quinta-feira, 29 de abril de 2010

BRASÍLIA CONFIDENCIAL

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terça-feira, 27 de abril de 2010

Arre égua!


Rosa Pena

Não ia ficar sentada vendo meus sonhos passarem. Também não suportava mais discutir relação e quem tem razão. “Diários de Motocicleta” foi fator decisivo.

Não tenho muito tempo, ainda assino cartão de ponto, não tenho mais disposição para pilotar uma moto, um buggy, sim! Não tenho grana para ir aos Andes, ao Nordeste ainda dá; não tenho saco para passar roupa, biquínis e cangas lá bastam; não tenho o Guevara, mas tenho o meu Transgressor.

Fui de avião até Natal. De lá, comecei a percorrer e rever durante onze dias o Nordeste longe das capitais. Sem disfarces, sem proibições, sem cinismo, sem pretensão.

Conheci Juvêncio, caboclo sanfoneiro, sem idade, sem CPF, sem servidão. Desconhece o que não se pode fazer, pois se preocupa com o que pode ser. Casa de meia água, com vista para muita água: o mar. Sarado de tanto remar, não se preocupa com ginástica, nem com barriga. Rugas de sol, rugas de sorrisos, rugas de caretas.

Não vive com medo, não tem inimigos imaginários, não sabe o que é intriga, não tem e-mail, não tem vírus, tem carteiro que vem de quinze em quinze dias com poucas notícias da capital; tem bicho de pé, não tem shopping, tem a venda do Ernesto; não tem Visa nem Credicard, tem peixe para pagar; não tem estresse, tem sanfona, não tem TV, tem rádio de pilha; não conhece o Bush, nem o Bin, portanto não tem lado para escolher; não tem que usar nem camisa social, nem camisinha, não tem amantes, tem mulher, mãe de seus três filhos que faz crochê e bota na venda, usa tranças no cabelo sem Imedia da Loreal. Tem peitos caídos e vividos, sem silicone.

Aprendeu a ler e escolhe o pouco que vai ler. Não lê sobre guerra. Os filhos estudam na escola miudinha, onde a mestra é a que aprendeu um pouco mais e eu imagino que nada aprenderão. A sabida sou eu? Acompanham o pai no conjunto de forró que toca em frente à Igreja e à venda, auxiliam na pesca. Não terão futuro, como o pai, penso eu. E nós, qual foi o nosso?

Não tem pena de si próprio, não tem raiva de quem tem dinheiro, não faz de sua pobreza bandeira de injustiça social. Não tem religião, tem Deus e diz que Ele assim resolveu. Não blasfema a sorte.

Quem tem mais fé? Ele ou eu?

Político, para ele, é mais um infeliz que não consegue gostar mais de macaxeira. Made in USA é coisa que turista agoniado usa quando vem para Baía Formosa tirar retrato.

Doença todo mundo tem, médico ninguém tem. Nem lá, nem aqui. Não precisa pagar a Amil, nem mandá-la para a puta que pariu.

Polícia lá também não tem, aqui tem e adianta?

Morrer todos nós vamos, quando não sabemos.

No mar, morrer no mar, prefere Juvêncio. Nós? Safenados, numa UTI com ar refrigerado.

Três dias conversando com ele, descubro que sou eu a canhota nas idéias. Sou eu a enjaulada nas formalidades, fui eu que perdi o nome para virar um RG. Choro as luas que não vi, o sol que não senti, os risos que não dei, a sereia que não tive fantasia suficiente para ver ou ser.

Mas não sou eu quem tem a grana e o poder?

Será que Chopin não ia adorar tocar no coreto da praça e comer peixe frito?
Uma tragada no cigarro de palha, um gole na batida de acerola de Juvêncio, um tchau e uma certeza.

Arre, égua! A pobre sou eu.


Livro PreTextos
http://www.rosapena.com/
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Rosa Pena (Rio de Janeiro-RJ). Professora e administradora de empresas. Especialista em recursos audiovisuais e artes cênicas. Trabalhou na Divisão de Multimeios da Educação na Secretaria de Educação e Cultura do Rio de Janeiro, com projetos ligados a cinema, teatro, música e literatura. Compulsiva para ler e escrever, considera a Internet a grande biblioteca contemporânea. Tem livros virtuais publicados e quatro livros editados no papel: Com licença da palavra, antologia do grupo Pax Poesis Encantada (2003), PreTextos, seu primeiro livro solo, onde reúne crônicas e contos de sua autoria (2004), na sequência UI! (2007) e Tarja Branca (2010). Mais em seu site: http://www.rosapena.com/

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domingo, 25 de abril de 2010

Serra e Ciro, ou vice-versa


Ciro e a mídia


A mídia e Serra



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sábado, 24 de abril de 2010

BRASÍLIA CONFIDENCIAL

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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Morte em vida Severina


Rosa Pena

Cara (dispendiosa) Receita Federal.

Como muitos dos brasileiros estou revendo minha declaração de Imposto de Renda tentando entender os porquês de ter tido minha grana confiscada e não conseguir minha restituição de forma legal. Será que o responsável pela malha fina é o verão, ainda que por conta do efeito estufa o frio vai e volta? Prefiro uma grossa que poderia comprar em saldos de balanço se tivesse minha bufunfa de volta.

Dentre os recibos e papéis guardados, encontrei um BO dos meados do ano passado, onde relatei a ocorrência de furto na minha residência. Foram levados TV, som, vídeos, jóias, jaquetas e etc. Não levaram minha sogra como forma de indenização. Com isto tive só e mais prejuízos, pois instalei um sistema de alarme, comecei a pagar o monitoramento de meu prédio, comprei dois cães de guarda (comem Bonzo adoidado), além de sentir que roubaram definitivamente meu sossego. Hoje não consigo mais sair de casa ou ficar nela sem chateação. A danada (sogra) adora a Globo, portanto sobrou-me ouvir plim-plim e ver o BBB com o Bial, que fere a lei 6.683/1979 de 28/08/1979, onde foi concedida anistia plena. Tortura nunca mais!

Procurei de todas as formas descontar os meus danos na declaração, mas, para a minha surpresa, estas formas de redução da minha renda não são possíveis de declarar. Queria apenas ser ressarcida dos bens palpáveis, pois aquilo que feriu meu direito de cidadã não tem mais volta, apenas o tempo e uma terapia amenizam o trauma, porém da terapia desisto, pois análise não é aceita como tratamento de saúde em nenhum plano de "doença", que dirá no SUS.

Se pânico ainda não é enfermidade e sim mal da modernidade, cagaço dos “Beira-Mares”, vai demorar muitíssimo a ser. É contemporaneamente conveniente esquecer! De forma particular não posso arcar com tratamento, a fonte levou, quer dizer secou, e mesmo que arrumasse um bico como quase toda a população, (je vie de bec) e tentasse pagar, depois não teria como deduzir do IR, visto que minha psicóloga não fornece mais recibo, pois está tentando comprar outro carro, o dela foi roubado e achado numa DP sem os pneus. Os policias também “je vie de bec” numa borracharia bem próxima à delegacia. Doutora Selma, a terapeuta, virou de vez uma profissional liberal sem carteira, dentro do esquema de bec. Atualmente tem uma farmácia de manipulação onde manipula nosso estresse.

Aguardo uma resposta como devo proceder para declarar as lesões monetárias que levei, as não monetárias são indeclaráveis disso bem sei, pois quando tenho imposto retido dizem que parte dele vai para minha segurança e saúde, que é dever do Poder Público. Quero dividir o meu gasto privado forçado (fodida e mal paga), aliás, não quero pensar que minha cidadania é que foi para a privada forçada.

Em caso negativo, não ter isenção, vou me sentir duplamente lesada, pois a parte que lhes cabe neste latifúndio foi ainda maior do que a levada pelos amigos do alheio.

Abraços!

De mais uma Severina.

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Rosa Pena (Rio de Janeiro-RJ). Professora e administradora de empresas. Especialista em recursos audiovisuais e artes cênicas. Trabalhou na Divisão de Multimeios da Educação na Secretaria de Educação e Cultura do Rio de Janeiro, com projetos ligados a cinema, teatro, música e literatura. Compulsiva para ler e escrever, considera a Internet a grande biblioteca contemporânea. Tem livros virtuais publicados e quatro livros editados no papel: Com licença da palavra, antologia do grupo Pax Poesis Encantada (2003), PreTextos, seu primeiro livro solo, onde reúne crônicas e contos de sua autoria (2004), na sequência UI! (2007) e Tarja Branca (2010). Mais em seu site: http://www.rosapena.com/

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quarta-feira, 21 de abril de 2010

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segunda-feira, 19 de abril de 2010

DE VOLTA PARA O PASSADO NO FUTURO

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Laerte Braga

Amaral Neto e Gustavo Barroso, isso mesmo, os dois, no final da década de 50, início da de 60, editaram um jornal que ao que me recordo tinha o nome de O BRASIL EM HISTÓRIA, ou coisa assim, mas isso é o de menos.

O jornal se propunha a contar a História do Brasil, em edições semanais, como se os fatos estivessem acontecendo àquele momento. Assim, a primeira edição trata da saída da armada de Cabral em Lisboa, até sua chegada ao Brasil, a descoberta do Monte Pascoal, a convicção que era Ilha de Vera Cruz e por fim Terra de Santa Cruz até chegar, às duras penas, a ser Brasil.

À bordo da nau capitânia, onde estava o almirante, fazendo uso do direito à liberdade de expressão e narrando cada fato, um correspondente do jornal. Uma boa idéia, isso é indiscutível e a partir dela dá para imaginar o que pode vir a ser um governo José Collor Arruda Serra. Uma volta ao passado, como no caso do jornal, com veleidades de um futuro tenebroso.

Vejamos.

Tomou posse hoje o presidente eleito do Brasil senhor José Collor Arruda Serra, candidato da coligação REDE GLOBO/PSDB/DEM/FOLHA DE SÃO PAULO/VEJA e outros menores, em solenidade realizada no Congresso Nacional. Em seu discurso de posse o novo presidente do Brasil anunciou que após azeitar os esquemas irá anunciar providências capazes de colocarem o Brasil na rota de um glorioso destino, como por exemplo, integrando a federação norte-americana.

“Espero ver todos os brasileiros com greencard cantando o novo hino nacional e repetindo a máxima heróica de nosso futuro – faremos tudo que o mestre mandar (não confundir mestre com professor, nesses José Collor Arruda Serra manda a Polícia baixar o sarrafo).

Em seguida à posse no Congresso e após os cumprimentos de seus aliados o novo presidente rumou para o Palácio do Planalto onde recebeu o cargo das mãos do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Ao contrário de FHC que saiu pela porta dos fundos o ex-presidente Lula saiu pela porta da frente, descendo a rampa e tomando o rumo do aeroporto já que um avião da FAB foi levá-lo a São Paulo.

O novo presidente, terminados os cumprimentos do corpo diplomático, amigos e correligionários reuniu-se a portas fechadas com o embaixador dos EUA e o general comandante militar dos mariners norte-americanos para o Brasil. A reunião durou cerca de duas horas e só ao final o presidente assinou os atos nomeando seus ministros.

Um porta voz do novo governo definiu para os jornalistas as primeiras decisões do novo presidente, José Collor Arruda Serra deixou claro segundo o porta-voz do Planalto que será preciso que os brasileiros compreendam a importância de nos transformarmos em estado da federação norte-americana, um esforço compensador para substituirmos o português pelo inglês e que em menos de cem dias as primeiras providências rumo ao futuro/passado estarão tomadas.

Uma das primeiras conseqüências dessa corajosa decisão do presidente, segundo o porta-voz do Planalto, será a inauguração, dentro do período de cem dias, da base militar dos EUA no Rio de Janeiro. A base terá como finalidade determinar todo o processo de transformação das forças armadas brasileiras em polícia do novo estado dos EUA. O general Augusto Heleno, ex-comandante militar da Vale na Amazônia será o intérprete do comandante militar norte-americano.

O ideal, segundo o mesmo porta-voz é que o cronograma de bases militares para o Brasil esteja completo até o final do primeiro ano de marcha para futuro/passado. Uma base em cada região do País e a maior delas na Amazônia.

A privatização da PETROBRAS e sua mudança para PETROBRAX, integrando o complexo de empresas petrolíferas da família Bush no Texas, acontecerá até o final do primeiro semestre, pois os novos proprietários têm pressa em começar a explorar o petróleo do pré-sal.

O porta-voz enfatizou que, doravante, a grafia do nome do País será com Z e não S, assim, BRAZIL e o presidente terá sua denominação mudada para governador geral. Barack Obama passa a ser o presidente de fato e direito da nova estrela da bandeira dos EUA. Não faz sentido manter o S, já que somos um poderoso estado norte-americano. Pulamos no primeiro dia para o primeiro mundo e nos transformamos em parte da maior potência desse mundo.

Celso Láfer vai explicar como se apresentar descalço aos agentes da imigração a fim de evitar constrangimentos.

Para garantir que os brasileiros compreendam a situação as tropas estão nas ruas sob comando militar norte-americano e nos próximos dias um super porta-aviões deverá chegar com todos os equipamentos necessários para uma super produção de Hollywood.

Miriam Leitão foi designada para junto com Lúcia Hipólito receber a marujada norte-americana, dar as boas vindas e mostrar Copacabana.


Cada brasileiro vai receber um pacotinho contendo manteiga de amendoim, chicletes, além de instruções sobre como aprender a andar de quatro e triunfar. Para facilitar a tarefa, um super contrato foi firmado com a REDE GLOBO, a FOLHA DE SÃO PAULO, VEJA e outros, tudo no afã de melhor informar e formar os brasileiros. O porta-voz enfatizou que dada a necessidade urgente dessas providências para o bom êxito do novo governo foram dispensadas as licitações.

Para o porta-voz viola o direito de livre expressão quem discordar do alto zelo do governador geral José Collor Arruda Serra. Sua extraordinária capacidade de prever o futuro venturoso e glorioso do BRAZIL.

A um jornalista que se atreveu a perguntar, mas isso não está diferente do que ele disse durante a campanha eleitoral, a resposta foi simples – “campanha é campanha, a gente fala o que o povo quer ouvir, depois é governo, a gente faz o que os patrões mandam, afinal são eles que pagam” –.

Para evitar constrangimentos e acusações que o presidente transformado em governador geral pudesse ter faltado com a verdade durante a campanha, falando coisas diversas das que começa a fazer, o porta voz esclareceu que o povo não tem condições de decidir coisa alguma, pois não tem nem o currículo do governador, muito menos José Collor Arruda Serra está disposto a dividir o botim pago pelo tesouro norte-americano, empresas, latifundiários, banqueiros, para evitar que haja aumento da inflação, ou descontrole do câmbio. Ou prejuízos no caixa dois.

Tudo vai, disse o porta-voz, para um paraíso fiscal seguro. O ex-presidente FHC foi enfim indicado para a Câmara dos Lordes, museu mantido pela Casa Branca na colônia européia antiga Grã Bretanha. Faz parte do acordo firmado com Barack Obama e seus emissários. FHC já garantiu que em menos de dois anos extermina palestinos, iraquianos, afegãos e todos aqueles que ousarem se opor a nova ordem, ao futuro vibrante e tucano do Brazil. Espera com isso ser agraciado pela rainha Elizabeth com o título de príncipe do extinto império e numa eventualidade substituir sua majestade, já que o herdeiro natural, o príncipe Charles lembra Eduardo Azeredo, pastel de vento que transita pelo Senado brasileiro a experiência mostra que esse tipo de gente coloca os “negócios” em risco.

Noutra ponta o jornalista William Bonner anunciou que o JORNAL NACIONAL passa a ser apresentado em inglês, com legendas, para facilitar aos brasileiros aprender a nova língua. THE GLOBE enfim vai ser editado na língua original e VEJA vai fornecer os livros didáticos para a nova era. Um contrato específico foi firmado com a EDITORA ABRIL, como fez quando governador de São Paulo, em gratidão à grana dada para a campanha, para o leite das crianças tudo no patriótico objetivo de formar zumbis.

O governador geral do BRAZIL destacou, através do porta voz que o ministro dos esportes Juca Kfoury já garantiu que o Palmeiras vai ser campeão durante todos os anos em que José Collor Arruda Serra estiver no poder, advertindo que se Ricardo Teixeira não cumprir a determinação será afastado da CBF.

O ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves, eleito senador, foi designado em deferência especial para exercer altas funções no raio que os parta. Onde fica ninguém sabe e nem o porta voz soube esclarecer, mas enalteceu a figura de Aécio e sua obra. “Terá tarefas de suma importância para o novo estado”.

Para o porta voz não há nenhuma indignação entre os brasileiros, mas apenas todos estão embevecidos com a capacidade de mega estadista de José Collor Arruda Serra, até quando busca a colaboração de figuras notáveis da política, caso do ex-senador Arthur Virgílio, designado para a Secretaria Geral da infância e do Menor.

O ex-governador do Espírito Santo, antigo estado da antiga federação brasileira, Paulo Hartung, pelas punhaladas nas costas da totalidade de seus adversários e pela extraordinária presteza em resolver o problema da superlotação carcerária em sua área, foi agraciado com a chefia do departamento do FBI no Brasil, a antiga e extinta Polícia Federal.

O ex-ministro das Comunicações Hélio Costa, antigo funcionário da USAID, tal e qual fazia na ditadura militar foi guindado à posição de intérprete e tradutor autorizado das ordens de Washington e Wall Street.

Todos os cursos na Universidade Dan Mitrione serão ministrados sob supervisão direta de Hélio Costa. O porta voz disse que essa decisão foi tomada em Washington e que o governador José Colllor Arruda Serra compreendeu perfeitamente a preocupação do presidente do BRAZIL Barack Obama com a segurança nacional.

Para qualquer eventualidade o Maracanã e o Morumbi serão desativados como estádios de futebol e usados na reeducação dos que não conseguirem compreender a nova e gloriosa realidade.

As repartições públicas receberão em uma semana a nova bandeira do estado BRAZIL e o prazo para retirada da antiga é de uma semana sob pena de demissão sumária.

Ao término de sua entrevista o porta voz anunciou que o governador geral estava descansando depois dessa agenda exaustiva, mas em contato direto com a Casa Branca, sede do governo do BRAZIL. As únicas pessoas a estar com o governador geral após o seu recolhimento foram a ex-senadora Kátia Abreu. Foi tratar da revogação da Lei Áurea e da licitação para compras de correntes, pelourinhos, chicotes, etc, para uma revolução na agricultura brasileira. E o ex-governador José Roberto Arruda, nomeado secretário geral da Fazenda. Aquele do “vote num careca e leve dois”.

Ah! O presidente do Banco/bando estadual do Brasil foi indicado por Daniel Dantas, trata-se de Gilmar Mendes. O novo banco sucede o antigo Banco do Brasil, ainda do tempo de D. João Charuto.

E o DATA FOLHA tem prontinha pesquisa que mostra que 99% dos antigos brasileiros, agora norte-americanos de segunda categoria, apóiam o governo geral do BRAZIL. O GLOBOPE – extinto IBOPE – confirma. Vão ficar no forno para qualquer emergência, ou qualquer dúvida sobre o apoio ao novo governo.

Para cuidar da Cultura foi nomeado o diretor do BBB Boninho, que, em rápidas palavras assegurou que as novelas globais continuarão a ser apresentadas em português por pelo menos dois meses, enquanto se prepara o esquema de legendas. Aí adotam a nova língua do estado BRAZIL.

O governador do BRAZIL só volta a aparecer em público, ou falar alguma coisa se autorizado pela Casa Branca ou pelo Comando Militar de Washington para o novo estado. Caso contrário vai ficar maquinando com o ministro Paulo Renato, da Educação, como acertar os esquemas com as universidades e faculdades privadas em um dinheiroduto governo de Brasília, governo de São Paulo, via EDITORA ABRIL. VEJA vai explicar tudo direitinho sobre Arruda Serra, o pós Lula.

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Laerte Braga é jornalista. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz

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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Partido de massa, mas uma massa cheirosa... Snif! Snif! Snif!


Eliane Cantanhêde e a “massa cheirosa” do PSDB; para ela, uma massa que cheira tão agradável quanto os cavalos do Figueiredo. Melhor que cheiro de povo.

Assista ao vídeo, parece sacanagem, programa de humor de quinta categoria.

Mas é sério!

Sério?! Eu disse "sério"?!

Não, não é nada disso.

Quem falou sério foi ela.

http://www.youtube.com/watch?v=yuXgolrKWjA

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domingo, 11 de abril de 2010

Quarenta e seis anos da “revolução”


(Para meu primo, Jorge Luiz Klueger, e para o Deoclides)

Urda Alice Klueger*

Eu estudava na antiga Escola São José, na Garcia, em Blumenau/SC, e ela se situava na Rua-Tronco do meu bairro. Eu morava na Antonio Zendron, uma rua lateral da Rua-Tronco, e que entrava por um vale poucos metros antes do Quartel do Exército, o 23º Batalhão de Infantaria. Pela lembrança que tenho, naquele dia as aulas foram suspensas mais cedo, e houve um tempinho para flanar pelo caminho. Só que cheguei no entroncamento da minha rua, e acho que foi o meu primo Jorge Klueger quem disse:

- A Rua está fechada ali no quartel. Não passa ninguém pra lá nem para cá.

Claro que criança com tempo não podia perder a oportunidade de ver um acontecimento daqueles, ainda mais que nem sabíamos o que estava acontecendo – e andei mais uns metros, e realmente a rua estava fechada na frente do quartel, cheia de soldados de poderosas armas nas mãos, e tudo aquilo era muito excitante... até que meu mundo ruiu: lá do outro lado, no meio do pessoal que não podia passar para cá, que não podia voltar para casa, segurando a sua bicicleta, estava o meu pai. E o pior: nem ele podia voltar para casa, NEM EU PODIA IR ATÉ LÁ E SUBIR NA BICICLETA DELE! Nunca acontecera nada parecido nas nossas vidas, e então alguém por ali falou pela primeira vez a palavra “Revolução”, que foi a que nos impingiram para disfarçar as palavras “Golpe Militar” e “Ditadura”, e então eu soube o que estava acontecendo: aquilo era uma Revolução! A gente não poder mais chegar perto do pai da gente fazia parte de uma revolução, e, afinal, ela viera, tão anunciada fora, principalmente pela Igreja, dominicalmente pelos nossos padres locais, e diariamente pela Rádio Aparecida, que era mais ou menos a Rede Globo daquela época. Estávamos a 31 de Março de 1964, o que, nas minhas contas, está fazendo 40 anos!

40 anos, e como me lembro! Eu era bem pequena para guardar tantos dados, mas até hoje sei que no Rio Grande do Sul havia o 5º Exército, que não estava gostando muito da coisa do golpe que acontecia, e que era necessário que toda a nossa rapaziada do 23 BI se fosse para o sul, para enfrentar o tal 5º Exército. E lá se foram eles, ainda com muitas mulas puxando cozinhas portáteis e outras coisas, pois o progresso já chegara a ponto de os soldados, mesmo, irem para a “revolução” amontoados em cima de caminhões. (Ah! As mulas do 23 BI! Um dia conto sobre elas!)

Naquele primeiro dia acabei indo para casa com meu primo Jorge Klueger, mas nos dias que se seguiram, quanto choro rolou na maioria das casas do meu bairro, por causa dos rapazes que tinham ido para a “revolução”! A verdade é que não se disparou um tiro, e todos os rapazes voltaram com vida e saúde, e houve um dia em que colhemos todos as flores do nosso farto jardim, e fomos para a cidade esperar a volta dos soldados. Todos os moradores de Blumenau pareciam estar lá com seus jardins nos braços, e quando os soldados chegaram, já tinham passado em outras cidades primeiro e já vinham cobertos de flores, nos bonés, nos bolsos, nas armas, e quase não havia como enfiar mais flores sobre eles. Eu e minha família ficamos na marquise do Edifício Visconde de Mauá, na Rua XV, em Blumenau, despetalando flores para jogar neles, e eu estava chorando de emoção porque um soldado de quem gostava muito, o Deoclides, havia voltado vivo!

E a gente achou que as coisas estavam resolvidas. Como éramos ingênuos! Mal começava o longo período sob a bota do imperialismo internacional, dirigidos por pequenos militares sem nenhuma capacidade política (andei lendo, recentemente, livro estarrecedor sobre o assunto), período em que os amigos da gente sumiam e eram torturados ou tinham que cair na clandestinidade e ir viver em outros países, e onde até o meu querido professor de Português, Evaldo Trierweiler, que dizia umas verdades sobre justiça social nas salas de aula, teve que amargar a bota e o interrogarório dos “revolucionários”, lá num navio, em Itajaí.

Arghhhh! E quanto tempo eu demorei para entender o que pude!

*Urda Alice Klueger é escritora e historiadora. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz.

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terça-feira, 6 de abril de 2010

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quinta-feira, 1 de abril de 2010

Adubando o Coração


Rosa Pena

Enfim o sol reapareceu depois de vários dias de chuva fina e miúda, daquelas que precedem um vendaval.

Saio de encontro aos raios e vejo na pracinha minha vizinha, árvores caídas, arrancadas desde a raiz. Sentado num dos bancos, uma cabeça baixa, um menino com cheiro de virgem e olhar de quem está sofrendo de amor pela primeira vez. Choro miúdo, soluço fino, com o jeito da chuva que precedeu o vendaval. Sem resistir à minha emoção, pergunto o motivo de suas lágrimas. Desconversa e murmura baixinho:

— Quantos dias de chuva fina e, no final, vieram ventos tão fortes que arrancaram as árvores pela raiz, sem ao menos quebrar um galho. Tombaram inteiras.

— Veja só como é a natureza: a chuva foi aos poucos molhando a terra, deixando-a fofa, para que as raízes se soltassem devagarinho, em vez de o vento quebrar alguns galhos, destruir suas folhas. Encantadas, enamoradas dos jardins, caíram intactas. Nos olhamos nos olhos, de forma fixa. Ameacei um sorriso e ele ameaçou corresponder. Concluo de forma ligeira, já percebendo que a brisa da esperança começava a substituir o furacão da prematura desilusão:

— Lágrimas não caem em vão, fertilizam o coração. Árvores que tombam desde a raiz são refincadas na terra úmida e renascem com mais forças. São árvores bem plantadas, diferentes de galhos que caem secos, galhos de ocasião, que qualquer vento quebra e viram cinzas em alguma lareira solitária. As sólidas sempre florirão a cada nova primavera da vida.

Eu acredito em ressurreição. É Páscoa no coração.

*Rosa Pena (Rio de Janeiro-RJ). Professora e administradora de empresas. Especialista em recursos audiovisuais e artes cênicas. Trabalhou na Divisão de Multimeios da Educação na Secretaria de Educação e Cultura do Rio de Janeiro, com projetos ligados a cinema, teatro, música e literatura. Compulsiva para ler e escrever, considera a Internet a grande biblioteca contemporânea. Tem livros virtuais publicados e quatro livros editados no papel: Com licença da palavra, antologia do grupo Pax Poesis Encantada (2003), PreTextos, seu primeiro livro solo, onde reúne crônicas e contos de sua autoria (2004), na sequência UI! (2007) e Tarja Branca (2010). Mais em seu site: http://www.rosapena.com/

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