Laerte Braga
A célebre frase de Winston Churchill, “para vencer Hitler, se necessário for, desço às profundas do inferno e faço um acordo com o diabo”, foi pronunciada num discurso aos ingleses num momento dramático da Segunda Grande Guerra, em que tudo parecia anunciar a vitória do nazifascismo.
Um exercício de retórica para mostrar sua disposição de liderar a resistência como primeiro-ministro inglês, primeiro lorde do almirantado (isso na Grã Bretanha vale pra burro), e não permitir que o desânimo tomasse conta tanto das forças militares britânicas, como do próprio povo abatido diante de bombardeios aéreos diários contra Londres e os principais centros industriais do país.
É evidente que numa hipótese de ter que descer às profundas do inferno para vencer Hitler, um pacto com o diabo, seria preciso primeiro conceituar lato senso o diabo, à medida que são muitas as versões sobre a gênese, as formas que toma, as maneiras de agir e sobre a própria existência de um diabo assim como contraponto a Deus.
Num segundo momento o preço a ser pago ao diabo. É complicado isso. O diabo poderia sair mais caro que Hitler, afinal, em tese, tem poderes mágicos, não necessitaria de formidáveis exércitos, arsenais, etc, bastaria um gesto de mão, ou um pó de enxofre, vai por aí afora.
E o mais importante. Se levarmos à frente esse assunto, digamos assim, provavelmente o diabo iria preferir um acordo com Hitler. O que Churchill poderia oferecer a tão nefanda figura além de seu conhaque, seus charutos em confronto com todo o esquema de perversões do nazismo?
No Brasil temos uma aliança assim, junta GLOBO, PSDB, DEM, FOLHA DE SÃO PAULO, VEJA e outros menores. Escora-se na mentira, na perversidade, na corrupção que é intrínseca ao modelo que vendem.
Lembra até aquela história do senador que morreu e chegando ao céu foi informado que poderia, antes de escolher o local onde ficar, olhar os dois. Quando chegou ao inferno viu um Éden. O diabo mostrou uma vitrine fantástica. O céu? Ora, aquela monotonia de tudo certinho, organizado, etc, etc. O senador preferiu o inferno e quando voltou não encontrou nada além de caldeirões de água e óleo fervente, legiões de diabinhos com tridentes atormentando os “moradores”.
Perguntou ao diabo: “Que diabos está acontecendo aqui? Não é nada do que vi ontem”. E o diabo foi rápido e rasteiro: “Ontem era campanha, hoje é realidade”.
Diabo é um trem muito complicado. Toma a forma de William Bonner no JORNAL NACIONAL (o da mentira), ou de JOSÉ COLLOR ARRUDA SERRA, como já foi COLLOR, FHC, e se espalha, por exemplo, ao longo de todo o mundo. Kátia Abreu, a senadora dos transgênicos. Um monte de gente.
Estou nos limites do Brasil.
Há um consenso entre qualquer cidadão ou cidadã de bom senso que JOSÉ COLLOR ARRUDA SERRA (o tal do “vote num careca e leve dois”) significa um retrocesso sem tamanho. Uma espécie de volta à idade da pedra, de volta ao estágio de colônia.
Mas não significa que no barco dos que se opõem a esse retrocesso caibam figuras como Hélio Costa, Paulo Hartung, Fernandinho Beiramar, etc.
Ganhar a qualquer preço significa perder.
O que se tem que pagar ao diabo, ou a legiões de diabos é um preço alto demais.
A popularidade de Lula se sustenta na capacidade do presidente ter evitado que o País fosse à falência, logo no início de seu primeiro mandato, nas políticas sociais e num sentimento que perpassa os brasileiros de que somos uma nação soberana, senhora dos seus destinos e capaz de reverter todo o processo de venda do Brasil ao longo de alguns anos.
Não se sustenta nesse tipo de gente. Alianças no Congresso para aprovar essa ou outra matéria têm também um preço, é enorme o número de gabinetes com placa de vende-se opinião, voto, etc.
Alianças são importantes, mas têm um limite.
Para que se possa admitir que certas concessões foram necessárias é preciso ter certeza que em seguida muitos avanços serão possíveis, do contrário fica tudo na mesma.
A idéia de ter Hélio Costa governador de Minas repugna qualquer mineiro que tenha o mínimo de informação sobre o senador, ex-ministro das Comunicações. Foi repórter da GLOBO, agente da USAID – UNITED STATES AGENCY INTERNATIONAL DEVELOPEMENT – fato comprovado já por documentos, além da suspeita que o ex-ministro foi o intérprete do agente da CIA Dan Mitrione, que andou pela América Latina no tempo da ditadura militar ensinando “técnicas de interrogatório” – tortura, sequestro, estupro, assassinato, todos ingredientes do diabo.
Esse tipo de aliança não leva a lugar nenhum. Sua passagem pelo Ministério das Comunicações, como parte de acordos políticos não mudou, pelo contrário, situações privilegiadas dos grandes grupos de mídia e muito menos representou alguma conquista popular, digamos para o avanço das rádios comunitárias.
Não tem sentido submeter um estado da Federação a uma aliança que transforme Hélio Costa em candidato a governador com apoio do partido dito dos TRABALHADORES.
Da mesma forma no extinto Estado do Espírito Santo. O que é Paulo Hartung? Digamos que Beiramar seja peixinho diante de semelhante figura. Tinha o propósito de ser candidato ao Senado e sequer teve condições de renunciar para a disputa. Tem que apagar os rastros, ou tentar apagar. Do contrário termina nas profundas.
E aí tenta escorar-se ou assegurar impunidade para si e seu grupo costurando alianças onde envolve inocentes úteis (será?), naquela história do diabo fazendo campanha para vender estadia eterna no inferno.
E lá vai o partido dito dos TRABALHADORES a reboque do processo naquela de ganhar a qualquer preço. Ganhar o quê?
O fato de se ter um candidato com qualidades ao governo num contexto desses joga qualquer candidato na mesma lata e o fim é triste.
Ter que engolir lixo?
Há uma outra frase que se usa com frequência sobre políticas de alianças. É possível fazer um acordo, desde que não se tenha que ceder os princípios.
Pô! Onde ficam os princípios nessa história toda de alianças que envolvam Hélio Costa e Paulo Hartung?
Ary Toledo tem uma versão interessante e que cabe como luva nesse processo político de alianças que se presencia em Minas e no Espírito Santo e em alguns outros cantos. Num show muito censurado, à época da ditadura, às duras penas levado a algumas cidades e capitais, contava que beatas (veja só, do diabo a beatas) preocupadas em compor um hino para saudar a procissão de Maria, resolveram que um grupo iria para a casa de uma escrever a letra e outro para a casa de outra escrever a música.
Na procissão saiu assim (sem os recursos da música aqui, lógico) a viiiiiiiiiiiiiiiiiirgeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem Maaaaaaaaaaaaaaaaaariiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaaa.
Num deu e num dá.
Há que repensar o processo tanto em Minas como no Espírito Santo e em muitos outros estados, do contrário na hora de levantar a taça vai se estar rodeado de diabos.
Não se trata apenas de evitar o retrocesso que JOSÉ COLLOR ARRUDA SERRA representa. Mas de avançar mais e mais em questões decisivas, como a reforma agrária, a integração latino-americana (Arruda Serra já disse que é contra o MERCOSUL, quer cair de quatro diante de Washington), rediscutir o processo de privatizações de setores estratégicos (VALE, EMBRAER, por exemplo), tanto quanto evitar a privatização de PETROBRAS, BANCO DO BRASIL. Políticas de saúde e educação para além do embuste tucano, participação popular, o modelo de comunicações (rádio e tevê) que gera a concentração atual (seis ou sete famílias venais).
O bloco deles está nas ruas. GLOBO, FOLHA DE SÃO PAULO, VEJA, PSDB, PPS, DEM, ESTADO DE MINAS, RBS, toda a malta, toda a súcia.
A PM paulista, por exemplo, descendo o sarrafo em professores enquanto os dados revelam que no último ano, governo JOSÉ COLLOR ARRUDA SERRA o número de homicídios cresceu 23%. Mas os alunos das escolas públicas receberam livros de contratos superfaturados no esquema da quadrilha ARRUDA SERRA/PAULO RENATO (já anunciaram que universidades públicas devem ser pagas), todos os livros impressos nas gráficas de “amigos do peito”, tipo EDITORA ABRIL, a mesma que edita VEJA e tudo sem licitação.
Se ventar forte, o RODOANEL cai.
E do lado de cá? Hélio Costa e Paulo Hartung, letra prum lado, música pro outro?
É entregar o ouro ao bandido, rei ou rainha sem coroa.
O diabo no duro mesmo deve estar é por trás desse tipo de coisa. Faz bem o gênero dele.
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Laerte Braga é jornalista. Colabora com esta nossa Agência Assaz Atroz
Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons
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