(*) Mensagem do diplomata Arnaldo Carrilho, atualmente exercendo funções inerentes ao cargo de embaixador do Brasil na Coreia do Norte. Por quase dez anos, em Rabate (1979-84) e Argel (1986-91), Arnaldo Carrilho se ocupou da Questão do Sahara.
"Divulgar os abusos de direitos humanos cometidos pelo Marrocos e defender a causa do povo saharawi é o primeiro passo a levar a causa a uma agenda política internacional. Cada dia que passa sem acção é um insulto à noção que a Humanidade representa valores comuns universais."
Saará Ocidental: Quem vai enfrentar Marrocos?
Timothy BANCROFT-HINCHEY
Marrocos: anexação do Saará Ocidental, repressão do povo Saharawi, alegações de tortura, estupro, do desaparecimento de mais de 500 activistas humanitárias...continua a recusar a organizar um referendo sobre autonomia ou independência e comete ultrajes humanitários enquanto a comunidade internacional tapa os olhos.
O exército marroquino invadiu Saará Ocidental em 1975 quando Espanha deixou sua colónia no noroeste do continente africano e depois da anexação (a Marcha Verde), o governo marroquino implementou uma política de repopulação, enviando marroquinos para o novo território conquistado, tentando criar um desequilíbrio em que os Saharawi seriam uma minoria no seu próprio país. Em 1991 a ONU conseguiu negociar um cessar-fogo, sob o qual Marrocos comprometeu-se a organizar um referendo sobre a auto-determinação, integração ou independência.
Desde então Marrocos recusou-se a honrar seu compromisso enquanto continua a violar a lei internacional e 165.000 saharawis lutam contra os elementos no deserto da Argélia, onde são refugiados.
O ultimo caso de abuso numa longa lista a sair do Saará Ocidental é o de um alegado rapto de uma menina de 19 anos por agentes de segurança marroquinos, porque ela planejou assistir uma conferência em Oxford, Inglaterra. De acordo com as declarações da menina, os agentes retiraram as suas roupas e ameaçaram-na com estupro e violência se ela não cessasse as suas actividades humanitárias.
São cada vez mais os casos de abuso de direitos humanos a saírem da Saará Ocidental, documentados por um crescente exército de bloggers, muitos destes estudantes que lutam contra a opressão de Marrocos. Konstantina Isidoros, uma estudante de Oxford, fazendo sua tese de doutoramento, é activista que colabora com vários grupos de Saharawis e compilou uma lista de contactos (ver abaixo).
E onde está esta história na midia comprada? Não está em parte nenhuma. Qual a reacção dos líderes da comunidade internacional? Silêncio.
Se os líderes da comunidade internacional têm medo ou falta de vontade de defender o Bem e lutar contra o Mal, então cabe aos cidadãos do mundo agarrar a causa e fazer algo... e aqui a comunicação social tem uma responsabilidade. Se a midia comprada se recusa a envolver-se, então que esteja a midia independente na vanguarda da causa.
Divulgar os abusos de direitos humanos cometidos pelo Marrocos e defender a causa do povo saharawi é o primeiro passo a levar a causa a uma agenda política internacional. Cada dia que passa sem acção é um insulto à noção que a Humanidade representa valores comuns universais.
Podemos começar por questionar os que nos elegemos para nos representar, qual a sua posição sobre a Saará Ocidental, quais são os seus planos de acção agendados.
Fontes para contactos, compilado por Konstantina Isidoros
http://www.upes.org/
http://www.sahara-panorama.blogspot.com/
http://asvdh.net/english/?p=542
http://amnesty.org/
http://www.talktogether.wordpress.com/
http://freesahara.ning.com/
http://www.en.efrik.com/
http://moroccoviolatinghumanrightsinwesternsahara.blogspot.com/
Timothy BANCROFT-HINCHEY
http://port.pravda.ru/mundo/14-09-2009/27955-saaraocident-0
(*) Do embaixador Arnaldo Carrilho para Fernando Soares Campos, Editor-Assaz-Atroz-Chefe (PressAA):
Pois é, Fernando, a causa saharaui, de certa maneira, se assemelha à da Palestina. Se Israel tornou-se a mais estratégica base dos EUA no Oriente Médio, Marrocos se vende há mais de 50 anos como base franco-estadunidense em sua região. Assim sendo, nem a RASD (República Árabe Saharaui Democrática) nem os combatentes da POLISARIO (Frente Popular de Libertação do Saguia Al-Hamra e Rio de Ouro) jamais conseguiram decisivos apoios internacionais, assim como a OLP e, há quase quatro anos, o Hamas. Essas causas sofrem sempre derrotas nas batalhas diplomáticas, mas partem para outras, não desistem. O meu destino é segui-las, agora esperando que a causa hondurenha não evolua rumo a destino semelhante.
Abraço do
Arnaldo Carrilho
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PressAA
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