mas enquanto eu o enterrava, ele gritava: Estou vivo, estou vivo!
- Tudo mentira! Esses petistas mentem muito...


Resposta do Raul

Wera:

Tudo bem, isso não me ofende de forma alguma. Não sei se os petistas se sentem ofendidos com esse tipo de coisa, como não tenho nem nunca tive nenhuma filiação partidária, o que mais me provoca esse tipo de "brincadeira" é a reafirmação de que apesar de todos os seus defeitos, como os que têm qualquer outro partido, o PT continua sendo o que mais merece meu voto.

Explico o porquê.
Primeiro, não voto em siglas nem em discursos vazios. Não voto naqueles que se dizem melhores que os outros, até porque todos se dizem melhores que os outros. Ou você já ouviu algum político reconhecer que não é tão bom quanto o seu concorrente? O que me convence a votar num determinado candidato, ou nos candidatos de um determinado partido, primeiramente é o histórico desses políticos e partidos.
Segundo, é o programa, as propostas desses políticos e partidos.

Aí, as piadas desse tipo me demonstram que:

1 - Os concorrentes do PT não têm criatividade ou não conseguem encontrar no PT um verdadeiro motivo de piada. Por quê?

Porque essa piada já é velha e é um reaproveitamento de uma antiga piada sobre argentinos. Onde antes se lia a palavra "argentino", apenas trocaram por "petista".

Eu não votaria em gente tão pobre de imaginação.

2 - Os concorrentes do PT não têm histórico, pois, se o tivessem, ao invés de perderem tempo repetindo velhas e desgastadas piadas ou sempre os mesmos preconceitos, as mesmas acusações sempre infundadas e apócrifas, procurariam relatar o que fizeram de bom para o Brasil, quais benefícios trouxeram para a população.

A oposição é, em si, uma piada, mas você não vê muito petistas fazendo piadas do Serra, por exemplo. Ainda há pouco tempo o Serra responsabilizou os porquinhos pela gripe suína. Ele, que foi Ministro da Saúde, aconselhou com toda a seriedade que lhe é muito própria: "As pessoas não devem chegar perto do nariz do porquinho". Isso sim é engraçado, mas embora receba muitas mensagens de petistas, só recebi um ou outro comentário a respeito.

A Vanuza, cabo eleitoral do Serra, foi convidada para interpretar o Hino Nacional num evento do partido e, além de desafinar, mudou a música e a letra do Hino, não conseguindo sequer ler o poema do Duque Estrada. Claro que os petistas riram. Todo mundo riu, e alguns ajudaram a distribuir o vídeo do vexame pelo youtube. Mas quem tornou o caso famoso, foram os próprios aliados da Vanuza e do Serra, pela TV. E foi ela, com suas próprias palavras, quem se defendeu culpando o Hino: "Além de feio, esse hino é uma droga!" - até agora não recebi nenhuma mensagem de algum petista lembrando que nosso Hino é internacionalmente reconhecido como dos mais bonitos do mundo.

Por que os petistas não se esforçam para apontar os defeitos tão evidentes de seus concorrentes? Porque há muito a falar das qualidades dos governos do próprio PT.

Não precisam arrumar o que falar de seus concorrentes, envolvidos em tantas falcatruas regionais, nacionais e internacionais, como a investigação do caso Alstom na Suíça e na França; mas se forem ficar perdendo muito tempo com essas tantas ocorrências de corrupção similares às ações do Ministério Público contra a governadora tucana do Rio Grande do Sul, deixam de falar que nos estados por eles governados registram-se os maiores salários de professores, por exemplo.

Ou que, nas cidades administradas pelo PT, jamais ocorre o soterramento das ruas por lixo não coletado, como ouviu hoje ser noticiado sobre São Paulo no "Bom Dia Brasil" da TV Globo, veículo de franco apoio às candidaturas tucanas e de seus aliados do DEMO, partido que administra aquela capital.

Aí, claro, não tendo histórico, vai ter mesmo de reaproveitar piada antiga. Analiso o histórico dos candidatos e partidos, exatamente porque não voto em piada.

3 - Os concorrentes do PT não têm programa, não tem qualquer proposta para coisa alguma. Se tivessem, também não perderiam tempo com piadas, acusações infundadas, que, mais ou cedo ou tarde, se comprovam falsas, fabricações de escândalos, etc.

Veja você: com todo o apoio que têm da mídia, dos principais veículos de comunicação da imprensa eletrônica e empresarial, não conseguem convencer a maioria da população nem comprovar as tantas acusações que inventam. E ainda têm de recorrer a reaproveitamentos de piadas velhas! Por quê? Porque não têm a mínima noção do que fazer para melhorar ainda mais o país. Não conseguem fazer idéia de como desenvolver um projeto que melhore a situação do povo brasileiro.

Estiveram oito anos presidindo esse país e até hoje não conseguiram desenvolver um projeto verdadeiramente de real interesse dos brasileiros, como você e eu.

O único projeto que apresentaram, foi ainda quando FHC era Ministro da Fazenda do governo Itamar Franco: o Real, que teve o efeito de conter a inflação apenas no final daquele governo e durante o primeiro mandato de FHC. Ou seja, pouco mais de 4 anos.

O governo do PT não apresentou nenhum projeto de mudança de moeda, mas mantêm a variedade inflacionária estável há mais de 7 anos e mesmo em meio a uma crise econômica internacional sem precedentes. Por quê? Segundo os analistas internacionais porque o PT cumpriu com suas propostas de promover a distribuição de renda, criando um mercado de consumo interno. Ou seja, reduziu significativamente a miséria e a marginalização entre o povo brasileiro.

Claro que não foi só isso, mas uma série de medidas dentro das diversas propostas do PT. Entre elas o equilíbrio da balança comercial: aumentamos a exportação, abrindo novos mercados (com as viagens do Lula que tanto acusaram como sendo de turismo) e valorizando a produção nacional. Com isso diminuímos a importação sensivelmente, reduzindo a concorrência da má qualidade dos produtos da China que no governo anterior quebrou com diversos setores da indústria nacional.

Aumentamos a oferta de emprego formal, derrubando os índices de desemprego aos mais baixos índices da história, apesar de terem atingido os mais altos patamares internacionais em 2002.

E assim passamos pela crise que tanto afeta as grandes economias mundiais na Europa, na Ásia e na América do Norte, como quem é atingido apenas por uma marolinha. Sem qualquer necessidade de recorrermos às instituições financeiras estrangeiras, sem contrair dívidas externas, como credores internacionais, com significativas reservas que jamais acumulamos em toda a história da República, com investimento em infra-estrutura por todo o país, e fortalecimento da nossa moeda. Bem diferente daquela hiperdesvalorização do cruzeiro para a criação do Real, está lembrada?

Percebe porque os petistas não perdem tempo inventando ou reaproveitamento piadinhas velhas? Para eles não há sentido em fazer isso. Já seus opositores e concorrentes, não tem outro jeito. Só podem mesmo recorrer a esses artifícios.

Mas se pensarmos bem, acabamos concluindo que essas piadas, acusações improcedentes, escândalos e factóides, são o que de melhor eles já fizeram pelo Brasil. Sabe por quê? Explico.
Outro dia ouvi uma comentarista da Globo News lamentando que o Lula é como massa de bolo. "Quanto mais bate, mais cresce". O que ainda não perceberam é que o problema não está no Lula. O problema está exatamente na falta de criatividade, como aí nessa piada. Se tivessem alguma criatividade, ao invés de perder tempo batendo no Lula, voltariam seus talentos (se é que têm algum) para desenvolvimento de projetos úteis ao país, de propostas de interesse do povo brasileiro.

Já que não têm histórico, se viessem a público e reconhecessem: "É verdade! Fizemos uma porcaria de governo que terminou em apagão energético com enorme prejuízo à nação. Elevamos o preço da gasolina, os juros e a inflação. Fizemos péssimos negócios de privatização. Íamos praticando o maior e mais vergonhoso crime de lesa pátria da história que, por séculos, afetaria o futuro de muitas gerações de brasileiros, mas agora temos um projeto, temos uma proposta para recuperar nossa imagem junto ao povo e o eleitorado..." - e aí apresentassem algo, alguma proposta convincente e confiável, certamente o Lula pararia de crescer como massa de bolo.

Mas como não têm coragem nem honestidade suficiente para isso, só fazem bater. E quanto mais batem, quanto mais reaproveitam velhas piadas como essa, mais o povo conclui que não vale a pena votar em outro candidato que não o indicado por Lula, ou em outro partido que não seja o PT.

Pra quê? Pergunte-se a você mesma: pra que você vai votar nos mesmos caras que entregariam e ainda pretendem entregar o Pré-Sal ao capital estrangeiro?

Para que eles fiquem ricos às custas do futuro de seus filhos, de seus netos e sobrinhos e filhos dos seus sobrinhos? Isso é gigolotagem!

Votar nesses caras é ser gigolô da própria família! É pior do que aquela mãe que oferece a própria filha para fazer sexo com o turista estrangeiro. Pior, porque aquela mãe, na maioria das vezes, faz isso para conseguir algum dinheiro para que aquela pobre menina não morra de fome. E quem vota nos que iam privatizando a Petrobras e o Pré Sal, só põe o futuro dos filhos a perder sem ganhar nada com isso! Ajuda a roubar o patrimônio da nação e a segurança do futuro dos próprios filhos, sem levar comissão alguma!

Pior, porque aquela mãe está vendendo e corrompendo apenas sua própria filha, mas quem vota naqueles que iam privatizando a Petrobras e o Pré Sal está promovendo a prostituição do futuro de diversas gerações de todos os filhos de brasileiros!

Pior, porque aquela mãe e aquela menina não têm outra opção além do lenocínio. Para não votar nos gigolôs da pátria e seus aliados, há diversas opções. Não é preciso votar exclusivamente na Dilma. Já se anunciou que haverá a Marina, provavelmente também haverá o Ciro. Talvez novamente o Cristovão Buarque.

Mas votar naqueles que iam consumando o maior crime lesa-pátria de toda nossa história ou em seus aliados, é mais do que ser cúmplice de gigolô! É praticar cafetinagem com seus próprios descendentes, mesmo os ainda não nascidos, e por muitas gerações. E se estar prostituindo os bisnetos, por pura inconseqüência e irresponsabilidade, pois se não for alguém daqueles remunerados para distribuir essas piadinhas ou falsas informações inventadas, sequer irá ganhar alguma coisa prostituindo a própria família.

Ainda assim, sem dúvida, uma boa forma de evitar que isso aconteça, é bater no Lula e no PT com essas piadas, com preconceitos, com invenções de factóides, com manipulações de informações. Ajuda muito porque é assim que o povo tem percebido o óbvio: se o Brasil melhorou tanto, se projetou tanto perante o mundo, esses que perdem tempo com essas manobras não merecem crédito algum e, como disse o Obama, Lula é mesmo O Cara.

Lembra-se das tantas piadinhas e mentiras que circularam pela internet antes de 2006? Pois é, ajudaram muito a reeleger o Lula e estão ajudando bastante a candidatura da Dilma, porque quanto mais a população percebe que Lula e o PT são vítimas de perseguição dos incompetentes que só prejudicaram o país enquanto estiveram no governo, e por isso não têm nada de bom a lembrar de seus históricos e tampouco têm algo a propor ao futuro do país, mais facilmente se repetirá o êxito e sucesso das últimas eleições presidenciais.

Só lamento que, além da Dilma, os demais candidatos citados e que também não se incluem na União dos Gigolôs da Pátria não sejam beneficiados por estas piadinhas e outras mensagens distribuídas pela internet, que tanto ajudam ao Lula.

Mas, pelo Brasil, eu lhe agradeço.

Abraço grande!

Raul Longo
pousopoesia@ig.com.br
pousopoesia@gmail.com
www.sambaqui.com.br/pousodapoesia
Ponta do Sambaqui, 2886
88.051-001 - Floripa/SC


Raul Longo é jornalista, escritor, pousadeiro e colabora com a nossa Agência Assaz Atroz.

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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Jovens atletas - os clubes e a disputa pelo contrato

A INFLUÊNCIA DO CAPITALISMO NA FORMAÇÃO DE ATLETAS DO FUTEBOL

Renato Vidal Linhares [1.2.3]

O futebol é o esporte mais praticado no mundo, e o Brasil é um país privilegiado na formação de atletas de alto nível nesta modalidade esportiva. Os clubes tradicionais possuem categorias de base com o objetivo de revelar jovens talentosos que possam integrar o elenco de profissionais e futuramente dar retorno financeiro através de suas negociações, principalmente com os clubes europeus.

Esta situação acontece apoiada no aumento de notícias veiculadas pelos meios de comunicação de massa em todo o mundo, os quais relatam a comercialização de jogadores de todas as idades, inclusive menores de 18 anos, por valores contratuais a cada dia mais altos.

No Brasil o esporte, principalmente o futebol, é uma das alternativas de ascensão social, pois grande parcela da população não possui condições básicas de educação e de oportunidade de bons empregos que permitam aos pobres melhorarem suas condições financeiras pelo próprio esforço. Logo, vemos crianças e adolescentes motivadas e desejosas de se tornarem astros de futebol, e uma necessidade das famílias melhorarem as condições em que vivem.

O capitalismo acena, para esses jovens pobres, com a possibilidade de transformá-los em celebridades do mundo esportivo e receberem altos salários por suas exibições, visto que as suas performances podem gerar significantes retornos financeiros aos clubes e possibilitar a conquista de títulos, que transformam essas agremiações em atrativo setor de investimento publicitário por parte de empresas privadas e até mesmo grandes estatais. Entretanto, em todo o caminho que leva um jovem da divisão de base até a profissionalização, há um exaustivo trabalho pedagógico e de preparação para revelar um talento do futebol.

Durante a formação de atletas, a maioria dos jovens que tentam ingressar na carreira esportiva fica de fora, seja por falta de potencial para o esporte, erro no prognóstico dos selecionadores de talentos ou a necessidade dos treinadores se manterem empregados.

A falta de potencial para um esporte específico é algo comum, pois em todas as áreas de conhecimento existem pessoas mais habilidosas que se destacam, ou seja, os melhores sobrevivem.

Erros no prognóstico são comuns no meio esportivo, visto que as equipes são divididas por idade cronológica, ou ano de nascimento, e as crianças e adolescentes estão em constante crescimento e desenvolvimento, com ritmos e taxas diferentes para uma mesma idade. Esta diferenciação é estabelecida pela idade biológica, a qual irá interferir na composição corporal, nas qualidades físicas básicas e nas respostas ao treinamento dos jovens. Logo, quando um treinador/professor testa dois adolescentes e um deles está biologicamente adiantado, há uma tendência de o teste beneficiá-lo em relação ao atrasado ou normal. Entretanto, ao final da adolescência ambos os atletas estarão em igualdade de condições biológicas, e os que foram rejeitados no processo de formação poderão demonstrar melhores condições esportivas.

O mesmo erro no prognóstico pode ocorrer de forma intencional, pela maneira como os clubes e as empresas enxergam as divisões de base, pois a ideia das categorias inferiores é revelar atletas para os profissionais, ou seja, é um trabalho de longo prazo. Porém o que se vê é uma exaltação dos títulos conquistados por treinadores/professores dessas categorias. Com isto, os treinadores podem ser induzidos a selecionar aqueles jovens que estão adiantados, com uma maior estatura, ou mais fortes, por exemplo, que trarão melhores resultados no momento, como forma de manterem o emprego.

Os profissionais que trabalham com o esporte e a sociedade em geral deveriam olhar com mais cuidado para as crianças e adolescentes que estão inseridos no esporte, de forma a respeitar o momento no qual se encontram, pois o que vemos no Brasil é um enorme desperdício de talentos, considerados pela pesquisadora e professora Marsyl Mettrau um “Patrimônio Social”.

Renato Vidal Linhares é professor de Educação Física e está concluindo exames de doutorado em que defende tese sobre o tema abordado neste artigo, o qual foi fornecido a esta Agência Assaz Atroz, a título de colaboração.

1 - LABIMH – UFRJ – RJ
2 - Universo – Niterói – RJ
3 - LAM – UFJF – MG
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terça-feira, 8 de setembro de 2009

XIV BIENAL DO LIVRO - Rio de Janeiro, de 10 a 20 de setembro

Atualizado em quinta-feira, 10 de setembro de 2009






Bienal do Livro promove encontros e debates com jornalistas

A XIV Bienal do Livro Rio, que acontece de 10/09 a 20/09 no Rio Centro, organiza mais de 15 encontros com jornalistas brasileiros e estrangeiros. Entre as atrações nacionais estão debates com Daniel Piza, Maurício Stycer, Caio Túlio Costa, André Trigueiro, Humberto Werneck, Zuenir Ventura, Laurentino Gomes, Carlos Heitor Cony, Arnaldo Bloch, Ruy Castro, Ciro Marcondes Filho, Danuza Leão, Fernando Morais, Guilherme Fiuza, Ancelmo Gois, entre outros.

Jornalistas internacionais também participam dos encontros. No dia 11/09, às 19h, Bernardo Ajzenberg e o jornalista israelense David Grossman abordam o tema “Escrevendo intimidade em território disputado”. No dia seguinte, às 17h, David Grann, da revista New Yorker, participa de um bate-papo com Daniel Piza e Mauricio Stycer. No penúltimo dia da programação, 19/09, Larry Rother, autor do livro “Deu no New York Times”, conversa com o antropólogo Roberto Da Matta sobre as polêmicas de sua recente obra que aborda o olhar de um correspondente estrangeiro sobre o Brasil, no Café Literário, às 17h.

No dia 11/09, às 17h, Caio Túlio Costa, consultor de novas mídias e ex-presidente do IG, debate com Andrew Keen sobre Banalização da cultura na era da rede global. Zuenir Ventura é um dos participantes da discussão “Quando a periferia se torna centro”, no dia 12/09, às 20h.
André Trigueiro, repórter e âncora da GloboNews, participa de dois debates “Espiritismo e Ecologia”, sobre os pontos em comum entre esses dois temas, no dia 12/09, às 18h30 e “Ética e responsabilidade no mundo contemporâneo", dia 13/09, às 15h30.

O jornalista e autor do livro "1808", Laurentino Gomes, conversa com a historiadora Isabel Lustosa sobre "Brasil: ontem e hoje", no dia 18/09, às 16h. No último dia do evento, Sérgio Rodrigues e Carlos Heitor Cony, debatem “A política entre a ficção e a realidade”, às 17h. No final da noite, Ruy Castro e Paulo César de Araújo discutem o tema “Biografando a canção”, às 20h.
Confira lista dos encontros:

11/09 – 17h - Café Literário - Banalização da cultura na era da rede global Andrew Keen e Caio Túlio Costa - Mediadora: Debora Garcia

12/09 – 17h - Mulher e Ponto- Polêmica e atualidade no discurso feminino - As questões da mulher deixam o livro e ganham visibilidade na mídia Patrycia Travassos e Márcia Tiburi - Mediadora: Isabella Saes

13/09 – 15h30 - Café Literário - Ética e responsabilidade no mundo contemporâneo Leonardo Boff e André Trigueiro - Mediador: Ivo Barbieri

13/09 – 19h30 - Mulher e Ponto - Blog é Livro? - O crescimento do livro virtual atrai escritoras e leitoras Clara Averbuck e Fal Azevedo - Mediadora: Cora Rónai

13/09 – 20h - Café Literário - Bastidores da ficção: a pesquisa do escritor Chris Bohjalian e Jair Ferreira dos Santos - Mediador: João Paulo Cuenca

17/09 – 17h30 - Mulher e Ponto - A Mulher Repórter da Vida - Em crônicas, memórias e reflexões, os melhores momentos da alma feminina Martha Medeiros e Rosiska Darcy de Oliveira - Mediadora: Sonia Biondo

17/09 – 18h - Café Literário - Escrevendo sobre Escritores Paula Dip, Humberto Werneck , Uelinton Farias Alves - Mediadora: Clarisse Fukelman

18/09 – 16h - Café Literário - Brasil ontem e hoje Laurentino Gomes e Isabel Lustosa - Mediador: Cristiane Costa

19/09 – 17h - Café Literário - Ficções e realidades nas visões de Brasil e EUA Larry Rother, Roberto DaMatta Mediadora: Regina Zappa

19/09 – 20h - Café Literário - Experiência de vida e sua recuperação pela escrita:impactos e repercussões Fernando Morais e Guilherme Fiuza - Mediador: Ancelmo Gois

20/09 – 17h - Café Literário - A política entre a ficção e a realidade Sérgio Rodrigues e Carlos Heitor Cony - Mediador: Marcelo Moutinho

20/09 – 20h - Café Literário - Biografando a canção Ruy Castro e Paulo César Araújo Mediadora: Guiomar de Grammont

http://www.comunique-se.com.br/index.asp?p=Conteudo/NewsShow.asp&p2=idnot%3D53455%26Editoria%3D8%26Op2%3D1%26Op3%3D0%26pid%3D119409640249%26fnt%3Dfntnl


Depressão e Poesia

Eternamente Escritas...As Minhas ...As tuas Poesias.

Anna Karenina convidou você para participar de Apoio Emocional e Espiritual em Depressão e Poesia

Venha participar de Apoio Emocional e Espiritual em Depressão e Poesia.

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Últimos dias para sua inscrição.

O projeto Nova Coletânea está editando seu novo livro denominado "Livre Pensar Literário" e aproveita o ensejo para convidar você, novo autor e membro colaborador do projeto de inclusão literária que chegará a produção de sua 5ª antologia temática. O projeto recebru convite para expor o livro na Bienal de Sergipe no fim deste ano. Será uma grande alegria para todos cumprirmos um circuito de inclusão em que novos estados e diversas regiões do Brasil, Argentina e Portugal participam. Desde 2005 estamos nesta estrada e já vislumbramos tempos melhores em nossa jornada. Muitos têm acreditado em nosso ideal e vem unindo forças seja na divulgação, na disponibilização de espaços e no trabalho voluntário junto ao projeto.

O projeto não chegaria aonde chegou sem a cobertura eficiente da imprensa local e regional e a divulgação de escritores parceiros em seus blogs e no envio de fotos, comentários e material informativo. Agradecemos O Jornal "Folha da Mata" de Viçosa, a TV Viçosa, afiliada da TV Educativa do Rio de Janeiro, o Jornal Regional Canal 13, a Câmara Bahiana do Livro (CBaL), a WebCitizen, a Redação da Assaz Atroz (Pressaa), Mariano P. Souza, Valdeck Almeida de Jesus, Carlos Conrado da Arcádia Literária de Aracajú e todos os escritores das últimas antologias.

Esta semana estaremos informando os autores homenageados da nossa próxima edição

Sem mais para o momento,

Bruno Resende Ramos

http://contosdasalmas.wordpress.com/2009/06/06/regras-para-participacao-no-projeto-nova-coletanea/

Livros Jurídicos - 09/2009



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Caros amigos e companheiros de letras:

Este é o meu novo livro: Flagrantes do Viver (crônicas).

Será lançado na XIV bienal do Livro do Rio de Janeiro, no Rio Centro, dde 10 a 20 de setembro.

Quem estiver lá não deixe de visitar o estande da APPERJ e da ALL PRINT onde será lançado.

Flagrantes do Viver (crônicas), livro que reúne obras premiadas e/ou publicadas pela escritora Angela Togeiro. Crônicas que abordam temas atuais e polêmicos como a mulher e seus papéis, comportamentos, política, consumismo, globalização, ecologia, enfatizando sempre a promoção humana, a conquista da paz e outros temas sob o enfoque da autora, inseridos no contexto humanidade, visto sob a ótica da sensibilidade da escritora em como está se sentindo na grande nave do mundo.

Quem não puder ir e que estiver interessado em conhecer este meu recente trabalho, pode adquiri-lo comigo.

Eu sou uma das centenas de centenas de escritores brasileiros que carregam a bandeira do movimento "Sem editora".

Grata desde já ao comparecimento à Bienal e à divulgação que fizerem.



Saúde e paz






Angela Togeiro



http://angelatogeiro.googlespages.com/home






O livro Soledad no Recife percorre as veredas dos testemunhos e das confissões ao reviver a passagem da militante paraguaia Soledad Barret pelo Recife, em 1973, e a traição que culminou em sua tortura e assassinato pela ditadura militar.

Delatada pelo próprio companheiro Daniel, conhecido depois como Cabo Anselmo, Soledad morre com um grupo de candidatos a guerrilheiros, na capital pernambucana, pelas mãos da equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury. O episódio ficou conhecido como “O massacre da chácara São Bento” e revelou-se mais um extermínio do que um confronto armado.

A trama real inspira o romance em que Urariano Mota - com a propriedade de que viveu e sobreviveu aos anos pós 1964 - resgata os vestígios da traição arquitetada contra Soledad e contra o País naqueles tempos, com o olhar reflexivo de quem se volta ao passado. A vida e morte de Soledad é um forte contraponto a “história oficial” propagada pela mídia na época e um testemunho da violência do Estado.

Nas palavras de Flávio Aguiar, que assina a apresentação da obra, Soledad no Recife é a recuperação de uma história, “como preito àquelas vidas que se doaram e foram ceifadas pela traição inesgotável que foram o golpe e à ditadura de 1964 ao seu próprio país – traição espelhada na de Anselmo ao amor que, sabe-se lá por que, despertou em Soledad”.

Trecho do livro

Naqueles anos, o amor era uma alienação. É claro, disso sabemos agora. Se nos afirmassem isso então, reagiríamos irritados. Sem pensar, haveríamos de dizer: “na ordem do dia, existem ações mais urgentes que namorar e tocar as mãos”. E namorar e tocar as mãos, que púnhamos no lugar do amor, era uma brutalidade para destacar o ridículo de ficar pegando mãos, em lugar do mais prático e forte, foder e foder para toda a vida. Era uma brutalidade que não reconhecia na ternura uma instância legítima.

Trecho da Apresentação de Flávio Aguiar

De qualquer modo, nas ditaduras não se perde apenas a liberdade de expressão, como vê o pensamento liberal. Sim, perde-se o espaço da expressão, mas também o amor perde a liberdade. Ele é tornado impotente. As pessoas ficam isoladas, amargas, cobertas anos e anos por cicatrizes. Os que veem a morte de frente, às vezes de olhos arregalados na tortura, sabem por que estão morrendo: de certo modo, foram traídos pelo próprio amor. Os que sobrevivem, não sabem por que sobreviveram: são traídos no seu amor-próprio.

Sobre o autor

Urariano Mota, 59 anos, é natural de Água Fria, subúrbio da zona norte do Recife. Escritor e jornalista, publicou contos em Movimento, Opinião, Escrita, Ficção e outros periódicos de oposição à ditadura. Atualmente, é colunista do Direto da Redação e colaborador do Observatório da Imprensa e desta Agência Assaz Atroz (PressAA). As revistas Carta Capital, Fórum e Continente também já veicularam seus textos. Autor de Os corações futuristas (Recife, Bagaço, 1997), um romance de formação, que se passa sob a ditadura de Emílio Garrastazu Médici (1969–1974)
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=657

http://www.boitempo.com/livro_completo.php?isbn=978-85-7559-138-3









http://loja.livrariacasavermelha.com.br/REF-537-Estrutura-social-e-formas-de-consciencia-a-determinacao-social-do-metodo








O primeiro livro impresso da gaúcha, que atualmente mora em Minas Gerais, Mariângela Padilha (†††Me Morte†††), com muito mistério, o que já se tornou característica em toda a sua obra.

AUTORIA: Mariângela Padilha
CAPA e DIAGRAMAÇÃO: René Ociné
REVISÃO GRÁFICA: Geralda Aparecida Dias
PRODUÇÃO: BIBLIOTECA 24 x 7

VOCÊ ENCONTRA NO SITE:
http://www.biblioteca24x7.com.br/

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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Troféus do PIG - historieta baseada num pesadelo sofrido pelo nosso Editor-Assaz-Atroz-Chefe

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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Canal livre de "inconveniências"



CANAL LIVRE PARA O CABO ANSELMO

Urariano Mota

No último Canal Livre, o Cabo Anselmo pautou a entrevista. Falou o que quis, como quis e quando quis. Ele não foi o entrevistado. Salvo engano, ocorreram dois impedimentos básicos, que desceram o nível informativo a um ponto muito baixo:

1. A produção do programa deve ter feito um acordo prévio com o advogado de Anselmo, com o próprio e companhias da velha ditadura. Em troca da exclusividade da entrevista, que talvez tenha dado o maior ibope do programa até hoje, Soledad pode ter sido a moeda. Mas o acordo nos bastidores aparece, assim como um ladrão flagrado no furto. Anotei que Fernando Mitre, ao mencionar Soledad, o Cabo Anselmo responde, com as duas mãos levantadas, como quem se defende, como quem faz lembrar um trato, que ameaça ser rompido: "Opa!". E Mitre, de volta: "Depois o senhor fala sobre ela". E ele, "ah, claro". E o que se viu depois foi nada, ou quase nada.

2. No programa da Band, mas não só ali, na verdade com todos os jornalistas que têm entrevistado o Cabo Anselmo, do repórter Octávio Ribeiro, o Pena Branca, até Percival de Souza, todos têm um baixíssimo nível de compreensão da luta clandestina, do movimento socialista e do tipo de agente que é Anselmo. No Canal Livre, ele falou em OLAS e passou batido. Referiu-se ao cofre de Adhemar, e nem se deram conta do que isso significava. Acusou covarde e impune um político morto, Miguel Arraes, que teria ficado com o dinheiro tomado desse cofre, e no estúdio só se ouviu a respiração ofegante dele, Anselmo, a estrela cansada com o seu figurino de 1970.

Nesse Canal Livre, o que poderia ser o grande momento do programa, que desmontaria mais uma farsa do criminoso, apenas foi insinuado, como uma falha do script. Sabe-se, e de experiência eu digo, que ninguém pode ficar muito natural no ar sem que um imprevisto aconteça. Isto se deu quando um dos entrevistadores perguntou ao Cabo Anselmo pelas torturas que sofrera - o que, afinal, justificaria a sua "passagem para o outro lado". Anselmo falou então que foi atirado em uma cela "infecta!!!!", infecta, como primeira tortura... Um lance terrível do canastrão. Depois, falou em generalidades sobre o instrumento da tortura, e quando tentou descrever o que sofrera, a sua descrição foi exterior, de quem observou torturados. A dor e o inferno não são dele.

A isso observou um jovem muito inteligente, preciso e certeiro:

“Prestei bem atenção quando perguntaram se ele havia sido torturado. Ele respondeu como havia ficado na hora da tortura, contou como levou choque elétrico, e que se encontrava no momento numa sala semi-escura. Contou. Mas eu não vi, não senti nele a voz de uma pessoa que sofreu tamanho sofrimento. Não presenciei na sua voz um sentimento de revolta, um só embargo na voz dele não existiu!!! Comparo com amigos, quando lembram de brigas no colégio em que sofreram covardia e humilhação, e todas vezes em que contam ficam irados pelo que sofreram. Para uma pessoa que ficou nua, em situação de vexame, que sofreu tamanha humilhação, ele falou com muita naturalidade sobre o assunto!!!”

Ao que completou o escritor e jornalista Alípio Freire, em aguda percepção, com a autoridade de quem sofreu a tortura:

“O senhor Anselmo cometeu uma gafe homérica ao descrever a tortura no pau-de-arara, quando disse que amarravam uma corda nos tornozelos e outra corda nos pulsos. De minha parte devo dizer que até hoje não soube de nenhum caso em que os tornozelos fossem amarrados. Eles ficavam presos entre os pulsos – estes, sim, amarrados”

Resultado, à revelia do script: o Cabo Anselmo jamais foi torturado. E por isso e por causa, ele não passou para o outro lado, para sobreviver, como uma solução ao desafio proposto por Fleury: “ou colabora ou morre”, como tantas vezes tem repetido. Se bem lembramos, essa versão da passagem se montou quando o dirigente comunista Diógenes de Arruda Câmara o viu a passear no Dops paulista. E fez chegar essa descoberta aos exilados no Chile. Por isso, por falta de pesquisa, interesse ou ignorância, mais de um repórter tem creditado e acreditado que ele passou para o outro lado a partir da sua prisão. Nisso acreditam, sem a percepção aguda de jovens inteligente ou de poetas ex-presos políticos.

Desde quando comecei a escrever “Soledad no Recife”, publicado este ano pela Boitempo, que o acompanho em livros, em vídeos, e toda a imprensa. E cada vez mais percebo que o embuste Cabo Anselmo não se adaptou aos novos tempos. Por isso a sua retórica, em sucessivas entrevistas e no Canal Livre neste 2009, perdeu o vínculo com o real. A sua mentira perdeu a verossimilhança.


Urariano Mota, colaborador da nossa AAA-PressAA, é jornalista, escritor, natural do Recife. Publicou contos em Movimento, Opinião, Escrita, Ficção e demais publicações alternativas, em plena vigência da ditadura que se instalou em nosso país em 1964. Publicou o romance Os Corações Futuristas http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=65, cuja paisagem humana e física é a ditadura Médici, no Recife. Tem inédita uma novela policial, O Caso Dom Vital, que possui tema e enredo censurados por editoras. Nela, critica cruelmente o ensino em colégios brasileiros.

Leia comentários do embaixador Arnaldo Carrilho na AAA-PressAA

http://santanadoipanema.blogspot.com/2009/09/um-embaixador-muito-experiente-comenta.html


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