quarta-feira, 29 de julho de 2009

Democracia racial é a mãe!

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PROFESSOR DA UNB DIZ QUE DEM QUER NEGROS FORA DA UNIVERSIDADE

















“Para o professor José Jorge de Carvalho, que junto com a professora Rita Lauro Segatto, ambos do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB) elaborou a proposta de política afirmativa, a ação do DEM - que pede a suspensão do sistema de cotas na Universidade - é uma repetição do Manifesto dos 113 enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), em 30 de abril do ano passado, e assinado por um grupo pequeno que tem acesso à mídia. A ação, segundo ele, apresenta argumentos frágeis.

Eles (o partido Democratas e quem assinou o Manifesto dos 113) estão querendo jogar na rua um contingente de mais de 20 mil estudantes, critica José Jorge de Carvalho afirmando que a ação no STF é uma tentativa de ganhar no “tapetão”.

“Eles estão dizendo que 90 universidades (onde há política afirmativa) vão ter que jogar para fora todos os estudantes que entraram e não deixarão entrar nunca mais nenhum deles?” pergunta.

“O universo acadêmico brasileiro está em uma luta para incluir os negros e os indígenas que estiveram excluídos sempre. Como eles não conseguem mais influenciar na decisão sobre o processo de inclusão, eles entraram com uma ação no judiciário. No fundo eles não querem negros na universidade”, acusa o professor.

RACISMO INSTITUCIONAL

O antropólogo afirma que o processo de cotas é um dos mais revolucionários na universidade brasileira. "As universidades funcionaram durante 70 anos, de 1930 ao ano 2000, totalmente segregadas. Há poucos países no mundo que tem um universo tão racista quanto o nosso, avalia. Não que exista lei para que os negros estejam fora, mas eles estão fora (da universidade). O racismo estrutural e o racismo institucional fazem que eles estejam fora.

Para o antropólogo, a crítica socioeconômica contra as cotas é falha, assim como o argumento de que a análise dos pedidos é subjetivo. Se nós fizermos um recorte de renda as pessoas podem falsificar o comprovante de renda. Se fizermos um recorte por origem na escola pública as pessoas também podemos falsificar, aponta.

Toda política pública tem uma margem de erro. A comissão que analisa os cotistas é uma comissão formada por pessoas da sociedade, do movimento negro, por professores e estudantes. Ela é tão idônea como qualquer outra comissão jamais feita no Brasil, defende José Jorge de Carvalho, acrescentando que se for para discutir a idoneidade dessa comissão, tem que discutir a idoneidade de todas as comissões. Tem então que parar com o Bolsa Família para que não haja fraude no programa, argumenta.”


FONTE: matéria da Agência Brasil, publicada no site “Vermelho” em 28/07/2009
Postado por Política às 08:22


http://democraciapolitica.blogspot.com/2009/07/professor-da-unb-diz-que-dem-quer.html



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Em 16 julho, Henry Louis Gates Jr., um dos mais conhecidos professores dos EUA, titular da cadeira de estudos afro-americanos
em Harvard, grande especialista da história do racismo e da segregação racial, foi preso na porta da sua casa, como um vulgar bandido,
por um policial branco do comissariado de Cambridge, Massachussetts.
Ele prometeu tirar todas as consequências desta lição. "Farei um documentário sobre isto, ele jurou. O sistema de justiça penal é realmente podre.


Para ouvir o outro ladoEUA: Intelectual 'pós-racial' grita "Racistas"?

Ishmael Reed[1], Counterpunch

Agora, depois de Henry Louis 'Skip' Gates’ Jr. ter experimentado na pele uma pequena gota do que os negros pobres vivem diariamente nos EUA, será que o professor mudará de tom?

Fato é que, mesmo naquele encontro entre professor e policial, a coisa não foi, com ele, como é com outros negros nos EUA. Se um negro, em bairro pobre de qualquer cidade dos EUA, tivesse hesitado ao identificar-se para um policial, ou se respondesse com maus modos ao policial, o mais provável é que o policial chamasse o Comando Especial SWAT.

Oscar Grant, 22 anos, negro, empregado de um açougue, respondeu enviesado a um policial civil em Oakland e foi morto a tiros. Dado o que Gates tem escrito e dito desde o final dos anos 80, se eu fosse o policial que o prendeu, e o professor intelectual pós-racial me acusasse de racista, eu o faria provar o próprio veneno. Teria respondido que "o racismo não existe, professor Gates. Raça é um 'constructo social'" – exatamente o que o professor e seus colegas repetem sem parar a vinte anos.


Será que, depois dessa experiência, Gates vai parar de atribuir os problemas dos que vivem nos bairros pobres ao comportamento "das avós de 35 anos que vivem nas favelas"? (Foi o que Gates disse, quando tentou comparar-se ao ganhador do Prêmio Nobel (1986), Wole Soyinka, como se o caso Gates e o caso Soyinka fossem iguais. Soyinka criticara um ditador nigeriano, foi preso e várias vezes ameaçado de morte.)



[Nota da PressAA, extraída da Wikipédia: Soyinka participou ativamente na história política da Nigéria. Em 1967, durante a Guerra civil nigeriana, ele foi preso pelo Governo federal mantido em confinamento solitário na prisão por suas tentativas de mediar a paz entre os partidos em guerra. Na prisão ele escreveu poemas que mais tarde viriam a ser publicados em uma coleção sob o título Poems from Prison. Soyinka foi liberado vinte e dois meses mais tarde após haver se formado uma conscientização internacional sobre a sua situação. Mais tarde ele recontou a sua experiência no confinamento em um livro: The Man Died: Prison Notes.]

Antes do final dos anos 80, as exortações de Gates ao tratamento 'carinho & linha-dura' [orig. tough love exhortations] visavam ao racismo nos salões acadêmicos. Naquela época, passou a adotar o argumento das intelectuais feministas, segundo as quais o racismo seria problema dos homens negros. Karen Durbin, que o contratou para escrever para The Village Voice, é responsável por ter inventado Gates como "intelectual público". Depois, Gates foi indicado por Rebecca Penny Sinkler, ex-editora de The New York Times Book Review, para escrever sobre autores (homens) negros. Em trabalho sob vários aspectos muito estranho, Gates concluiu alguma coisa próxima de: as escritoras (mulheres) negras são boas, mas não por méritos delas; são boas, porque os escritores (homens) negros são péssimos.

Foi em resposta a um artigo de Mel Watkins, ex-editor do caderno de resenhas, que escrevera para alertar sobre tendência que, então, excitava as caixas registradoras das editoras: livros que se podem descrever como melodramas de segunda, em que mulheres brancas, puras e santificadas eram perseguidas por homens, negros, cruéis e opressores, o tipo de imagem dos irmãos divulgada por Thomas Nelson Page e Thomas Dixon, romancistas confederados. Gates desqualificou vários escritores negros – entre os quais eu –, que acusou de misoginia; falou mal dos meus livros por todos os EUA e pela Europa. Até que Bill Clinton foi apanhado em ato de exploração sexual de uma jovem; Gates, então, disse ao Times que "poria a mão no fogo por esse presidente". Muitas feministas, como Gloria Steinem, por exemplo, também defenderam Clinton, apesar de terem escrito durante anos a fio sobre mulheres que são vítimas de machos chauvinistas com poder – praticamente os mesmos que sempre financiaram a revista Ms.[para conhecer, ver http://www.msmagazine.com/]

Não estou dizendo que retratos de negros devam ser uniformemente positivos – vários dos meus personagens não são exemplo de boa conduta moral –, mas a maioria dos roteiristas de cinema, diretores e produtores brancos que filmam esse tipo de material – e os professores e críticos que o divulgam – nada dizem sobre abuso contra mulheres brancas por brancos. Além disso, Alice Walker, Tina Turner e outras personagens já reclamaram de que, em mãos de roteiristas, diretores e produtores brancos, os negros tornam-se mais sinistros do que nos textos originais.

As apostas são altas, entre os que promovem essa cultura. Atualmente, dois estúdios disputam os direitos de um filme, "Push", sobre um pai negro que engravida a filha analfabeta, no Harlem. Representante de um desses estúdios declarou ao Times que o filme será, para qualquer estúdio que o leve às telas, "uma mina de ouro de oportunidades". Como exemplo do duplo viés sob o qual brancos e pretos são tratados na sociedade norte-americana, praticamente no mesmo momento em que foi publicado o artigo de Gates sobre a misoginia negra, apareceu um artigo sobre escritores judeus norte-americanos: praticamente só autores homens; mencionaram-se pouquíssimas autoras, mulheres. Gates também foi pressionado por ter-se imposto como cabeça do mundo feminista negro; nas palavras da feminista Michele Wallace, por ter querido aproveitar a onda de vendas de estudos sobre o feminismo negro; como Wallace escreveu no Voice, Gates teria problemas não resolvidos com a mãe, já falecida, que, segundo Gates, seria nacionalista negra. As feministas negras quiseram aproximar-se dele. E Gates convidou-as para participar de seu projeto para a antologia Norton. Assim nasceu a Norton Anthology of African American Literature. Uma das editoras foi a professora feminista, já falecida, Dra. Barbara Christian.

Barbara disse-me, reclamando, até quase o dia em que morreu, que ela e a também falecida Nellie Y. McKay, também editora, fizeram todo o trabalho, praticamente sozinhas; e que Gates apenas assinou e colheu as glórias. Esse parece ser padrão de atitude, em Gates: arranjar gente que trabalhe para ele. A revista Mother Jones acusou-o de explorar os escritores que trabalharam sob sua direção na produção da Encarta Africana, por manter quase um campo de tortura acadêmica e por insistir em não contratar negros. Julian Brookes, da revista Mother Jones, escreveu:“Henry Louis Gates Jr. sempre falou muito sobre ação afirmativa. O ilustre professor de Harvard sempre disse que não estaria onde hoje está, sem as políticas de ação afirmativa. Estranho, portanto, que, quando se tratou de organizar a equipe para editar uma enciclopédia da história dos negros, Gates tenha selecionado quase exclusivamente candidatos brancos.

Dos quase 40 redatores e editores que trabalharam em tempo integral para produzir a Encarta Africana, só havia três negros. Pior que isso, Gates e o co-editor K. Anthony Appiah rejeitaram vários pedidos dos redatores para que se contratasse maior número de redatores negros. Mother Jones pediu explicações a Gates, por essa visível inconsistência. Teriam razão, afinal, os membros da equipe, que reclamavam que a equipe de Africana seria branca demais?” Gates respondeu:"Noção repugnante, essa, de que brancos não possam escrever sobre história dos negros – alguns dos maiores especialistas em África são brancos. Sintam-se livres para criticar a qualidade da enciclopédia, mas não cederei um milímetro [a quem critique a organização da equipe]. Estão fundamentalmente errados. Se eu gostaria que houvesse mais afro-americanos no grupo? Claro que sim. Mas fizemos o melhor possível, considerados os prazos e o orçamento."Embora a aliança com as feministas tenha dado considerável empurrão à carreira de Gates, o que o elevou à categoria de intelectual público aos olhos da elite dirigente foi o que publicou na coluna que assinou no Times: que os afro-americanos teriam opiniões antissemitas. Foi então consagrado intelectual afro-americano proeminente, quando, na lista dos intelectuais negros mais conhecidos nos EUA, Gates não apareceria nem entre os 25 primeiros. Deve ter sido selecionado em votação aberta, e beneficiou-se do poder que recebeu de seus patrocinadores, para construir e demolir carreiras acadêmicas. Como diria Quincy Troupe, editor de Black Renaissance Noire, Gates é um desses líderes que "os negros receberam", como doação feita a eles pelos grupos brancos dominantes e pelos brancos progressistas. Amy Goodman fala sobre Gates e Cornel West em termos de adolescente "Bobby Soxer"[2] elogiando Sinatra. Semana passada, Rachel Maddow disse que Gates seria “o principal intelectual negro dos EUA". E quem, rezam os salmos, seria o principal intelectual branco dos EUA, Rachel? Quem disse que só há um? E vale lembrar que Gates não publicou nenhum trabalho acadêmico realmente importante desde 1989.Pela CNN, as acusações feitas por Gates, de que os negros norte-americanos seriam antissemitas espalharam-se por todo o planeta. Por isso, em 2000, quando visitei Israel pela primeira vez, intelectuais israelenses perguntaram-me por que os negros norte-americanos tanto odiavam os judeus. Desmenti as ideias de Gates – sobretudo sua insistência em descrever os negros norte-americanos como grupo homogêneo – em meu livro Another Day at the Front, porque, na época em que ele escrevia como colunista do Times, a Liga Anti-Difamação [ing. Anti-Defamation League] publicara relatório em que mostrava um declínio do antissemitismo entre os negros norte-americanos. Citei o relatório. Gates disse que o Times prometera-lhe outra coluna em que escreveria sobre racismo entre os judeus norte-americanos. Essa coluna jamais foi publicada. Barry Glassner escreveu, com razão, em seu The Culture of Fear [a cultura do medo], que Gates inventou um preconceito dos negros norte-americanos contra judeus que jamais existiu. Quando Tina Brown era editora de The New Yorker, Gates foi contratado para "mastigar e cuspir" o pastor Louis Farrakhan[3] e o falecido dramaturgo August Wilson.A peça de Wilson apareceu depois de um debate entre Robert Brustein e Wilson sobre proposta de Wilson de que se criasse um teatro nacionalista negro. Gates apoiou Brustein. Pouco depois, Brustein e Gates receberam financiamento de um milhão de dólares, da Ford Foundation, para organizar apresentações de teatro seguidas de jantares em Harvard, num momento em que o teatro negro regional vivia à míngua, à beira da extinção. Tina Brown, que já patrocinou Gates, é hoje intelectual pós-racial, como Gates. No programa de Bill Maher, disse que as questões sobre raça saíram de moda, agora que os EUA elegeram um presidente negro. Essa senhora habita uma cidade na qual negros e latinos foram vítimas de limpeza étnica, resultado das políticas do prefeito Giuliani, que reproduz o pensamento do The Manhattan Institute[4]. Milhares de nova-iorquinos negros e hispânicos continuam a ser detidos e presos, sem que se ouçam protestos vindos de Gates e de seu círculo de harvardianos ditos "pós-raciais", como Orlando Patterson. Até o governo Bush sabia que há segregação racial. Pois Gates diz que só depois de ter sido preso entendeu a extensão da segregação, problema já velho, de mais de 200 anos. Como é possível que "o principal intelectual negro dos EUA" não soubesse que há segregação racial nos EUA? Suas palavras ao ser preso, foram, precisamente: "A prisão fez-me ver o quanto os homens negros são vulneráveis, o quanto os pobres são vulneráveis às forças caprichosas de um policial estúpido." Incrível! O "principal intelectual negro dos EUA" em 2009, nunca ouviu falar de Charles Chesnutt, que já escrevia sobre segregação racial em 1905! (...) O que se passa com essa elite pós-racial de Harvard? Outra noite fui assistir ao show de Dick Gregory e Mort Sahl em San Francisco, a última dupla de grandes comediantes dos anos 60. Às tantas, Gregory disse que os netos estudam em tradicionais universidade negras, porque, embora viva perto de Harvard e tenha dinheiro para sustentá-los em Harvard, "nem meu cachorro entra em Harvard." Vai-se ver, sabe do que fala. Quando começou a moda do Poder Gay, Gates também se engajou. Em uma introdução a uma antologia de ensaios pró-gays, Gates escreveu que os gays enfrentam mais discriminação que os negros, nos EUA – afirmativa da qual discorda até Charles Blow, do serviço de estatísticas do Times, o qual, como Patterson e Gates, de Harvard, prega as soluções do "amor e linha-dura", mas só para negros. Recentemente, Blow publicou números que comprovam que na maioria dos casos de crime de ódio nos EUA, a vítima é negra; não usou os mesmos números para comprovar que na maioria dos casos de crimes de ódio nos EUA, o criminoso é homem, jovem e branco. E quantos gays há hoje, no corredor da morte das prisões nos EUA? Que grupo é majoritariamente cortado das listas de candidatos a empréstimos bancários – campo em que os negros têm de pagar bilhões de dólares pela equidade racial? O policial de Cambridge teria criado para dois gays brancos, os problemas que criou para Gates e seu motorista? Por que não discutir as acusações de racismo-gay feitas por Marlon Riggs, Barbara Smith e Audre Lorde? Quantos gays desarmados foram mortos por policiais? E quantos negros? Claro que há bolsões de homofobia entre os negros, mas em menor número do que em outras comunidades étnicas. Os negros esperam ansiosamente a aprovação da lei que permite casamento entre gays, e todos os negros deveriam empenhar-se nessa luta. Resolvido isso, talvez sobrasse algum oxigênio para que a esquerda, afinal, consiga pensar em outras lutas.

Os gays e lésbicas brancos compararem sua luta à luta pelos direitos civis dos negros é como Gates comparar seu caso ao de Wole Soyinka. Além do mais, Barbara Smith conta que, quando tentou participar da Parada Gay do Milênio até Washington, os líderes a mandaram cair fora; estavam empenhados em mostrar aos EUA heterossexuais e brancos que "somos iguais a vocês" (brancos, pois).Será que o Gates de antes do final dos anos 80 ressuscitará agora, como resultado do que Toure, comentarista da MSNBC e da CNN chamou de "brado de alerta de Gates"? (É o mesmo Toure, brilhante ficcionista, que acaba de publicar um manifesto pós-racial no The New York Times Book Review, no qual chama os ativistas negros mais velhos de "esse punhado de 'Jesses'".)

A Panopticon Review fala do "oportunismo" de Gates. Será que conseguirá não dizer o que disse depois da eleição de seu amigo, o presidente 'amor & linha-dura' Barack Obama? Gates disse que duvidava muito de que a eleição faria os negros pararem de consumir drogas e fazer filhos de mães solteiras. É possível que as coisas sejam mais complicadas do que golpes da tática do 'amor e linha-dura' que visam a obter patrocínios e seduzir padrinhos? Será que Gates alterará a linha conservadora pós-racial de seu blog (TheRoot.com, em http://www.theroot.com/), no portal do The Washington Post? Convidará Carl Dix e Askia Toure, que representam outras posições, tanto quanto Gates representa a posição de John McWhorter, ultra-direitista e porta voz do Manhattan Institute, além de negador da segregação racial? Continuará a dar entrevistas em programas como “Black In America” e “The Wire”, da CNN? (Como era de esperar, Anderson Cooper, da CNN, fez um carnaval, do caso Gates.) (...) A mídia segregada – o mesmo júri só de brancos dominando a discussão sobre raças, como sempre – deu ao policial de Cambridge o benefício da dúvida e os sindicatos de policiais o apoiaram. Os sindicatos de policiais sempre apóiam os policiais, também quando matam negros pelas costas, mesmo que estejam desarmados ou, como no caso de Papa Charles James, em San Francisco, mesmo que seja velho e esteja deitado na própria cama. Apoiam-se uns os outros e todos juram dizer a verdade nos tribunais e todos mentem nos tribunais. (...) O livro Betrayal: How Black Intellectuals Have Abandoned The Ideals Of The Civil Rights Era [Traição: como os intelectuais negros abandonaram os ideias da era dos direitos civis], de Houston A. Baker Jr., critica moderadamente Gates, West e outros intelectuais públicos negros que, segundo o autor, "deixam-se envolver, em virtude de sua ideologia racial transcendente.” Betrayal foi da gráfica diretamente para as bancas de liquidação. O Village Voice prometeu dois artigos de Thulani Davis, romancista, dramaturgo e poeta, de crítica autêntica a Gates, que nunca apareceram. Cartas com críticas a Gates, de um de seus principais críticos em Harvard, Dr. Martin Kilson, foram censuradas. Kilson refere-se a Gates como "mestre da arte de escapar de qualquer compromisso intelectual." Até a professora Melissa Harris-Lacewell, mesmo quando, no blog The Nation, desafiou o ciclo de 24 horas de noticiário que descrevera Gates como "crítico nacionalista negro" (ela chamou-o de "crítico nacionalista negro recentemente surgido"; para ela, Gates é "apolítico") –, teve de conter os golpes. Como intelectual, o pensamento de Lacewell tem mais profundidade que todos os "líderes da intelecção negra", como a mídia branca dominante e também a mídia branca progressista descrevem os pregadores pós-modernos capazes de viradas retóricas à velocidade da luz.Resta saber se Gates, que se autodefine como "empreendedor intelectual", aproveitará agora seu "brado de alerta" para liderar um movimento que denuncie as disparidades raciais dentro do sistema judicial. Um sistema podre até as entranhas, no qual os brancos cometem a imensa maioria dos crimes, mas as cadeias estão superlotadas de negros e hispânicos.

Um sistema prisional no qual tortura e estupro são rotina e no qual, em alguns estados, as condições em que vivem os presos são piores que as de Guantánamo. Os hospitais das prisões na California estão em tal estado, que foram declarados inconstitucionais, e a hospitalização naqueles hospitais foi considerada modalidade de tortura, contra a opinião do Procurador Geral Jerry Brown e de Arnold Schwarzenegger, que se alugaram aos ricos e, outro dia, estavam na televisão falando do "tratamento sério" que dispensam a esses problemas. Gates pode ajudar na luta para que os agentes da lei respeitem as minorias, em vez de nos chamarem de macaco e agirem como os policiais "gatilho feliz" de Marvin Gaye. Não são todos, mas são muitos. Ou Gates pode-se manter à margem.

Continuar nesse comportamento negro-privado, que dorme à frente da televisão ligada, é a raiz das barreiras que se erguem contra milhões de negros norte-americanos. Voltará ao rigor intelectual de seu heroi W.E.B Dubois, ou continuará a agir como o tipo Charles Van Doren de intelectual negro? Mestre de cerimônias. Entertainer. (Alguém de dentro do Sistema Público de Comunicação, PBS, contou-me que a rede está pedindo que Gates comprove, com melhores provas, o que disse sobre os ancestrais de várias celebridades.) Gates estaria pensando em fazer um documentário sobre segregação por perfil racial. Convido-o a documentar uma reunião dos moradores da área próxima ao ghetto onde vivo, em Oakland; uma vez por mês nos reunimos com os policiais que patrulham o ghetto. (A maior parte dos nossos problemas têm a ver com os filhos de duas famílias que moram aqui. Vendem armas para vários subúrbios. Vendem armas para gangues e líderes de gangues. No quarteirão onde moro, o líder de gangue é branco. É proprietário da casa onde também vendem crack.) Se quiser, Gates pode trazer Bill Cosby com ele. Descobrirão que os problemas dos cidadãos nas cidades dos EUA são muito mais complexos que "avós de 35 anos que vivem nas favelas" e cantores de RAP de calças largas e cintura baixa, exibindo cuecas; e que o racismo ainda é, nos EUA, nas palavras do grande romancista John A. Williams, "força inexorável". (...)Se Gates trocar de personagem, se desistir do personagem de "empreendedor intelectual", se resolver assumir papel na luta contra a discriminação racial contra os negros nos EUA, contra as invasões policiais, questões que jamais deixaram de atormentar os negros e só os negros, há séculos, então, sim, se poderá dizer: "Ok, Skip; bem-vindo de volta ao lar."

O artigo original, em inglês, pode ser lido em:
http://www.counterpunch.org/reed07272009.html

NOTAS DE TRADUÇÃO

[1] Ishmael Scott Reed, 1938. Poeta, ensaísta e romancista. Com Toni Morrison e Amiri Baraka, são os três mais conhecidos escritores afro-americanos de sua geração. Para saber mais, ver:
http://en.wikipedia.org/wiki/Ishmael_Reed
[2] Imagens em:
http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=Bobby+Soxers&meta=&aq=f&oq=
[3] Louis Farrakhan é o atual líder do grupo negro estadunidense "Nation of Islam", posto antes ocupado por Elijah Muhammad. Para saber mais, ver:
http://en.wikipedia.org/wiki/Louis_Farrakhan
[4] Para saber o que é, ver:
http://www.manhattan-institute.org/


Traduzido pelo coletivo POLÍTICA PARA TODOS, enviado à AAA - PressAA via Rede do Castor

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"Como modesto advogado, cidadão comum e branco, sinto-me discriminado e cada vez com menos espaço, nesta terra de castas e privilégios"(Ives Gandra da Silva Martins é renomado professor emérito das universidades Mackenzie e UNIFMU e da Escola de Comando e Estado do Exército e presidente do Conselho de Estudos Jurídicos da Federação do Comércio do Estado de São Paulo [E contra as cotas para negros nas universidades] ).

"Vá se roçar nas ostras" (PressAA)
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2 comentários:

BRASILIANAS disse...

BRASILIANAS RESPONDE

Veja, nobre, mas precário escrivinhador...

como as coisas podem ser bem desonestas e talvez as pessoas nem se toquem, de tão acostumadas que estão em distorcer tudo... porque distorcer a seu favor interessa.
Interessa também quando se quer demonizar alguém, um grupo, uma seita, um partido. Os fundamentalistas - sobretudo, os cristãos - adoram apontar o dedo para os outros e indicar-lhes o caminho do inferno.
Por que o DEM se tornou tão maldito?

Simplesmente porque não está na coligação que sustenta o governo mais corrupto da história, sobretudo, do ponto de vista político e ideológico. Porque o PP de Severino Cavalcanti e Maluf apóia incondicionalmente o Grande Chefe Luzinácio então é bom. Não é herdeiro legítimo da Arena, do PDS - ou não se lembra que o PFL foi uma dissidência para eleger Tancredo?

Tucanos e petistas têm a mesma raiz... Com certeza se tivesse que medir o grau de envolvimento com o processo de desenvolvimento Lula está - como ele próprio reconheceu - à direita e muito à direita... junto com o bispo Edir Macedo, com o PTB de Múcio/Jefferson, com o PRB de Alencar.

Ambos de nascença paulista, são originários da democracia cristão... portanto, no mínimo do centro-direita, que é como surgiu a democracia cristão na Itália, depois no Chile e aqui nos anos 60..., como contraponto entre a direita braba e a esquerda (não esse coisinha ridícula que está aí).

BRASILIANAS disse...

Hoje há tipos ainda hoje que cultuam heróis de batina. Gente como Evaristo Arns, Helder Câmara são tidos como progressistas. É o fim da picada. Um insulto à inteligência, mesmo para os padrões da mediocridade reinante.
Explica-se porque Lula da Silva e sua entourage foi ao velório, onde chorou do fundo da alma, diante do cadáver de Roberto Marinho, mas se recusou a ir ao enterro de Celso Furtado, repudiado pelo PT porque ousou no final da sua vida, ignorado aqui, dar aula em Paris.
Aí vemos, alguém com pose de blogueiro chique, dizer o que está abaixo como se expressasse uma nova teoria antropológica - Valha-nos-deus: Ativismo com atavismo sem saudosismo - mas com um toque de pragmatismo.

Essa discussão sobre sistema de cotas também surge como fruto da grande ignorância reinante. Desde quando isso constou dos programas da esquerda no Brasil? Ora, isso é "novidade" dos anos 60 que chega aqui pela Ford Fundation, comprovadamente uma lavanderia da CIA durante toda a guerra fria, de inspiração nazista, que hoje domina todos os centros de Ciências Sociais e coordena milhares de ONGs, pelo menos umas quatrocentas destinadas a ajudar a castrar homens e mulheres férteis. Un amigo que «nos quiere» bien Por qué la Fundación Ford subvenciona la oposición.

A raiva que os petistas de Darcy Ribeiro, o preconceito contra Gilberto Freire, o desconhecimento absoluto da história, o desprezo conveniente por disciplinas como Antropologia, levaram o atual governo engolir as orientações da Ford Fundation para criar um processo aqui de racialização.
Convenhamos, nobre escritor sem livros, que pedir a uma criança que decline sua cor no ato de matrícula no ensino fundamental é uma violência digna das piores tiranias. O senhor, por exemplo, um clássico pardo na definição do IBGE, teria de se matricular como “pardo”. Ora, o conceito de raça foi abolido pela Ciência lá pelos idos de 60 e depois da leitura completa do genoma é uma estupidez.

É claro que o PT e suas hostes muito brancas, por sinal, sabem que a diferença que vale é a social. Mas eles querem carimbar rótulos para buscar adesões. Mas na hora de escolher entre os gastos milionários feitos no Ritz de Madrid por Martha Suplicy Fabre e os trocados gastos por Matilde Ribeiro num freeshop, Lula não teve dúvida: enxotou a Matilde como um cão sarnento.

Um governo que não consegue tocar minimamente uma política fundiária, que não consegue empregar nem metade da PEA, que permite que a escola seja um depósito de crianças – 2.500.000 de meninas e meninos deixaram em 2008 o ensino fundamental para povoar as ruas e estradas do Brasil de mini prostitutas e trabalhadores em serviço pesado.
E o senhor preocupado com definições grandiosas do tipo “democracia racial”. As cotas, senhor pardo, são a negação da miscigenação que não se viu em nenhum povo do mundo, talvez se equiparando apenas a Roma. É desse conhecimento do real que nasceu o sonho de Darcy de que o Brasil poderia se transformar numa Nova Roma... mestiça, geniosa, criativa e generosa, sobretudo, com os seus.
Mas a senhora Benedita da Silva, crente, portanto, estúpida, preferiu fechar os CIEPS da favela Nova Holanda para fazer um “centro comunitário”. Ou seja, reunir a sua patota... porque é o PT, em suas múltiplas facetas que interessa manter os negrinhos na favela. Assim como interessa ao PT eternizar a miséria e a condensando em votos de cabresto com o bolsa-família.
E só o DEM que é bandido.
Conveniente. Muito conveniente.
J.Miramar

Leia um livro... não, não diríamos qualquer um. Mas se tiver que começar comece com O povo brasileiro de Darcy. Quando terminar, se terminar, esteja certo de que vais te sentir mais gente, parte de um povo, não de uma seita partidária, de um grupelho que fez da ignorância uma profissão de fé.